CAPÍTULO 46

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•Madison Eden•

Eu havia sido trazida para o mesmo quarto de antes. No entanto, para minha surpresa, nem o corpo do homem que eu nocauteei e nem os cacos do abajur estavam lá. O cômodo havia sido limpo, como se ninguém nunca tivesse entrado lá. E antes de sair, André abriu um dos armários, tirou um vestido lilás de lá, e o colocou sobre a cama, falando que eu deveria ficar pronta para o jantar.

Assim que sou deixada sozinha no quarto, respiro fundo tentando não surtar. Conto até dez absorvendo todos os acontecimentos das últimas vinte e quatro horas. Minha cabeça lateja quando começo a trabalhar em uma maneira de pedir ajuda.

Olho ao meu redor e me apresso até a porta, trancando-a imediatamente. Talvez algo dentro desse quarto pudesse ser útil. Um telefone, um rádio, talvez algum tipo de arma. Começo a abrir as gavetas das penteadeiras, mas tudo que encontro são pijamas e lingeries. Depois corro até o armário, mas também só haviam roupas e sapatos ali.

_ Merda! - xingo e me apresso até o banheiro. Não me surpreendo quando tudo que encontro nas gavetas são produtos de beleza e maquiagens. Me escoro na pia, suspirando fundo. Não havia saída.

Ergo meu olhar para o espelho e analiso meu reflexo. Eu estava horrível! Para alguém que tinha sido drogada e passou a viagem toda dormindo, eu parecia exausta. Meu rosto estava abatido, haviam olheiras debaixo dos meus olhos, minha pele estava pálida, meu cabelo pregado na minha testa pelo suor e minhas roupas estavam sujas de terra por ter rolado na grama com André.

Me tendo por vencida, decido que a melhor coisa a se fazer agora seria me limpar. Então, ligo o chuveiro e me dispo, entrando debaixo da água quente. Sinto a sujeira deixar meu corpo junto com a tensão nos meus ombros. Permaneço uns cinco minutos ali, apenas deixando a água e o sabão escorrerem por mim.

Quando termino, desligo o chuveiro, me enrolando na toalha. Escovo meus dentes na pia e abro a porta do banheiro, soltando um grito ao dar de cara com André sentada na cama.

_ Como caralhos está aqui? - exclamo pressionando a toalha contra meu peito - Eu tranquei a porta! - afirmo e ele me analisa tranquilamente, não parecendo muito preocupado por estar no meu quarto enquanto estou quase nua. Então, ele se deita na cama, encarando o teto.

_ É minha casa, Madison. Acha que não tenho uma chave extra para cada quarto? - ele diz como se aquilo fosse óbvio. Abro minha boca, mas decido não discutir com ele.

_ Bem, estou no meio de algo aqui... - anuncio parada na porta do banheiro - Se importa...?

_ Nem um pouco. - ele me interrompe voltando a me olhar com um sorriso de lado - Pode se trocar à vontade. - ele comenta e eu bufo. Não foi bem isso que eu quis dizer e ele sabia. Porém, decido não o dar o gostinho de me irritar e caminho até o colchão, pegando a droga do vestido que ele escolheu para mim e voltando para dentro do banheiro.

Assim que termino de me trocar, volto para o quarto, encontrando André ainda do mesmo jeito que o deixei. - Gostou das roupas? - ele pergunta voltando seu olhar para mim. Franzo o cenho como se sua pergunta fosse ridícula. - Eu tentei escolher baseado no que via você usando sempre. Espero ter acertado. - ele se senta no colchão, aguardando minha resposta com... Expectativa?

_ Eu não ligo pra roupas. - respondo-o seca - Ligo para o porquê me trouxe aqui! - seu sorriso some.

_ Calminha, amor. Tudo no seu tempo! - André se levanta e caminha até mim, parando à minha frente. Engulo meu instinto de me afastar e o encaro, erguendo meu queixo em sua direção. Eu não acho que devia ter tanto medo, afinal, parecia que ele me queria viva. Ao menos por agora. - Paciência é uma dádiva! - ele comenta tocando uma mecha do meu cabelo molhado.

_ Pede isso para todas as garotas que sequestra? - retruco e ele estala sua língua, afastando sua mão.

_ O jantar está pronto. - ele anuncia, antes de se virar e deixar o quarto. Mordo minha bochecha, respirando fundo e o sigo escada a baixo.

O salão em que entramos é imenso, cheio de pinturas nas paredes e pilares de mármore. Em uma grande mesa de madeira clara estava servido um banquete. E mesmo a mesa sendo enorme, haviam apenas duas cadeiras, uma em frente à outra.

Portanto, ambos nos sentamos e começamos a comer. Uma música clássica começou a tocar baixo e eu encarei minha comida. Não me surpreendi quando percebi que o cardápio era apenas meus pratos favoritos.

De soslaio, analiso o homem sentado do outro lado do cômodo. Ele sabia tudo sobre mim. Minha rotina. Meu estilo de roupa. Meus pratos preferidos. Sinto o grande salão começar a ficar pequeno e a música alta demais.

_ Já chega disso, ok? - exclamo largando os talheres sobre a mesa. O som ecoa pelo lugar. André me olha do outro lado da enorme mesa e aperta um botão, desligando a música. Fazia quase meia hora em que estávamos sentados aqui, em silêncio, como se estivessemos apenas em um jantar casual. - Eu quero respostas! - anuncio e ele também larga seus talheres, um pouco mais delicadamente do que eu, e apoia seus cotovelos sobre a mesa.

_ Muito bem. - ele concorda - O que quer saber? - ele se estica na cadeira, me encarando. Abro a boca surpresa por ter dado certo e sem saber por onde começar, exatamente.

_ Seu nome é mesmo André? - escolho. Ele assente tomando um gole de seu vinho.

_ André Charlie Huet.

_ Você nunca fez desing na minha turma, não é? - ele sorri como se fosse uma lembrança boa e nega com a cabeça.

_ Eu apenas precisava chegar perto de você. - engulo em seco.

_ E tudo isso apenas por dinheiro? - questiono incrédula. - Por disputa de poder entre gangues? - André ergue seu olhar para mim, como se eu tivesse dito algo ridículo.

_ Isso não tem nada a ver com dinheiro ou poder, Madison! - ele afirma sincero.

_ Então porque eu estou aqui? - exclamo.

_ Oh, amor... - ele ri irônico - Achei que fosse óbvio, não? - ele termina sua taça de vinho e a deposita sobre a mesa - Está aqui, porque sei que Carson nunca vai ser capaz de te encontrar.

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