Capítulo 01

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Emma Ribas Pov

17.01.2016

Hoje era sexta feira, dia do meu aniversário de 16 anos, data que ninguém lembrou a não ser meu irmão Diego que está morando no Brasil pois virou jogador de futebol, ele jogava pelo Flamengo. Eu queria tanto, mais tanto ir morar com ele para que esse pesadelo podesse acabar mas minha mãe nunca deixou. Hoje minha mãe saiu mais cedo para ir trabalhar e o Jaime não perdeu a oportunidade de começar mais cedo, como sempre ele esperou uns dez minutos e me puxou a força até o quarto e minha tortura começou, eu gritava pedindo pra ele parar mais não adiantava como todas as vezes ele deu uma pausa, saiu do quarto e me trancou ali dentro. Eu chorava muito e pedia a Deus para me tirar daquele inferno, depois de uns quinze minutos ele voltou e começou novamente a me abusar, ele só parou quando era umas sete horas que era o horário perto da minha mãe chegar.

Eu fui até meu quarto me rastejando, entrei no meu banheiro, tirei minhas roupas e entrei debaixo do chuveiro, senti uma ardência sobre meu corpo por conta dos machucados que Jaime sempre deixava em meu corpo mas estava decidida a dar um ponto final nesse pesadelo. Sair do banheiro enrolada no roupão e fui até minha cama onde tinha uma caixa de remédios da minha mãe, sem pensar duas vezes peguei várias pílulas de vários frascos diferentes colocando tudo na boca e engolir com ajuda de um copo d'água, me sentei na minha poltrona e comecei a escrever minha carta de suicídio, coloquei nessa carta todas minhas mágoas, meus traumas, exatamente tudo. Quando terminei levei a carta junto comigo até o banheiro, coloquei a carta em cima da pia, tirei meu roupão e entrei na banheira me deitando sobre ela deixando apenas minha cabeça do lado de fora. Comecei a chorar pensando em todo sofrimento que passei nesses anos e depois de umas meia hora acho que os remédios começaram a fazer efeito e deixei que a escuridão me abraçasse.

×××

Abrir meus olhos lentamente e com uma certa dificuldade, estava tudo branco e aí pensei: Será que ainda estou em algum tipo de túnel pós morte ou será que Jesus teve compaixão por mim e me salvou?

ㅡ Emma?

Só pode ser brincadeira, será que sou inútil até pra morrer? Pensei assim que ouvir a voz da Estela, minha mãe, com dificuldade conseguir olhar para ela e a mesma se aproximou de mim. Ela tinha um semblante sério estampado no rosto.

ㅡ Por que fez isso?

ㅡ Por que eu fiz isso?! ㅡperguntei indignada. Olhei pra suas mãos e minha carta estava em suas mãos então olhei confusa pra ela.ㅡ A senhora não leu a carta?

ㅡ Sim mas... Emma não acredito que você usou uma coisa tão séria pra encobrir seu suicídio! ㅡesbravejou me encara.

ㅡ Mas o que... Ah sim! É óbvio que você não ia acreditar em mim. Até porquê você nunca se importou comigo! Prefere viver com um estuprador dentro da própria casa que abusa da sua própria filha todo santo dia, sem exceção, faz três anos isso e você nunca ao menos se tocou!

ㅡ Cala a boca Emma! ㅡela gritou.ㅡ Eu não quero mais saber desses seus ataques de adolescente mimada! Você vai voltar pra casa e...

ㅡ EU NÃO VOLTO PARA AQUELA CASA!

ㅡ Você vai voltar pra casa e vai parar com esse showzinho! ㅡdiz firme e eu sentir as lágrimas quentes descendo pelas minhas bochechas.ㅡ Estamos entendidas Emma? Ótimo, estamos entendidas.

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