CAPÍTULO 16

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•Carson Axel•

_ O que acha de um hambúrguer? - pergunto quando passamos em frente a um fast food. Madison concorda e eu entro com o carro no local. Fazemos nosso pedido e eu estaciono a BMW, aguardando. Permanecemos em silêncio, no frio do ar condicionado, apenas ouvindo as músicas passando na rádio.

_ Você teve algum sucesso com as imagens de segurança? - ela pergunta curiosa. Eu havia examinado os vídeos, mas não mostravam quase nada do estacionamento abandonado. Eram inúteis.

_ Sim, já os entreguei para a polícia. - minto e ela parece acreditar.

_ Tomara que achem os caras que te deram uma surra. - ela comenta e eu a olho indignado.

_ Já disse que riscaram meu carro. Ninguém me bateu. - retruco mentindo e Madison ergue as mãos na defensiva.

_ Ok. Se você diz, eu acredito. - não sinto muita firmeza em seu comentário, mas ignoro. Recebemos nosso pedido e eu volto a dirigir o carro.

_ Vai me dizer quem era o cara pra quem você disse que estamos namorando? - mudo de assunto - Posso bater nele se quiser. - Madison revira os olhos após minha proposta. Ela estava prestes a me responder quando meu celular tocou. Era Ben. - O que? - atendo e ouço o som de algo caindo.

_ Seu pai me ligou... - meu corpo trava - Ele tem nossa primeira tarefa. - a voz de Ben estava ofegante. Ouço uma voz feminina no fundo. Se conheço bem meu meio irmão, tenho certeza que ele abandonou sua transa para fazer o que meu pai mandar, como um cachorrinho.

_ Não posso agora. - respondo olhando de relance para Madison. Ela estava distraída mexendo no celular.

_ Sabe que não tem escolha, Carson. Ele já está na sua casa, nos esperando. - Minha casa? Como ele entrou? Penso em perguntar, mas talvez, essa devia ser a menor das minhas preocupações.

_ Estou com Madison no carro. - falo e Ben fica em silêncio por um momento. Ele ri pelo nariz e o ouço respirar fundo, sem paciência. Madison presta atenção na conversa após ouvir seu nome.

_ Não me importa, Carson. Se preciso deixe-a no meio da rua ou leve-a junto, apenas faça o que é melhor para nós dois e siga as ordens do seu pai. - então ele desliga. Por um momento considero deixar Madison em alguma loja. Mas já era madrugada e se algo acontecesse com ela eu seria o responsável.

_ Está tudo bem? - ela pergunta quando continuo com o carro parado no sinaleiro já verde. Não tinham outros carros atrás de mim.

_ Aconteceu uma coisa e vou precisar ir em casa. - digo e ela assente. Piso fundo sentindo meu coração disparar ao imaginar o que meu pai estava planejando.

•••

Estaciono a BMW na garagem e olho para Madison sem saber onde escondê-la. Talvez seria melhor deixá-la aqui.

_ Se importa de esperar aqui? - pergunto e ela parece confusa, mas nega. - Vai ser rápido. - prometo torcendo para que minhas palavras sejam verdadeiras.

Assim que deixo a garagem, pelas enormes janelas de vidro, vejo meu pai sentado no escritório. Entro em casa e subo ao seu encontro.

_ Pensei que não viria, filho. - ele comenta quando meus pés batem no piso de madeira.

_ Talvez seria uma melhor escolha. - murmuro e não tenho certeza se o Diabo não ouviu ou apenas resolveu ignorar. - O que você quer? - pergunto me sentando no sofá. Meu pai se levanta da cadeira e começa a rodear a mesa de vidro. Ele sorri malicioso.

_ É uma ótima pergunta... - ele estrala os dedos e dois de seus capangas entram no escritório segurando dois homens amordaçados. Eles o colocam de joelhos a minha frente. Me levanto abismado, me afastando dos prisioneiros.

_ O que é isso? - indago e olho para meu pai, que agora segurava uma arma. - Que merda está fazendo?

_ Vamos jogar um jogo, essa noite, filho. Tipo roleta russa, hm?

_ O que? - gaguejo - Não vou matá-los! - afirmo e meu pai assente, como se me compreendesse. Ele caminha até mim e aperta meus ombros.

