-- Amor a primeira vista? - perguntou ela, inebriada.
-- Pensei que havia morrido e ido parar no céu.
-- Está falando como um perfeito romântico. - declarou ela, fechando os olhos e tomando-lhe os lábios em um beijo profundo.
Em seguida, fizeram amor de forma lenta e terna, como navegando por águas calmas e nunca antes exploradas. O desejo do marido superava a mais primitiva fantasia de Dulce. E mais uma vez a noite explodiu em uma chuva de meteoros, forjando um laço indissolúvel entre ambos.
Os gritos de prazer do casal não demoraram a ser ouvidos pelos vizinhos de quarto. Houve uma batida vigorosa na parede.
-- Eii! Tem gente aqui tentando dormir! Calem-se por Deus ou chamarei o segurança!
Assustada e envergonhada, Dulce levou a mão aos lábios do marido que rindo fazia menção de responder.
-- Não ria Poncho por Deus! - ela o repreendeu, corando de vergonha. - Se o segurança a levar preso, por certo te entregará ao Xerife. - disse e ele a fitou com uma expressão confusa.
-- Xerife? - repetiu ele. - Oh, claro. Quase havia esquecido. - Em seguida, sentou-se na cama, decidido a revelar que não era o bandido que a esposa imaginava.
Porém Dulce se agarrou ao pescoço largo, forçando-o a se deitar outra vez.
-- Temos que partir antes que o dia amanheça. - disse ela.
-- Ouça Ardilla...
Sem lhe dá tempo para explicações, ela deslizou para fora da cama com um movimento rápido e foi juntando as próprias roupas. A imagem do corpo e as curvas perfeitas o inspirou a continuar a farsa. Se Dulce estava disposta a provar sua lealdade, quem era ele para impedi-lá? Aquela mulher o amava e no momento era tudo que lhe interessava.
Solícito, Alfonso a ajudou a reunir suas vestimentas e a guiou até o toalete para que ela se banhasse. Enquanto isso se vestiu apressado, juntou os documentos, os dois novos livros de contabilidade e o cofre repleto de dinheiro. Em minutos, organizou todos o equipamento que lhe permitiria desempenhar o papel de novo proprietário da serraria de Diablo Camp.
Dulce ainda julgando o marido um bandido em fuga, mostrava-se decidida a acompanha-ló, o que lhe agradava imensamente. Para tanto teria que providenciar roupas adequadas e um cavalo para ela. Pensando nisso decidiu mandar Métrico na frente com os suprimentos perecíveis e uma dúzia de homens recém- contratados. Isso lhe daria tempo para resolver os detalhes prementes e fazer parecer convincente a fuga de ambos.
Poncho dirigiu o olhar ás sacolas do Wells Fargo Bank. O gerente do banco havia levado três dias para coletar mil dólares em moedas. A intenção inicial de Alfonso era devolver cada o maldito dinheiro que Dulce havia lhe dado como pagamento por haver se casado com ela. Para deixar claro que queria aquela quantia fora do caminho de ambos, decidiria jogar as moedas no colo de Dulce.
Mas a ideia original tinha perdido o sentindo ao contatar que o peso da quantia seria capaz de soterra-lá. Então, ele mudou o plano, antes de saírem da cidade passaria na mansão Espinosa, e deixaria as sacolas de moedas na porta e faria um apelo louco para que Dulce o acompanhasse naquela nova aventura. Queria que a esposa o amasse por aquilo que ele era, e não por ter herdado o título e a fortuna do conde de Wickstead.
Porém não fora necessário por em prática o plano mirabolante. Pois Dulce havia vindo a seu encontro por vontade própria. As ações da esposa demonstravam que ela o amava a despeito de sua suposta pobreza.
-- Devemos devolver o dinheiro antes de partir. - A voz de Dulce soou atrás de Alfonso. E ele virou-se para mira-lá que estava com olhos preocupados.
-- Vou me encarregar disso sozinho. Afinal, eu o retirei do banco.
-- Claro que não! Isso pode ser muito arriscado!
-- Um homem passará aqui dentro de uma hora. - explicou ele. - Ele pode entregar o dinheiro a seus pais, para que eles o devolvam ao banco.
