CAPÍTULO 18

37.3K 3.1K 895
                                    

•Carson Axel•

_ Tem certeza que não prefere ficar no escuro sobre isso? Depois que eu te contar, terá que guardar segredo, independente do que for! - a aviso e ela assente.

_ Quero saber. - ela afirma e eu suspiro. Então conto tudo. Sobre como meu pai era chefe de uma máfia secreta. Sobre como Ben e eu entregavamos as drogas, inclusive para a Boate onde ela trabalha. Sobre como a mãe de Charlotte fabrica tudo. Sobre como Ben e eu havíamos perdido o carregamento e agora estávamos pagando o preço. Sobre como meu pai me fez escolher quem morreria e quem viveria. Literalmente tudo.

_ É bom saber que eu estava certa sobre não terem arranhado seu carro. - ela comenta parecendo processar tudo ainda. Rio fraco e ela me olha confusa.

_ Porquê apenas não diz que não quer fazer parte disso. - rio irônico e olho para o teto.

_ Eu já tentei, acredite. Não tenho escolha! - minha voz sai amarga. - Se eu não fizer o que ele quer ele me mata. É claro que não me importa tanto, mas também acho que mataria Ben. Não quero pagar para ver.

_ Eu não consigo acreditar que ele seja tão cruel assim... É filho dele! - ela parece indignada.

_ Talvez seja esse o motivo. - dou de ombros. - Isso não é importante, apenas preciso que entenda que isso não pode sair daqui! - falo sério - Muitos podem se machucar se acontecer. Inclusive você. - ela assente.

_ Não vou contar para ninguém. - ela promete e me estica seu dedo mindinho. Franzo o cenho. - Qual é, todo mundo sabe que juramento de dedinho é uma das coisas mais sérias do mundo! - sorrio e pego seu mindinho com o meu. - Eu prometo! - ela recita. Ela encara o abajur quebrado no chão do quarto e suas bochechas ficam levemente rosadas.

_ Foi assustador! - comento fazendo-a corar mais - Parecia um ninja ou sei lá.

_ Não brinque! Eu estava preparada para te matar se preciso. - ela confessa e eu sorrio.

_ Oh, eu acredito em você, amor. - zombo. - Nunca senti tanto medo na vida!

•••

•Madison Eden•

Havia acontecido tanta coisa durante essa noite, que eu sentia minha cabeça à mil. Eu ainda tinha tantas perguntar para fazer. No entanto, olhei para Carson e percebi que ele parecia cansado. Cansado emocionalmente.

_ Posso dormir aqui esta noite? - pergunto chamando sua atenção. Ele estava encarando a janela no quarto. - Já está tarde e você teria que sair apenas para me levar em casa... - explico e ele assente.

_ Claro. - ele responde. - Tenho um quarto extra, mas... - ele começa - É ao lado do escritório. - meu estômago revira e Carson parece notar meu desconforto. - Podemos dormir aqui. Eu posso dormir no chão. - ele oferece e eu sorrio de lado.

_ Não vou te tirar de sua própria cama, Carson. Não somos crianças, não me importo de dividir. - digo tentando não corar ao nos imaginar em uma cama juntos.

_ Tudo bem. - ele se levanta e caminha até um closet, voltando com uma de suas blusas e uma toalha. - Pode tomar banho primeiro. Vou arrumar alguma coisa para comermos. - assinto e o assisto deixar o quarto. Eu não conseguia sentir muita fome ao saber que haviam dois corpos a menos de cem metro de distância. Mas evitei mencionar. Caminhei até o banheiro e tomei um banho rápido, ventindo sua blusa, que caia até metade das minhas coxas. Longe da visão dele, me permiti cheirá-la por um segundo, sentindo seu aroma masculino. Pulei de susto ao ouvir duas batidas na porta. - Você gosta de atum? - a voz de Carson surge contra a madeira.

_ Humm, claro. - respondo. Saio do banheiro, o encontrando deixando uma bandeja com um sanduíche, provavelmente de atum, e um copo de suco de laranja sobre a cama.

Carson olha para mim e seu olhar vaga meu corpo por um momento. Ele molha os lábios com a língua.

_ E-eu... - ele limpa a garganta - Vou tomar banho. - então ele se tranca no banheiro.

Assim que me sentei na cama e senti o cheiro do atum, percebi a fome que estava sentindo. Sendo assim, devorei o sanduíche em minutos.

Quando Carson abriu a porta, eu já estava deitada debaixo das cobertas. Eu até poderia estar com um leve sono, porém ele se esvaiu quando Axel apareceu usando apenas um calção de pijama.

_ Se importa? - ele pergunta e eu pisco tentando não olhar tanto para seu abdômen definido.

Incrivelmente definido.

_ O que? - repito e ele aponta para si mesmo.

_ Gosto de dormir assim... - ele explica e eu nego com a cabeça.

_ Tudo bem. - sorrio fraco, enquanto por debaixo das cobertas tentava secar minhas mãos suadas na camisa. Carson coloca a bandeja sobre um mesa no canto e caminha na minha direção, se deitando ao meu lado. Ele aperta um controle remoto e as luzes do quarto se apagam e o ar condicionado se liga. Ficamos em silêncio por uns minutos e eu não conseguia sentir meu sono chegar tão cedo. - Está acordado? - pergunto em um sussurro. Ouço a cama se mexer.

_ Sim. - ele murmura.

_ O que vai fazer com os corpos? - pergunto curiosa. Talvez eu tenha sido direta demais, porque Axel demora para me responder.

_ Meu pai provavelmente mandará alguém para cuidar disso. - assinto mesmo sabendo que ele não pode me ver.

_ Como você está? - sussurro vendo sua silhueta no quarto escuro. Ele continua em silêncio - Sei que não queria ter decisão sobre a vida deles. - comento e ouço o suspiro do garoto ao meu lado. Um suspiro pesado.

_ Eu não devia me sentir mal, afinal, ambos se envolveram sozinhos nessa bagunça. - sua voz sai como um sopro - Meu pai sempre disse que temos o que merecemos. Mas o que eu fiz para merecer tudo isso? - ele parece me perguntar realmente isso. Sinto seu olhar sobre mim e abro a boca, sem saber respondê-lo. Por isso, apenas pego sua mão. Novamente, ninguém mais diz nada. Apenas permanecemos quietos, no escuro do quarto, com as mãos entrelaçadas, até ambos cairmos no sono.

GET YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora