•Madison Eden•
Eu havia sido trazida para o mesmo quarto de antes. No entanto, para minha surpresa, nem o corpo do homem que eu nocauteei e nem os cacos do abajur estavam lá. O cômodo havia sido limpo, como se ninguém nunca tivesse entrado lá. E antes de sair, André abriu um dos armários, tirou um vestido lilás de lá, e o colocou sobre a cama, falando que eu deveria ficar pronta para o jantar.
Assim que sou deixada sozinha no quarto, respiro fundo tentando não surtar. Conto até dez absorvendo todos os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas. Minha cabeça lateja quando começo a trabalhar em uma maneira de pedir ajuda.
Olho ao meu redor e me apresso até a porta, trancando-a imediatamente. Talvez algo dentro desse quarto pudesse ser útil. Um telefone, um rádio, talvez algum tipo de arma. Começo a abrir as gavetas das penteadeiras, mas tudo que encontro são pijamas e lingeries. Depois corro até o armário, mas também só haviam roupas e sapatos ali.
_ Merda! - xingo e me apresso até o banheiro. Não me surpreendo quando tudo que encontro nas gavetas são produtos de beleza e maquiagens. Me escoro na pia, suspirando fundo. Não havia saída.
Ergo meu olhar para o espelho e analiso meu reflexo. Eu estava horrível! Para alguém que tinha sido drogada e passou a viagem toda dormindo, eu parecia exausta. Meu rosto estava abatido, haviam olheiras debaixo dos meus olhos, minha pele estava pálida, meu cabelo pregado na minha testa pelo suor e minhas roupas estavam sujas de terra por ter rolado na grama com André.
Me tendo por vencida, decido que a melhor coisa a se fazer agora seria me limpar. Então, ligo o chuveiro e me dispo, entrando debaixo da água quente. Sinto a sujeira deixar meu corpo junto com a tensão nos meus ombros. Permaneço uns cinco minutos ali, apenas deixando a água e o sabão escorrerem por mim.
Quando termino, desligo o chuveiro, me enrolando na toalha. Escovo meus dentes na pia e abro a porta do banheiro, soltando um grito ao dar de cara com André sentada na cama.
_ Como caralhos está aqui? - exclamo pressionando a toalha contra meu peito - Eu tranquei a porta! - afirmo e ele me analisa tranquilamente, não parecendo muito preocupado por estar no meu quarto enquanto estou quase nua. Então, ele se deita na cama, encarando o teto.
_ É minha casa, Madison. Acha que não tenho uma chave extra para cada quarto? - ele diz como se aquilo fosse óbvio. Abro minha boca, mas decido não discutir com ele.
_ Bem, estou no meio de algo aqui... - anuncio parada na porta do banheiro - Se importa...?
_ Nem um pouco. - ele me interrompe voltando a me olhar com um sorriso de lado - Pode se trocar à vontade. - ele comenta e eu bufo. Não foi bem isso que eu quis dizer e ele sabia. Porém, decido não o dar o gostinho de me irritar e caminho até o colchão, pegando a droga do vestido que ele escolheu para mim e voltando para dentro do banheiro.
Assim que termino de me trocar, volto para o quarto, encontrando André ainda do mesmo jeito que o deixei. - Gostou das roupas? - ele pergunta voltando seu olhar para mim. Franzo o cenho como se sua pergunta fosse ridícula. - Eu tentei escolher baseado no que via você usando sempre. Espero ter acertado. - ele se senta no colchão, aguardando minha resposta com... Expectativa?
_ Eu não ligo pra roupas. - respondo-o seca - Ligo para o porquê me trouxe aqui! - seu sorriso some.
_ Calminha, amor. Tudo no seu tempo! - André se levanta e caminha até mim, parando à minha frente. Engulo meu instinto de me afastar e o encaro, erguendo meu queixo em sua direção. Eu não acho que devia ter tanto medo, afinal, parecia que ele me queria viva. Ao menos por agora. - Paciência é uma dádiva! - ele comenta tocando uma mecha do meu cabelo molhado.
_ Pede isso para todas as garotas que sequestra? - retruco e ele estala sua língua, afastando sua mão.
_ O jantar está pronto. - ele anuncia, antes de se virar e deixar o quarto. Mordo minha bochecha, respirando fundo e o sigo escada a baixo.
O salão em que entramos é imenso, cheio de pinturas nas paredes e pilares de mármore. Em uma grande mesa de madeira clara estava servido um banquete. E mesmo a mesa sendo enorme, haviam apenas duas cadeiras, uma em frente à outra.
Portanto, ambos nos sentamos e começamos a comer. Uma música clássica começou a tocar baixo e eu encarei minha comida. Não me surpreendi quando percebi que o cardápio era apenas meus pratos favoritos.
De soslaio, analiso o homem sentado do outro lado do cômodo. Ele sabia tudo sobre mim. Minha rotina. Meu estilo de roupa. Meus pratos preferidos. Sinto o grande salão começar a ficar pequeno e a música alta demais.
_ Já chega disso, ok? - exclamo largando os talheres sobre a mesa. O som ecoa pelo lugar. André me olha do outro lado da enorme mesa e aperta um botão, desligando a música. Fazia quase meia hora em que estávamos sentados aqui, em silêncio, como se estivessemos apenas em um jantar casual. - Eu quero respostas! - anuncio e ele também larga seus talheres, um pouco mais delicadamente do que eu, e apoia seus cotovelos sobre a mesa.
_ Muito bem. - ele concorda - O que quer saber? - ele se estica na cadeira, me encarando. Abro a boca surpresa por ter dado certo e sem saber por onde começar, exatamente.
_ Seu nome é mesmo André? - escolho. Ele assente tomando um gole de seu vinho.
_ André Charlie Huet.
_ Você nunca fez desing na minha turma, não é? - ele sorri como se fosse uma lembrança boa e nega com a cabeça.
_ Eu apenas precisava chegar perto de você. - engulo em seco.
_ E tudo isso apenas por dinheiro? - questiono incrédula. - Por disputa de poder entre gangues? - André ergue seu olhar para mim, como se eu tivesse dito algo ridículo.
_ Isso não tem nada a ver com dinheiro ou poder, Madison! - ele afirma sincero.
_ Então porque eu estou aqui? - exclamo.
_ Oh, amor... - ele ri irônico - Achei que fosse óbvio, não? - ele termina sua taça de vinho e a deposita sobre a mesa - Está aqui, porque sei que Carson nunca vai ser capaz de te encontrar.
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GET YOU
RomanceCarson Axel sempre viveu em um mundo violento. Drogas, álcool, festas, mortes, garotas... Seu pai? Um mafioso perigoso. Seu melhor amigo? Seu parceiro de crimes. Sua mãe? Morta. Ele só conheceu o caos em sua vida, mas nada comparado a quando Mad...