Em que fui me meter? Pensou ele parado diante dela. Olhando para as próprias mãos, desejou saber se a vida não se assemelhava a um baralho. Um homem tinha de pegar as cartas que recebia e jogar. Para ganhar ou perder.
-- Me dê sua mãos, Dulce. - Pediu em tom suave. Depois de uma breve hesitação, ela obedeceu, e Alfonso beijou-lhe cada uma das palmas. - peço que me perdoe por ter ido tão longe. - Nesse instante, seus olhares se encontraram e Dulce percebeu uma estranha mistura de pesar e frustação nos olhos dele. - Vc está segura comigo.
-- Eu... Eu sei... - ela respondeu, desejando compreender aquela súbita mudança de humor. Em um minuto Alfonso era agressivo, cínico e seductor, e no outro, intenso e cuidadoso. Naquele preciso instante, parecia tão sério!
Ele puxou as mantas e a levou para a cama.
-- Deite-se. - ordenou gentil. - Precisa dormir um pouco antes de partimos pela manhã. Eu dormirei na cadeira.
Ela o fitou mais confusa que nunca.
-- Alfonso?
Ele sorriu, segurou-a pelos ombros e a fez sentar na extremidade da cama. A seguir, ergueu-lhe as pernas e a deitou, cobrindo-a com a manta até o queixo. Soprou o pavio da lamparina e beijou-a na testa como uma babá faria para confortar uma criança.
-- Boa noite Dulce.
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Eram quase quatro horas da tarde quando a diligência chegou a Strawberry Point.
Grata por uma parada de quarenta minutos enquanto os cavalos eram substituidos, Dulce se rendeu sem resmungar aos braços Fortes que a ergueram do carro.
-- Clemência! - suspirou ela, agarrando-se ao pescoço de Alfonso. - Acho que batemos em todos tocos de árvores e buracos existentes na Estrada.
-- Aquele condutor é um dos melhores. - disse ele, colocando-a no chão. Em seguida, escoltou-a até uma estalagem, onde o condutor, Hank, disse que os viajantes poderiam tomar uma xícara de café grátis. Não era exatamente a oferta mais irresistivel que Dulce já recebeu, mas pelo menos poderia descansar durante alguns minutos.
-- Estarei de volta logo, logo. - informou ele, e cruzou o pátio para ir falar com um homem descalço de calça de brim azul, uma camisa de flanela e um boné de tricô. Ao vê-lo escarrar no chão, Dulce se virou com o estômago embrulhado.
Dois caçadores ou escoteiros, quatro homens de uniforme azul do exército e pelo menos uma dúzia de lenhadores circuladores circulavam pelo pátio. Aproximadamente vinte mulas com mercaderías e alguns cavalos selados aguardavam amarrados na extremidade da clareira.
Era a primeira vez que Dulce se via exposta à vida reduzida às necessidades mais simples. Parecia-lhe incompreensível como as pessoas podiam deixar tudo que o Leste oferecia para morar em um lugar daqueles.
-- Café, madame? - perguntou uma mulher indígena de tranças.
-- Sim por favor. - Dulce tomou assento nas pranchas de madeiras que serviam de bancos. Preocupada, pousou a xícara e perguntou educadamente. - Vc vive aquí?
-- Sim, meu marido é o vaqueiro chefe da Overland Stage. Vivemos aquí há três anos. - explicou a mulher. - E muito felizes.
-- Que bom... - murmurou ela. Na manhã seguinte chegaria a San Francisco, onde todo luxo estaria disponivel para os que podiam dispor dele, pensou. - Obrigada pelo café. - agradeceu, erguendo-se.
-- Já vai partir? - perguntou a India.
-- Não, más quero esticar as pernas e repirar um pouco de ar fresco.
-- Boa sorte! - A mulher sorriu e se dirigiu a pia na bancada de madeira.
Pobre criatura! Não sou a única aquí que precisa de sorte, concluiu ela, erguendo as saias para caminhar. Ela piscou e deu uma olhada ao redor. Poncho estava rindo e brincando com o grupo de sujeitos mais mal-encarados que ela já vira na vida. Então, percebeu que ele havia trocado de roupa. Seu traje não diferia muito dos outros. O que estaria acontecendo? Desejou saber.
De repente Poncho reclinou a cabeça e soltou uma longa baforada de tabaco sobre um largato. O lenhador baixo que Dulce notará ao chegarem bateu amigavelmente nas costas de Alfonso.
-- Olho de Touro! - gritou o homem.
Oh, Santo Deus Alfonso! O fegou Ela, não acreditando naquela súbita mudança de modos. Ele parecia um camaleão.
Como se seu cerebro tivesse enviado uma mensagem telepática ao dele, Alfonso a olhou acenando com a mão, trocou algumas breves palavras com dois dos homens e caminhou em sua direção.
-- Tudo Pronto? - Perguntou.
Ela cruzou os braços e bateu o pé, impaciente.
-- Francamente, Alfonso Herrera, que exibição mais rude! - disse e ele deu de ombros.
-- Na terra onde fores viver, farás como vires fazer, Dulce María.
-- Esse lugar é sujo e repugnante. Ficaria grata se me colocasse de volta naquela carruagem e...
-- Sinto, muito Sra. Herrera. Este é o fim da linha. - informou ele, sabendo que já era hora de lhe contar a verdade.
-- Não me chame assim e pare de brincar! - replicou ela dando-lhe as costas.
Ele a seguro pelo braço.
-- Não vai para San Francisco Dulce. Vc virá comigo.
-- Solte-me agora mesmo! - vociferou ela, lutando contra o aperto possessivo. - Não vou a lugar nenhum com vc!
-- Pense duas vezes Dulce. Vc é minha esposa e irá comigo a onde eu for. E agora, estou de partida para as montanhas. Deve ter me ouvido mencionar Diablo Camp.
-- Isso não faz sentido, Alfonso. Nosso acordo... - Ela respirou fundo e tentou novamente, certa de que aquilo tudo não passava de uma grande piada. - Eu lhe paguei assim que vc me pôs na estação de Virginia City. Estamos kits um com o outro, lembre-se? Vc segue seu caminho e eu o meu certo?
-- Errado. Vc vai comigo pra Diablo Camp.
-- Uma ova que eu vou!
-- Cuidado com o vocabulario Dulce. - ele riu e posou os lábios sobre os dela.
...
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Casamento Por Acaso
Roman d'amourNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...