CAPÍTULO 65

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•Carson Axel•

Desço do carro, para encontrar meu pai escorado no parapeito da ponte, fumando um cigarro. Bloqueando o caminho, estavam três de seus capangas, à postos, perto de seu carro. E mais ao fundo, estava Madison, amarrada e encolhida no chão. Ela parece notar minha chegada e olha para mim, seus olhos verde jade cheios de água, e eu noto um hematoma roxo em sua bochecha. Tento caminhar até ela, mas sou barrado pelos três homens.

_ Vamos aos negócios, primeiro, filho. - meu pai murmura, desviando seu olhar da ponte, para mim. Ignoro suas palavras, ainda mantendo meus olhos fixos na minha garota, tremendo de frio. Retiro minha jaqueta, rapidamente.

_ Ao menos leve isso pra ela! - peço, esticando a peça de roupa para um dos capangas à minha frente. Ele olha para o meu pai, pedindo permissão e o Diabo assente. Então, o homem aceita minha jaqueta e a leva até Madison, cobrindo-a. - Eu trouxe o que você pediu, apenas deixe ela ir! Vamos resolver isso entre nós dois...

_ Shh... - meu pai ergue seu dedo até seus lábios e eu me calo. Ele termina seu cigarro e o joga no chão, amassando-o com o pé. - Revistem-no! - ele ordena e seus três homens me seguram, obedecendo-o. Eles retiram a arma no cós da minha calça e meu celular. - Sem ressentimentos, espero. - sua voz é sarcástica - Mas todo cuidado é pouco, hoje em dia... - sorrio com deboche e travo meu maxilar. - Vamos ver se você não tentou dar uma de espertinho, Carson! - ele anuncia, recebendo meu celular em suas mãos. - Colocou uma escuta aqui? GPS? - nego. - Bom, mesmo assim... - ele arremessa o aparelho no chão e o pisa com força. - É melhor prevenir...

_ Ótimo. - o corto - Já está seguro de que estamos a sós, eu trouxe suas ações, agora deixe-a... - meu pai pega minha arma e a testa em suas mãos. Ele da alguns passos em direção a garota amarrada no chão e meu coração dispara.

_ Sabe, filho... Ninguém gosta de dedo-duro. - ele se agacha na frente de Madison e aponta a arma para sua cabeça.

_ Não! - exclamo, tentando ir até ele, mas seus homens me seguram.

_ Calminha, Carson... - ele aperta o cano da arma contra a bochecha da minha namorada e eu a vejo tremer. - Não quer assustar a garota, quer?

_ Por favor... - peço com os dentes cerrados - Ela não tem nada a ver com isso...

_ Não? - ele volta seu olhar para mim - Mas... Você se tornou tão irritante depois que a conheceu, Carson! Talvez o problema seja ela... Talvez ela o fez ficar tão... Corajoso! - ele ri alto - Francamente... Eu nunca esperei que logo você fosse armar aquilo para mim, filho. - seu sorriso some - Me trair daquele jeito... - sua voz sai séria. - Sabe o que faço com traidores, Carson? Eu os faço pagar... - ele volta seu olhar para Madison e seu dedo se posiciona no gatilho.

_ Foi o que fez com a mamãe? - exclamo e ele para. - Você a fez pagar? - o Diabo abaixa a arma e me encara, seus olhos vermelhos de ódio. Ele caminha até mim em passos largos e agora, pressiona o cano contra minha testa.

_ Não, não... - Madison implora e eu apenas sorrio para meu pai.

_ Você a matou, não foi? - os lábios do homem a minha frente tremem de raiva.

_ Não sabe o que está dizendo... - ele ameaça.

_ Ela não queria você, não é? Ela iria te deixar... - rio irônico - E você alterou os freios do carro...

_ Cala a boca! - ele ordena - Você não sabe...

