Dulce María esticou os pés, atingindo-o sem querer.
-- Alfonso, pare esta máquina! - gritou ao mesmo tempo em que o balanço era erguido rápidamente sobre o chão do palco. Com os olhos arregalados, ela obser vou ele puxar o cabo e, no instante seguinte, viu-se velejando pela Ribalta e o arco de proscénio, sob as primeiras fileiras do teatro às escuras. - Socorro! Alfonso Herrera, coloque-me no chão agora mesmo!
Mas o medo inicial de Dulce se esvaiu no momento em que surgiu. Uma estranha sensação de magnitude a atingiu à medida que era impelida mais para cima. Enquanto balançava de um lado para outro, receou pela própria vida. Mas quando percebeu que nada de pior poderia lhe acontecer, chutou os pés e riu alto. O fundo do assento começou a deslizar e ela corrigiu apostura depressa. Mantendo a corda segura, olhou para baixo e fitou Alfonso.
Demônio miserável! Pensou, fricinando os dentes e tentando aparentar um sorriso. Então, ele pretendia assustá-la não é? Não sabia exatamente como chegara áquela conclusão, mas não tinha dúvidas. Muito bem! Iria lhe dar o troco.
Soltando um dos lados da corda, inclinou-se para trás, de modo que sua cabeça ficou mais baixa que o corpo. Os cabelos fluiram como uma bandeira tremulante.
-- Mas alto Herrera. - pediu. - Isto... É... Maravilhoso! -claro que era uma terrivel mentira. O nó que sentia na boca do estômago apertou e Dulce rezou em silêncio para não expelir o jantar. O teto corria loucamente e ela ofegou quando Alfonso a girou num subito espiral.
Ela fechou os olhos, certa de que vira cinco tonalidades de verde bilioso.
-- Isso... É... Muito divertido! - insistiu.
-- Maldição! - disse ele, cedendo. Não tinha planos de assassinar a pateta, apenas dar-lhe um grande susto. Com esse pensamento, trouxe o balanço de volta ao chão do palco.
Ao descer do aparato completamente zonza, ela girou alguns segundos e se espatifou no chão. Envergonhado de si mesmo, Poncho curvou-se e tomou-a nos braços.
Ela apoiou-se nele, enquanto a ajudava a ficar de pé. Ainda estava tonta e pálida e com a respiração fraca. Alfonso percebeu as pequenas sardas sobre o nariz dela e o brilho pálido de transpiração da pele branca e delicada, antes de Dulce comprimir a face contra o seu tórax nu.
Não podia culpá-la por ser tão provocante, enquanto descansava tranquila em seus braços. Tudo naquela criatura evocava sedução. Ainda não tinha plena certeza, mas começava a pensar que sua mente estava lhe pegando uma peça. Aquela era a mulher com a qual não podia se envolver, se quisesse fazer refeições regulares.
De repente ele recuou, sacudindo-a pelos ombros. Os olhos castanhos mel dela pousaram sobre os seus verdes, cheios de perguntas. Os lábios semi apertados eram um convite claro se meter em confusão!
Clareando a garganta, ele lutou contra a vontade de satisfazer seus apetites naturais.
-- Gostaria de ver a seção de roupas? -sugeriu ele com um sorriso jovial.
Ela lembrou-se da advertência da mãe para se precaver contra os lobos vestidos com pele de cordeiro. Mas nunca ouvira uma palavra sobre irlandeses charmosos com encantadores cabelos escuros e olhos verdes. Então, pronto ela perdoou o medo que Alfonso a fizera sentir no balanço. Como ele sabia acerca de seu medo de altura?
No instante, porém em que os braços de Alfonso deslizaram ao seu redor, sentiu-se segura novamente.
-- Ainda parece um pouco esverdeada. - observou ele com um sorriso satisfeito, enquanto a guiava pelos degraus estreitos e sinuosos.
-- Vc me abaixou muito rápido, é so isso. E justo quando eu estava começando a gostar.
-- Gostará mais disso aqui. - disse Ele. - Não olhe para baixo se a altura a incomodar.
Ele a conduziu por vários pavimentos altos, mostrando-lhe vestimentas e dizendo que as usara e em que papel. Ao encontrar um vestido branco, colocou-o sobre o queixo de Dulce.
-- Este é mais o seu estilo virginal, embora atraente em sua simplicidade. Marie Sullivan o usou. - disse com um sorriso largo. - Ela é do seu tamanho, embora ñ tenha um colo tão bem-dotado vomos, experimente.
-- Acho que... Não Devo... - gaguejou afastando-se. - É muito bonito. - admitiu, acariciando o cetim. - Que personagem usaria um vestido assim?
-- Julieta. Uma doce heroína, cuja beleza robou totalmente o coração do amante. - ele encolheu os ombros.
Algo no cinismo dele aguçou o interesse dela pelo vestido. Ela o contemplou, surpresa.
-- Vc os inveja, não é? Quero dizer...Romeu e julieta. - Os cantos da boca dele se torceram com uma suavidade irônica, enquanto Ele inclinava a cabeça para o vestido.
-- Experimente-o, Dulce. - dizendo isso postou-se atrás dela e começou a desabotoar-lhe o vestido com movimentos hábeis.
-- Não, espere! Não pode fazer isso! - protestou ela, más ele não lhe deu ouvidos. Segurando-a pela cintura de modo que ela não pudesse escapar, continuou com a tarefa de abrir os minúsculos botões. Ela sentiu um leve puxão nas costas, ao mesmo tempo em que seu vestido de seda dourada caiu ao seus pés. Com o giro rápido, ela apertou o vestido de Julieta de encontro aos seios. - Alfonso isso é uma fronta!
-- Não tenha medo, Dulce María. - ciente de que a deixara em pânico, seu desejo de vingança ressurgiu. - Sou seu noivo lembra-se.?
-- Sim, mas não precisa pensar que isso lhe concede privilégios especiais.
Ele riu relanceando o olhar sobre a pele clara dos seios dela. Mas apenas pôde ver os mamilos cor de coral, rijos e enrugados sob o rendilhado do chemise.
-- Coloque o vestido. Quero ver como fica em uma donzela inocente. - a voz máscula, baixa e sedosa acariciava como um raio de sol morno sobre sua pele. - Lembre-se de quando tinha quinze ou dezesseis anos Dulce. Lembra-se como era?
Ele se aproximou e ela estremeceu certa de suas más intenções. Ele hesitou.
-- Quantos anos vc tem? - segurando-lhe o queixo, encarando-a, provocando a verdade em seus olhos.
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Casamento Por Acaso
RomanceNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...