CAPÍTULO 32

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•Madison Eden•

Eu não consegui voltar a dormir. A televisão não era mais uma opção de distração. Tentei fazer um chá para me acalmar um pouco, mas quando me dei conta, já estava checando todas as portas e janelas da casa. Passei pelo quarto das crianças e as encontrei como as havia deixado: dormindo tranquilamente. Fechei a porta devagar e desci as escadas de volta para a cozinha. Eu não podia negar que estava com medo. Aterrorizada, para melhor dizer. Eu me sentia imponente, desprotegida e observada.

Olhei pela janela e observei o quintal escuro da casa. O balanço velho de Ari se mexia levemente com o vento. Senti os pelos da minha nuca se arrepiarem e decidi ligar para o Carson. Ele podia ser um idiota mandão, mas eu precisava dele agora.

Disquei seu número e aguardei chamar. Minhas unhas já estavam quase na carne viva de tanto eu roê-las.

_ Já sente minha falta, hm? - sua voz sai egocêntrica e eu posso escutar o som baixo do rádio e do trânsito.

_ Claro, como quiser. - reviro os olhos - Pode voltar? - pergunto e por alguma razão o sinto sorrir do outro lado da linha.

_ Vai começar a me obedecer? - ele barganha.

_ Vai tentar ser menos babaca? - retruco. - Acho que são duas coisas impossíveis de serem realizadas, não? - ironizo. Ele fica em silêncio por um tempo. Suspiro. - Olha, estou cansada de brigar, pode voltar, por favor?

_ Vai desistir de voltar para a faculdade amanhã? - ele propõe.

_ Carson... - o repreendo cansada. Ouço algo bater na porta da frente com força e dou um pulo.

_ Eu só estou tentando proteger você, Madison. - ele confinua e eu me sinto esbranquiçar o rosto ao ver uma sombra por debaixo da porta.

_ Carson, acho que têm alguém aqui... - murmuro ao ouvir outro choque contra a madeira. A chamada é desligada e eu me apresso para pegar uma faca dentro das gavetas da cozinha. Caminho em passos lentos até a entrada da casa e percebo a maçaneta ser girada varias vezes seguidas, como se alguém estivesse tentando entrar.

_ Eu juro por Deus, Charlie, eu estou armada... - o aviso espiando pelo olho mágico. Porém, não vejo nada. Não tinha ninguém parado em frente a porta. - O que...? - a maçaneta gira novamente e um grito se entala na minha garganta.

Agora eu estava sendo perseguida por fantasmas, também?

_ Madison... - ouço um grunhido e franzo o cenho destrancando a porta. O sr. Baraz, que estava sentado no chão, cai contra meus pés.

_ Deus! O senhor está bem? - pergunto deixando a faca de lado e tentando o ajudar a levantar. Porém, ele mal consegue voltar a se sentar. Sinto o cheiro de álcool quando me agacho ao seu lado. Ele cerra seus olhos na minha direção e sorri, colocando a mão em meu rosto.

_ Você é muito linda, Madison. Sabia disso? - ele massageia minha maçã do rosto, mas me afasto rapidamente.

_ Acho que o senhor talvez tenha extrapolado um pouco na festa. - comento sem saber o que fazer com o homem caído no chão. Ele faz alguns sons que eu não consigo compreender e então começa a tirar a gravata e os sapatos. - Talvez seja melhor subir... - proponho mas ele nega com a cabeça.

_ Acho que quero dormir aqui hoje. Pode dormir comigo, querida? - ele da leves tapinhas no chão, ao seu lado. Eu teria rido de sua situação, se não estivesse tão desconcertada.

_ Vou tentar achar alguém para ajudar o senhor... - tento ir até a porta, mas o homem agarra minha perna me fazendo tropeçar e quase cair.

_ Eu quero que fique comigo. - ele se agarra a minha perna, como se a abraçasse.

_ Sr. Baraz, não sabe o que está dizendo... - me abaixo tentando livrar minha perna, no entanto, ele agarra meu pulso, me puxando para perto.

- Você me lembra tanto minha ex mulher... - sinto o cheiro mais forte de bebida em seu hálito. - Ela também era bonita...

_ Sr. Baraz, me solte - peço, quando sua mão desce pelo meu ombro.

_ Sua pele é tão macia quanto a dela. - ele parecia não me ouvir. Estava prestes a tentar chutá-lo ou algo do tipo quando ouço passos atrás de mim e o vulto de Carson soca o homem no maxilar, fazendo-o me soltar.

_ Ugh... - o homem geme, se contorcendo no chão, com as mãos no rosto. Carson se agacha na minha frente e parece checar se estou ferida. Quando ele percebe que estou intacta, parece querer voltar para cima do meu vizinho. Agarro sua mão, o impedindo.

_ Não! - digo - Ele está bêbado, não sabe o que estava fazendo.

_ Não culpe a bebida por ele ser um pervertido do caralho, Madison. - ele murmura analisando o homem no chão.

_ Bom, ele não me fez nada. - aponto - E os filhos dele estão dormindo a poucos metros daqui. - isso parece convercer o garoto enfurecido a minha frente, já que ele olha para o teto e respira fundo. Seus ombros relaxam. Me ergo do chão e caminho até o Sr. Baraz que aparentemente havia cochilado nesses ultimos segundos.

_ O que...? - Axel me segue.

_ Pode me ajudar a colocá-lo no sofá? - pergunto e ele faz uma careta. Puxo o corpo do homem desmaiado, tentando sentá-lo e ouço Carson bufar antes de me empurrar para o lado e levantar o homem sozinho. Ele o deposita de qualquer jeito no sofá e me lança um olhar irritado.

_ Posso não te impedir de ir à faculdade, Madison, mas se depender de mim, você nunca mais volta aqui.

•••

•Carson Axel•

Acordei com a claridade aparecendo pelas cortinas abertas. Eu devia ter me esquecido de fechá-las. E estava prestes a fazê-lo quando me sentei bruscamente na cama. Olhei para o relógio na cabeceira e vi que já se passavam das oito da manhã. Levantei aos tropeços e corri descalço pelo corredor em direção ao quarto de visitas, que agora era o quarto de Madison. Não bati na porta. Mas também não precisei, já que o cômodo estava vazio.

Desci as escadas correndo, mas ela também não estava na cozinha. No entanto, na geladeira havia um bilhete.

Vou ficar bem, não se preocupe e não me odeie. - Madison.

Apertei o papel fortemente entre meus dedos. Eu sentia uma raiva irritante dentro de mim. Raiva por ela ter me desobedecido. Raiva por ela ser tão teimosa. Mas acima de tudo, raiva por eu saber que nunca a odiaria por isso.

•••

A faculdade estava movimentada quando cheguei, era a hora do intervalo. Desci do carro e senti o ar frio do ar condicionado me deixar e uma brisa seca tomar seu lugar. Tiro meu casaco e caminho em direção ao prédio. Alguns grupos de garotas se viram na minha direção e conversam entre si aos cochichos. Eu era conhecido na faculdade, embora quase nunca viesse.

Não foi tão difícil encontrar Madison, já que ela estava conversando com uma garota próxima ao seu armário, no corredor de entrada. Seus olhos se arregalaram ao me ver. Ela se despede rapidamente da amiga e caminha na minha direção.

_ Está bravo. - ela afirma ao parar na minha frente.

_ Oh, Eden, você ainda não me viu bravo.

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