- Lili, não é? - A mulher pergunta pela segunda vez por segurança e eu balanço a cabeça assentindo ainda chorando - Calma, por favor. Calma. Está tudo bem. Você pode dizer o que aconteceu?
Eu estava sentada em uma poltrona na suíte do andar de cima, eu estava no quarto desse casal e os dois estavam me olhando completamente preocupados. Eu estava tentando respirar, a mulher estava com um copo de água nas mãos enquanto tocava o meu ombro e eu ainda não conseguia parar de chorar, meu corpo estavam alerta, meus olhos estavam pesados e eu ainda sentia vontade de gritar.
- Você estava com a Kerry, Kerry Washington. Eu acho que eu lembro do seu rosto perto dela e você estava acompanhando em cada segundo durante o evento - O homem disse se aproximando e se sentando na beirada da cama para me olhar, eu balanço a cabeça assentindo devagar e ele respira fundo, eu respiro fundo e fecho meus olhos.
- Você quer que eu chame ela? Conhecemos a Kerry, ela é uma das principais volantes dessa conferência - A mulher pergunta e eu balanço a cabeça negando - Você tem alguém aqui que você confie? - Balanço a cabeça negando novamente - Você está sozinha?
- Eu... - Tento dizer novamente e respiro fundo tentando controlar as lágrimas - Não aconteceu nada - Sussurro abrindo meus olhos e os dois me encaram - Eu... só me assustei. Eu agradeço por me trazerem até o quarto de vocês, mas eu não preciso de ajuda da Senhora Washington, aconteceu somente um engano.
- Engano? Você pareceu estar fugindo daquele homem e olha para o seu vestido - O homem diz baixo ao apontar para mim e eu balanço a cabeça negando enquanto as lágrimas caía de forma silenciosa.
- Foi engano - Disse ao prender a minha respiração e me levantar da poltrona segurando firmemente o meu vestido - Eu só preciso voltar para o meu quarto.
- Tem certeza? - A mulher pergunta preocupada e eu balanço a cabeça assentindo novamente - Eu posso te acompanhar até lá, eu insisto na verdade.
Eu concordo novamente, o homem tenta se aproximar mas ela o impede alertando que estaria seguro, caminhamos para fora do quarto e fomos em direção ao elevador. Eu estava envergonhada, suja, machucada, eu não conseguia erguer o meu olhar ou a minha cabeça, ainda estava doente fortemente a merda da minha cabeça e meu pescoço estava terrivelmente dolorido, respirar acabava doendo ainda mais. Meu rosto ardia, minha costelas também e todo o meu corpo, todo o meu corpo doía.
- Eu me chamo Isabella, Lili - A mulher diz baixo assim que as portas do elevador se abrem e eu olho para o corredor vazio com medo, ela segura o meu braço de forma leva e saímos do elevador devagar com segurança - Eu sei que não aconteceu nenhum erro. Eu estou assustada e sei que você está mais ainda, eu só quero dizer que caso precise de alguém. Eu sou a Isabella, você sabe aonde é o meu quarto e caso precise de ajuda, eu estou aqui.
- Está tudo bem - Minto novamente ao caminhar com ela em direção ao meu quarto e ela balança a cabeça negando levemente - Foi um engano. Eu me assustei.
A porta do meu quarto estava encostada, eu estava com medo de entrar e ela notou, ela foi a minha frente e abriu, entrou no meu quarto e olhou para os lados certificando que não teria ninguém, realmente não tinha. Ela me olhou de uma forma cuidadosa e eu agradeci em outro olhar, eu não conseguia dizer mais nada e assim que ela caminhou até a porta eu a tranquei de forma segura, meu corpo se encostou na parede e caiu fraco no chão, eu pude soltar meus braços que eu apertava tão forte em meu vestido em forma de escudo e segurança, o choro entalado na minha garganta voltou e minhas mãos foram diretamente para a minha cabeça, na parte dolorida e aonde Charlie bateu com toda a sua força, eu pensei que eu iria desmaiar.
