Poncho atirou o livro de contabilidade do a campamento e a caixa de dinheiro sobre o banco do condutor.
-- Comecem a carregar. - ordenó. - Roupas lençois, fósforos, lanternas. Peguem o máximo que poderem, antes que o fogo queime tudo.
Dulce pegou uma pilha de cobertores e os jogou na carroça. Atrás dela veio Al carregando roupas.
-- Para onde vamos? - gritou ela para o marido, que corria pela estrada de terra.
-- Temos que pegar Rainey. - ele respondeu e continuou correndo.
-- Posso ajudá-lo? - Berrou ela. O barulho havia aumentado a ponto de lhe causar dor nos ouvidos.
-- Não! Tente encontrar os suprimentos médicos. Precisaremos deles quando tudo estiver terminado.
Quando Poncho desapareceu no interior do alojamento, Dulce se encaminhou ao escritório. Jogou rolos de bandagens, linimentos, ungüentos e meia duzia de garrafas de uisque dentro de uma grande caixa, que encontrou a Blackie. Depois esquadrinhou ás prateleiras do depósito, adocionando fósforos, sabonetes, mais lençois e outra lanterna em sua bolsa.
-- Sr. Al ajude-me! - gritou ela, cambaleando pelo peso da carga.
Satisfeita, livrou-se do fardo e pegou varías botas pendoradas pelos cordões e ás jogou por sobre o ombro. Blackie estava entrando. Os músculos protuberantes suados. Naquele instante, Dul avistou uma caixa de ferramantas.
-- Blackie! - berrou, sentindo a garganta arder, e apontou para os varios martelos, serras e machados que se encontravam na caixa.
-- Sim, Madame! - com movimentos rápidos e preciosos, o ferreiro a ajudou ajuntar ás ferramentas, rifles e cartuchos.
Quando sairam do depósito Poncho havia voltado. Meio guiando, meio arrastando Rainey Griswold. Ele e Al depositaram o madereiro na carroça por sobre as pilhas de roupas e lençóis.
Apressado, Blackie retornou ao celeiro e de lá retirou um quadro de uma jovem seminua em uma moldura dourada.
-- Não posso partir sem isto. - Declarou, depositando um beijo nos lábios pintados em cor carmim da imagem brilhante. - A mascote do acampamento. - Colocou-o na carroça próxima a Raimey. - Santa María de Deus, Rodríguez! Aquele fogo vai nos icinerar se não partimos imediatamente!
-- Vamos! - gritou Poncho. Ele e Blackie agarraram os arreios dos cavalos e se encaminharam para cozinha.
-- Três minutos. Não mais que isso. - avisou ele. - Dulce traga todas as panelas que poder segurar. Al, vc e Blackie me ajudem a juntar os mantimentos.
Os quatros tentavam vencer a velocidade do fogo. Dulce encaixava os potes uns dentro do outro, produzindo um barulho estrondoso em sua pressa. Jogou talheres sujos e pratos dentro de um caldeirão. Com ambos os braços extenuados pela excessiva carga, depositou tudo na carroça.
Revezando-se Poncho e Blackie passavam os gêneros através da janela para Al.
Um após outro, os sacos pesados voaram pelo ar, pousando na carroça. Um dos fardos caiu no meio da tela.
-- Oh, tenha piedade, patrão. - reclamando Blackie. Poncho jogou outro saco de feijão para Al.
-- Não prefere salvar seu próprio lombo para visitar a dama pessoalmente? Em caso afirmativo, não reclame.
De pronto o ferreiro esqueceu a queixa ao avistar as terrivéis chamas em meio a cortina de fumaça negra no topo da montanha.
-- Oh, meu Deus! - Ofegou, empalidecendo como um fantasma. - Está muito próximo! - disse o ferreiro.
Al olhou por sobre o ombro e tornou-se tão livido quanto o ferreiro.
-- Vamos sair daqui! - Saltou para o banco do condutor, soltou o freio e açoitou os cavalos. A carroça de um solavanco para frente, deixando Poncho caido na lama.
Levou apenas um segundo para ele perceber que Dulce não se encontrava na carroça. Tampouco em nenhum lugar avista.
-- Maldição! Dulce! Onde vc está? -berrou, tentando sobrepujar o barulho ensurdecedor da bola de fogo que surgía na colina.
Foi então que a avistou, na porta da cozinha, equilibrando uma tina em cada mão. Poncho a segurou pelo braço e começou a correr. À frente deles, a carroça deslizava pelo trilho de madeira em direção ao lago.
-- Venha, Dul temos que alcança-los. - apressou-a, puxando-a consigo. - Por que diabos voltou para a cozinha?
Dul o fitou incrédula. Será que aquele homem não era capaz de parar de discultir até em uma situação de perigo iminente?
-- Tive de fazê-lo. - respondeu, segurando ás tinas como a própria vida.
-- Vou estrangulá-la assim que tiver oportunidade. - prometeu ele por entre dentes.
-- Vc... Poderia... Me ajudar. Isso sim!
Sem parar é sentindo a parede de fogo a algumas centenas de metros atrás deles, Poncho arrancou uma das tinas da mão dela. E continuaram correndo. Ás pernas e o coração acelerados, os narizes e gargantas ardendo em virtude da fumaça acre.
Al dirigia a carroça feito louco, esperando escapar do fogo do inferno. Parecia querer guiar os cavalos para dentro do maldito lago!
Dul e Poncho teriam de fazer o caminho a pé. Tinha esperança de ainda assim serem capazes de escapar do incêndio... Se ao menos não tivessem perdido tanto tempo!
Chamas vermelhas acendiam ao céu, transformando ás árvores em tochas gigantescas. Inexorável, o fogo lambia o mato e o árvoredo, descendo a colina a uma velocidade impressionante.
Descer o trilho de madeira os levaria direto ao lago, mas conseguiriam transpor o atalho? Ao menos o caminho não era plantado com vegetação rasteira, o que podía incinerar em segundos. Poncho alternava o olhar entre o fogo e o lago, sabendo que as chamas se encontravam cada vez mais próximo. Com os pulmões prestes a explodir, ambos continuavam correndo, lançando mão das últimas reservas de energía.
O trilho de madeira fora construido em um terreno desmatado, onde haviam assentados toras de madeira para cobrir o piso irregular. Por fim, a superficie tinha sido coberta com uma camada de terra batida. Dul diminuiu o passo, arqueando o corpo para frente ao sentir a cãibra que lhe atingia o flanco.
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Casamento Por Acaso
Roman d'amourNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...