_ Relaxe, Carson. Não o farei matar alguém, ainda. - ele me tranquiliza - Você apenas escolherá quem morre e quem vive. - ele murmura como se estivesse me dizendo para escolher duas peças de sapato em uma loja.

_ Não... - recuso e meu pai sorri torto. Ele estrala os dedos novamente e os dois capangas somem do cômodo, deixando-me à sós com o Diabo e as duas ovelhinhas.

_ Creio que não terá escolha, filho. - ele lamenta. O homem se aproxima dos dois prisioneiros, ficando entre eles. - Vamos começar. - ele diz animado - Candidato número um: Barney Dink. Pai de três filhos. Casado há 27 anos. Estava tentando roubar meu carregamento semana passada. - meu pai bate com a arma em sua cabeça levemente - É claro que tenho certeza que alguém o mandou, mas ele não quer abrir o bico.

_ Se eu contar eles matam minhas filhas. - o homem diz desesperado e meu pai revira os olhos.

_Sim. Sim. Muito nobre. - ironiza - Próximo! Candidato número dois: Bill Petry. Divorciado há dois anos. Apenas um filho. Trabalha em um loja de doces e por alguma razão, não consegue dinheiro para pagar o que me deve das drogas que comprou. - o Diabo da um tapinha em seu ombro - Foram muitas drogas. - ele cochicha para mim.

_ Eu preciso de tempo. Se puder me dar mais um mês... - ele implora e meu pai nega.

_ Já teve tempo demais, Bill.

_ Eu preciso pagar a pensão do meu menino e o divórcio... Minha mulher ficou com tudo... - meu pai o chuta nas costas, o derrubando no chão.

_ Pare de se lamentar. - ele reclama - Ninguém mandou ser um drogado, Bill. - engulo em seco olhando para meu pai que tinha um sorriso perverso nos lábios. Meu apelido para ele nunca pareceu tão certo.

_ Não vou escolher, pai. - digo firme - Não vou fazer parte dos seus joguinhos doentes! - cuspo e o homem sorri. Ele caminha até a grande janela de vidro e olha para a vista.

_ Mas você já faz parte, Carson! - ele diz frio - Um dia tudo isso será seu e não quero que destrua meu império por seu um covarde! - mordo minha língua - Se não escolher, os dois morrem! - ele da de ombros - De qualquer maneira, fará sua escolha. - Bill continuava no chão, respirando pesado. Enquanto Barney estava de olhos fechados, murmurando uma oração em outra língua. Meu pai carrega a arma e aponta para a cabeça de Barney que começa a chorar. - Quem será, Carson? Este... - ele muda para Bill - Ou este? - minha boca seca e sinto meu corpo todo paralizar no lugar. Minhas mãos soavam.

_ Por favor... - peço com os dentes cerrados olhando para o homem a minha frente. Eu não queria isso.

_ Estou ficando sem paciência. - ele aciona o gatilho e meu coração salta no meu peito. - Tem três segundos ou o sangue dos dois estará em suas mãos. - Onde estava Ben? O ar pesou na sala e eu não podia respirar. - Um...

_ Não! - murmuro

_ Dois...

_ Espera! - o dedo do meu pai se posiciona.

_ Trê...

_ Bill! - grito e meu pai sorri antes de atirar contra o crânio do segundo candidato. O barulho faz meu coração parar de bater por um segundo e então, quando o sangue começa a escorrer pelo piso de madeira, ele volta a bater freneticamente.

_ Muito bem, Carson. Estou orgulhoso! - então rapidamente ele vira a arma para Barney e também perfura sua cabeça.

_ Não! - exclamo caindo contra o sofá com os olhos arregalados - O que...?

_ Não pensou que eu fosse deixá-lo viver depois dele ver meu rosto, pensou? - sinto a raiva crescer contra meu peito e minhas veias pulsarem no meu pescoço. - Não fique triste, filho. Eles apenas pagaram o preço pelos seus atos. - cerro meus punhos observando o sangue inundar o piso. - Não se preocupe com a bagunça, mandarei meus caras limparem. - ele se aproxima de mim, sua bota pisando contra o sangue como se fosse água. - Você fez bem essa noite. - ele aperta meu ombro e eu ergo meu olhar para ele. Sinto meus punhos tremerem contra o impulso de o socar.

Mas não o faço!

Um grito vindo do andar de baixo tira minha atenção. Um grito feminino.

Madison!

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