_ Você a matou! Você matou a minha mãe! - berro e ele tira a arma do meu rosto e dispara para o alto três vezes. Madison grita assustada e eu apenas encaro meu pai. Ele se vira de costas para mim e respira fundo. O silêncio paira no local por alguns minutos.

_ Eu fiz o que foi preciso para que ela não me deixasse... - ele explica.

_ Você é um merda! - cuspo - Um assassino de merda! - ele recompõe sua postura e me olha com um sorriso torto.

_ Traidores devem pagar! - ele repete, frio e então estrala seus dedos. Seus capangas me puxam para longe de seu caminho e ele vai até meu carro, retirando uma maleta do banco do passageiro. - Está tudo aqui? As senhas das contas, minhas ações...

_ Sim! - respondo-o. Meu pai confere os documentos dentro da maleta e então a leva para o seu carro. - Conseguiu o que queria, não é? Agora nos deixe ir! - ele assente, caminhando até Madison e a ajuda a se levantar. Ela olha para mim e eu sorrio, murmurando que tudo ficaria bem.

_ O amor... Ele nos deixa fraco! - meu pai afirma - Não espero que me agradeça por isso, mas considere um presente, de pai para filho... - franzo o cenho, confuso com suas palavras, até que ele a agarra pelos braços e a joga para fora do parapeito. Madison grita alto. E é como se o ar, de repente, sumisse dos meus pulmões. Tudo acontece em câmera lenta. Seu corpo cai da ponte e eu tento correr até ela, mas sou impedido pelos três homens.

_ Não! - Ouço seu corpo bater na água e luto para ir atrás dela. - Não! Madison! Não! - berro, tentando chutar ou socar os capangas. - Não... - Meu pai caminha até mim e segura meu rosto com força. - Por favor... - peço, minha respiração ofegante e meus olhos marejando. Ela estava amarrada dos braços até as pernas! Ela não conseguiria nadar! - Por favor... - imploro, mas ele apenas sorri fraco.

_ Estou te fazendo ser mais forte! - ele da dois tapinhas no meu rosto e então caminha até seu carro.

_ Madison! - grito e caio de joelhos, dado a força que os homens fazem para me imobilizar. - Por favor... Eu faço qualquer coisa... Me deixe salvá-la! - imploro para o Diabo. Meu corpo tremia ao imaginá-la lutando para subir até a superfície enquanto se afogava... - Por favor... - meu pai me olha com um sorriso convencido, mas tudo que faz é pegar sua maleta e caminhar até o carro. - Não!

_ Só o soltem quando tiverem certeza que ao menos uns cinco minutos se passaram. Acho que isso é o suficiente para uma pessoa se afogar, não acha Carson? - ele ri alto.

_ Seu desgraçado! - rosno, aos berros, lutando contra as mãos sobre mim.

Mas então, tiros são ouvidos. O aperto nos meus braços e costas é suavizado, quando os capangas caiem no chão ao meu lado, baleados. Luzes vermelhas e azuis iluminam o local e sirenes altas ecoam.

_ Sr. Axel, você está preso por coordenar uma das maiores máfias de Los Angeles... - escuto Ben e os outros policiais da S.W.A.T algemarem meu pai, mas não dou ouvidos. Apenas corro até o parapeito da ponte e pulo.


•••

•Madison Eden•

A água fria me envolve como mil navalhas. Sinto meu corpo afundar, enquanto tudo que vejo é a ponte borrada através da água agitada. Luto contra as cordas enquanto tento empurrar meu corpo para a superfície. Meus pés amarrados se debatem fortemente, tentando me jogar para cima. Porém, apenas afundo mais. Prendo minha respiração o máximo que posso enquanto tento me soltar.

No entanto, era inútil!

Meus músculos se cansam e eu solto o ar, sentindo a água entrar nos meus pulmões. Luto por oxigênio mas apenas me afogo mais. Enfim, desisto e meu corpo parece queimar por dento. Minha visão fica turva e eu sinto como se várias mãos frias me envolvessem, até ser engolida completamente pela escuridão.

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