Eu pensei que ele iria continuar me tocando. Eu pensei que ele iria... Que ele iria me estuprar. Sua boca nojenta, suas mãos podres, eu sinto meu corpo começar a tremer e minhas mãos estão suando de pavor, de angústia e medo. Eu gostaria de gritar. Eu gostaria de expressar para esse casal desconhecido do que poderia ter acontecido, mas eu não poderia envolver o nome da Senhora Washington e eu não sei... Eu não quero escândalo. Mas, não é justo. Charlie... Ele... Ele tentou violentar o meu corpo, troca de favores, ele passou as últimas semanas se alimentando de mim no trabalho para uma tirar algo de mim, tirar o meu corpo.
Meu corpo está tremendo ainda mais, eu tento me levantar devagar e eu caio novamente, eu me ergo e me arrasto até próximo a mesinha de centro. Eu procuro pela minha bolsa, eu encontro o meu celular, já passa da madrugada, com as trêmulas eu começo a discar o número do Christopher e apago com receio, respiro fundo e volto a discar, movo o celular até o meu ouvido e respiro fundo diversas vezes enquanto mordo fortemente o meu lábio inferior.
- Lili - Escuto a sua voz baixa e sonolenta, meus olhos se enchem de lágrimas - Lili - Ele diz novamente e eu não consigo responder - Lili?! - Ele pergunta com precisão e eu começo a chorar novamente - Lili?! O que aconteceu?!
- Eu... - Sussurro e mordo meu lábio novamente com ainda mais força tentando controlar o meu desespero - O Charlie, Christopher. O Charlie...
- Porra! - Christopher gritou rapidamente e eu me assustei enquanto me encolhi no chão, abracei as minhas pernas e abaixei a cabeça segurando firmemente o celular - O que ele fez com você? Ele tocou em você?! - Ele gritou ainda mais alto.
- Sim - Respondi entre as lágrimas, era a única coisa possível para se dizer.
- Filho da puta! - Christopher diz entre dentes - Aonde você está?! - Ele pergunta e eu me engasgo tentando responder - Fala comigo, Lili. Me responda, por favor. Me responda!
- No quarto, eu... - Tento dizer respirando fundo diversas vezes - Ele... Eu estou com medo, Christopher.
- Não saia daí - Christopher diz tentando controlar o volume da sua voz - Está me escutando? Não saia daí!
- Sim - Murmuro ainda mais baixo ao secar as minhas lágrimas.
- Agora respira, se eu continuar ouvindo o seu choro... Eu vou matar, esse filho da puta! - Christopher diz mais baixo porém entre dentes e eu tento me acalmar mais o meu corpo ainda está em estado de choque.
- Desculpa - Sussurrei.
- A culpa não é sua - Christopher responde.
- Desculpa - Insisto em meios as lágrimas - Desculpa, Chris.
- A culpa não é sua! - Christopher insiste e eu fecho os olhos balançando a cabeça negando.
Eu afasto o celular, desligo e jogo longe. Caminho até a cama ao me levantar, eu me deito e puxo todos os travesseiros para mim, eu os aperto fortemente, viro minha cabeça para um deles e solto um grito abafado, meu corpo estremece, eu fecho meus olhos e vejo ele, eu abro meus olhos e entro em desespero, as imagens voltam, a força volta, a fragilidade do meu corpo e a vulnerabilidade, eu não sou forte, ele tocou em mim e eu ainda consigo sentir, eu choro ainda mais e as lágrimas não secam. Eu quase cedi, por estratégia ou não, eu quase perdi o meu corpo, por uma troca de favores.
Meu corpo é violado por trocas de favores por um poder masculino. Eu nunca me sentia assim. Fora de mim. Machuca o corpo. Mas, não se comparar a dor que eu sinto dentro de mim, em um único corte que viola, tenta arrancar aquilo que é interno e meu corpo entra em colapso . Esse é o pior hematoma. Eu deveria ter lutado mais. Eu não deveria ter retribuído sorrisos. Não deveria aceitado convites. Eu deveria ter fugido antes. Eu... Eu... Eu... Eu tentando fugir de mim. Tentar encontrar uma resposta para o que não é questionável e nem deveria ser. Eu tenho medo de fechar meus olhos ou de ficar acordada, eu só quero que arranquem esse toque que ele deixou em mim, essas imagens, essa dor, a sua voz e os gritos. É o que fere e rasga, de dentro para fora.
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The Nanny
FanfictionUma babá e três crianças, além de um único desejo. Lili Reinhart precisa de um emprego, acaba surgindo a oportunidade de única vaga como babá para uma família rica e complicada. Uma jovem garota que precisava se tornar uma excelente babá, mas não im...