-- Maldição, ande logo com isso! - disse bruscamente quando o capataz apagou as luzes ás nove horas da noite.
-- O que é isso querido? - perguntou, fazendo-se de inocente. - Estás esperando a mim? - Zombou com o mesmo sutaque da mãe.
-- Sabe muito Bem que sim. - respondeu ele erguendo-se. Havia uma ameaça clara em suas passadas estudadas ao cruzar a cozinha na direção dela.
Al estava atarefado junto ao fogão, ancioso por não causar nenhum problema.
-- Sra. Herrera, nenhum dos meus ajudantes ficava até essa hora. Por favor! vá com seu marido.
Ela suspirou relutante.
-- Muito bem, já que o senhor insiste. - Dobrou o avental e o colocou sobre a mesa. - Até amanhã.
Alfonso a puxou pela mão e deixou a cozinha tão rápido que os pés de Dulce tiveram dificuldades de se manter no solo. Ele estava furioso, mas determinado a manter seu temperamento sob controle.
-- Vc é uma verdadeira dor de cabeça Dulce María Herrera.
-- Ora, obrigada Sr. Herrera. Que elogio! Como posso me tornar uma pessoa humilde se continua me lisonjeando dessa maneira?
Ele friccionou os dentes. Não discutiria. Não! Para quê se aborrecer? O silêncio seria a conduta mais adequada. Sim, ficaria calado tão logo lhe explicasse os arranjos que fez para dormirem e sobre a existencia da linha de giz amarela no meio da cabana.
-- Francamente, Alfonso. - disse ela tropeçando nos degraus que levavam a cabana. - Já tive muitas demonstrações da sua rudeza por um dia!
-- O mesmo digo eu. - Poncho acendeu uma lamparina de querosene e a colocou sobre a mesa no seu lado da sala.
-- Em primeiro lugar, já estou farto de ouvi-la me chamar de Herrera. Pode me chamar de Alfonso.
-- Ou Poncho ou Rodríguez? - sugeriu ela, movendo-se em sua direção. -- O que significa isso Rodríguez? - caminhou ao redor dele, com ás mãos na cintura, estudando-lhe ás roupas. - Olhe só pra vc! Barba por fazer não que eu ache feio. Vive contando piadas e cuspindo tabaco! - O encarou e revirou os olhos desgostosa. - O que virá a seguir, Hein? Quero dizer, além de me tratar dessa maneira?
-- Está bem. Pode me chamar de Poncho e Rodríguez é meu último nome é o sobrenome da minha mãe e achei adequado usá-lo com o tipo de gente com a qual estamos lidando. Agora em quanto a barba eu a deixarei decidir. - ele esfregou a face e mais uma vez suas belas feições chamaram a atenção de Dulce María. - Devo deixar a barba crescer até o inverno ou não?
-- Está querendo dizer que planeja me manter nesta choupana durante todo o inverno?
-- Seu paí mencionou algo como devolvê-la dentro de uns dois meses. - disse ele observando a reação dela.
-- Herrera, eu sei que não somos amigos, mas quer por favor me dizer por que meu pai tem a intenção de me fazer tão infeliz? - os olhos castanhos agora escuros pela luz se encheram de lágrimas e Poncho sentiu um aperto no peito. - Por que vcs dois estão fazendo isso?
Uma curiosa mistura de compaixão e algo mais poderoso fez Poncho desejar nunca ter embarcado naquela empreitada.
-- É simples. Seu pai acha que ficará tão farta de passar aperto que voltará pra casa submissa como um gato e se casará com o capataz dele.
Após um longo silêncio, ela abriu os lábios em um sorriso torto e ergueu ás mãos.
-- Depois de dois meses lavando pratos neste fim de mundo, nem mesmo o capataz vai me querer. - disse fitando o homem bonito a sua frente.
-- Esta é a intensão de seu paí. Quer que eu te devolva. - Ele clareou a garganta. - intacta. Virgem, se é que me entende. - acrescentou.
-- Jamais ouvi tamanho absurdo! Quero dizer, ele não esta sendo um pouco ingênuo? Enviando-me para longe, sob a responsabilidade de um salafrário desclassificado?
Poncho sacudiu a cabeça.
-- Este foi o elogio mais eloquente que ouvi nos últimos tempos. Porém, essas foram ás instruções de seu Velho paí.
-- Vc lhe confessou o quanto é velhaco?
-- Oh, sim. - Os lábios de Alfonso se curvaram em algo parecido com um sorriso. - Mas o Sr. Espinosa prefere que eu misture négocio com prazer. Ele está muito ocupado neste momento, ou vc e o capataz já estariam casados.
-- Bem, papai não pode me casar com o capataz dele! Já me casei com vc.
-- Achei que não quisesse continuar casada comigo. - disse em tom zombeteiro. Esquecendo-se do voto de não a tocar, foi até ela é lhe acariciou o rosto macio com a ponta dos dedos.
Nervosa ela se virou para tocar o copo da lamparina.
-- É preferivel me casar com algum mineiro velho e imundo.
-- Simpson não é um sujeito ruim. - suas mãos se fecharam ao redor dos ombros dela, puxando-a por um segundo. A suave fragrância de lavanda invadiu seu nariz, antes que ela se afastasse, ficando fora do alcance.
-- Por favor, não me toque. - implorou cautelosa, enquanto se retirava para o outro lado da cabana.
Quando Dulce cruzou a linha amarela que dividia a sala, Ele lembrou-se de sua missão original.
-- Espere! quase me esqueci. Precisamos discutir algumas regras. Prometo que não a aborrecerei mais. Não a tocarei e so falarei o necessário com vc. Os lábios sensuais se curvaram em um sorriso travesso. - pode até fingir que sou invisivel, se preferir.
Dulce ergueu a cabeça e o fitou cética como sempre.
-- Sobre o que esta falando?
-- Simples, estou propondo a sulução perfeita. Por razões óbvias, preciso protegê-la enquanto estivermos no acampamento. Então dividi a cabana em duas partes. A propósito, vc está do seu lado e eu ficarei aquí no meu.
-- Soa bastante razoável. - comentou ela, esperando ouvir mais.
Poncho mostrou a cama, que estava metade do lado dele e a outra no dela.
...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Casamento Por Acaso
RomanceNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...