Para onde eu devo ir

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- Você tem certeza? - Mamãe disse assim que eu fechei minha mochila e eu apenas balancei a cabeça assentindo - Filha, amor... Morar com essa família? Céus. Eu estou tão insegura em relação a isso, não acho que seja saudável.

- Você viu todos aqueles números que vai ser o meu salário, não viu? - Perguntei olhando para ela novamente e a mesma cruzou os braços com um olhar preocupado - Mamãe, se não der certo você tem o endereço e eu irei cair fora. Mas, eu preciso tentar e esse puta de milagre aconteceu na minha vida. Preciso abraçar a oportunidade, você mesma vive dizendo isso! - Suspiro e me aproximo para abraçar a mesma - Terei folga aos finais de semana e em três dias eu já voltarei para casa. Vai ficar tudo bem! Dessa vez sou eu que estou dizendo isso.

- Se acontecer qualquer coisa me ligue e caía fora o mais rápido possível daquela casa! - Mamãe ordena ao me abraçar e novamente e eu balanço a cabeça assentindo - Eu estou feliz pela sua conquista, filha. Estou somente um pouco mais preocupada - Ela murmurou e se afastou ao segurar meus ombros - São crianças, você precisa ter total cuidado e ser responsável. Não fique no mundo da lua, Lili e preste atenção. Não esqueça de que elas precisam ser alimentadas e terem atenção.

Dei risada e balancei a cabeça assentindo puxando ela para mais um abraço. Precisava estar confiante nesse novo emprego e me dar bem, o salário é ótimo e eu posso ajudar a mamãe ainda mais do que eu imaginava, quem sabe eu poderia pensar em estudos e futuramente nos deixar ainda mais estabilizadas. Eu não posso deixar essa oportunidade fugir de mim, não importa o quão possuídas pelo demônio essas crianças possam ser.

- Pensa que elas são como plantinhas! - Camila disse se aproximando de mim assim que eu larguei da mamãe, a mesma ontem ficou para o jantar e acabou dormindo aqui para se despedir de mim nessa manhã - Você precisa regar, então lembre-se de água e comida, precisa colocar elas no sol e não deixe faltar brincadeiras para você ser divertida, precisa de atenção e um pouco de carinho.

- Acho que vai dar certo - Murmurei abraçando minha melhor amiga - Cuide da Dona Reinhart e prometo ligar assim que puder para contar como foi o primeiro dia.

- Pode deixar - Camila sorriu para mim e em seguida para a minha mãe - Tia Amy está em boas mãos. Aliás, não esqueça que sábado temos uma festa e também não deixem eles saberem que você é uma piranha aos finais de semana.

Dei um tapa no braço da Camila e minha mãe deu outro em seguida fazendo ela gargalhar. Elas me levaram até o ponto de ônibus, busquei todo o trajeto do endereço do Senhor Evans, era um bairro bem nobre e estava tentando não ficar assustada. Passei quase uma hora no ônibus e desci no ponto mais próximo, andei por mais de quinze minutos e tentava me tranquilizar respirando fundo diversas vezes. Meu nome já estava autorizado no condomínio, era mansões atrás de mansões e eu estava perdidamente em tanto luxo. Assim que eu parei na frente da última mansão da rua, eu arregalei os olhos para aqueles portões de bronze e olhei brevemente para as minhas roupas.

Jeans escuro, botas de cano baixo com cadarços, uma blusa de lã preta e meu cabelo perfeitamente escovado com ondas que Camila insistiu em fazer com babyliss, uma maquiagem bem leve e uma mochila nas costas. Tudo bem. Eu posso sobreviver.

Ando até o portão e toco a campainha, espero por alguns segundos e dou uma olhada para o relógio em meu pulso. Estou na hora. Nunca acordei tão cedo assim desde que eu terminei meus estudos mas tudo bem, acho que eu vou conseguir me adaptar para uma nova rotina. O portão de bronze foi aberto por uma senhora que gentilmente sorriu para mim de uma forma bem educada e eu rapidamente retribui.

- Senhorita Reinhart - Ela me cumprimentou com um aperto de mão e eu sorri ainda mais retribuindo - Bom dia, querida. Entre.

- Bom dia - Respondi educada ao passar pelo portão e aguardando a mesma fechar.

The NannyOnde histórias criam vida. Descubra agora