-- Não! Deixe que eu o faço isso. - declarou ela. - E além disso preciso pegar minhas roupas de qualquer forma. - falou dirigindo a ele um olhar de repreensão: - Oh, se ao menos vc tivesse pensado um pouco antes de roubar um banco!
-- São apenas alguns milhares de dólares. - argumentou Poncho em tom casual...
Ele não terminou de falar pois ela havia colocado o dedo indicador em seus lábios.
-- Não fale mais nada e deixe-me passar para que eu possa ir até a casa de meus pais e lhe dizer onde está o dinheiro. Depois que partimos, eles podem devolve-lo.
-- Dulce Meu amor! Não há necessidade de envolver seu pai nisso. - insistiu ele. - Lembre-se da ordem de restrição que ele fez o juiz impetrar contra mim.
-- OK, então como vc pretende sair dessa enrascada? - disse pondo as mãos na cintura. - Pare de ser tão teimoso, pois sou sua única esperança meu amor, além disso confie em mim. Logo estarei de volta com o melhor advogado do estado. - dizendo isso, virou-se e segurou a maçaneta da porta e Poncho a segurou.
-- Não Ardilla! O dinheiro é seu. É verdade, eu planejava devolve-lo esta manhã.
-- Não tenho nada haver com.., dinheiro roubado! - retrucou em indignada. - Não serei sua cúmplice!
-- Pensei que tivesse dito que me amava.
-- E é verdade, com toda força do meu ser! - afirmou ela com os olhos lacrimejando. - Mas o dinheiro tem de ser devolvido ao banco e nada me fará mudar de ideia!
-- Muito bem. - sibilou ele por entre os dentes, nunca havia conhecido uma mulher tão teimosa assim. - Serei eu a devolve-lo.
Com um movimento rápido, Alfonso a ergueu nos braços e a jogou sobre a cama. Em seguida, tirou a gravata e com ela prendeu as mãos da esposa sobre a coluna da cama.
-- O que esta fazendo? - indagou ela, debatendo-se. - Não pode me deixar amarrada aqui. Conseguirei um modo de me desamarrar.
-- Não, não vai. - replicou ele, erguendo duas sacolas repletas de moedas e colocando-as sobre as pernas dela. Em instantes, Dulce encontrava-se totalmente imobilizada.
-- Vou gritar!
-- Estou certo de que o segurança do hotel não aprovará um escândalo a esta hora. Acredite em mim estou fazendo isso pelo seu próprio bem. - inclinou-se e depositou um beijo suave nos lábios da esposa. - Ainda me ama? - provocou ele.
-- Eu... - ela sentia-se tentada a dizer que o odiava. Se desprezava por ser tão fraca. Uma noite de amor e se rendia por completo, o marido era um ladrão de bancos. Um infame patife, e ainda assim... O amava. - Se ao menos não o amasse tanto... - soluçou desesperada.
-- Não irá se arrepender disso. - garantiu ele, sorrindo triunfante.
-- Já me arrependo. - protestou ela, observando ele partir. Não havia nada que pudesse fazer. Ele precisava dela e ela não iria abandoná-lo na hora que ele mais precisava dela. Então iria devotar cada dia de sua existência a reabilitá-lo, o transformando em um homem digno do amor que lhe dedicava.
-- Corra! Querido eu o estarei esperando. - falou ela.
Ele disparou em direção a porta, disfarçando um sorriso.
-- Oh, Ardilla... Vc é preciosa!
Rindo às escondidas, Poncho trancou a porta e antes de se encontrar com Métrico, seu contador, parou na estribaria local e comprou um cavalo para a esposa. Em seguida, dirigiu-se a residência dos Espinosa. Acordou Fernando e explicou-lhe que estava partindo para trabalhar para o novo proprietário de Diablo Camp, e que Dulce o acompanharia.
-- Vai se complicar por ter ignorado a ordem de restrição, Herrera! - gritou o sogro, com o rosto mais vermelho do que o traje de lã que vestia. Ainda assim, escancarou a porta e deixou que o genro entrasse.
-- Dulce Maria foi até meu encontro senhor.
(...)
xxxOlá galera voltando a postar aqui tá...
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Casamento Por Acaso
Roman d'amourNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...