CAPÍTULO 20

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•Madison Eden•

Quando eu acordei, Carson não estava mais na cama e assim que sai do quarto, a casa estava limpa. Os rastros de sangue na escada haviam sumido e eu tive certeza de que os corpos no escritório também, embora eu não tivesse coragem de ir la checar.

Encontrei Axel sentado na mesa da cozinha focado em seu celular. Ele não parecia muito descansado e apenas me mandou trocar de roupa para me levar em casa. No caminho pensei em perguntar sobre os corpos, mas sua expressão não parecia muito amigável. Ele apenas murmurou um "Te vejo por ai", antes de acelerar sua BMW pela rua.

_ Madison? - minha mãe me chamou enquanto eu terminava de lavar algumas roupas na lavanderia. Subi até o quarto e a encontrei parada em frente a pia do banheiro.

_ Precisa de alguma coisa? - questiono e ela me olha pelo reflexo no espelho.

_ Onde está seu pai? - suspiro fundo. O cansaço me atinge inesperadamente. Eu não conseguia mais fazer isso. Eu não podia. - Ele ainda não chegou? - mordo meu lábio que tremia.

_ Ele nos abandonou, mãe. E eu já te contei a mesma história bilhões de vezes e você continua esquecendo... - a última parte sai baixa. Eu sei que era errado ficar brava com ela. Não era culpa dela. Mas também não era minha!

_ Não. Ele não faria isso! - ela começa a chorar e eu me sento na cama. Já conhecendo todo seu processo de luto após descobrir.

_ Ele fez. - digo curta e amarga. - Porquê não tenta dormir? - pergunto, me aproximando dela. Minha mãe franze o cenho quando me aproximo dela e me empurra bruscamente para trás. - Quem é você? Porquê está se passando pela minha filha? Onde está meu marido? - ela exclama e eu me afasto.

_Sou eu, mãe. - tento acalmá-la. Ela nega com a cabeça e alcança uma jarra de água sobre a mesa no canto do quarto.

_ Não minta. Minha filha têm apenas seis anos. O que fez com ela? - ela aponta a jarra na minha direção e eu sinto meus olhos marejarem. Isso tinha que acabar.

_ Sou eu, mãe. Por favor... - peço com a garganta apertada. - Você tem Alzheimer, papai nos abandonou anos atrás. Acredite... - ela arremessa a jarra contra mim, e não sou rápida o suficiente para desviar, sendo atingida na cabeça. Caio no chão e ouço o barulho do vidro quebrando. Coloco a mão na testa e vejo o sangue nela.

_ Você os matou, não foi? - ela grita e eu tento me sentar, ainda zonza. Observo minha mãe andar de um lado para o outro pelo quarto, tendo uma espécie de surto. As lágrimas caiam de seu rosto e ela puxava os próprios cabelos. Ela entra no banheiro novamente e procura algo nas gavetas.

_ Mãe... - murmuro tentando me levantar. Eu precisava alcançar a gaveta e pegar seu sedativo.

_ Vou me juntar a eles! - ela diz e por um segundo eu não entendo. Então noto uma lâmina de depilar em suas mãos. Ela a pressiona contra o próprio pulso. O sangue escorre.

_ NÃO! - grito e corro aos tropeços em sua direção. Retiro o objeto cortante de suas mãos e tento pressionar o sangue. Ela sorri satisfeita e escorre até o chão, enquanto eu grito por ajuda e tento evitar o sangue de sair.

Não sei exatamente como, mas alcanço meu celualr e ligo para a emergência. Alguns vizinhos também entram na casa e tentam me ajudar, mas suas vozes são apenas zunidos para mim.

Observo minha mãe fechar os olhos e talvez seja peloo desespero ou o meu machucado na cabeça, mas faço o mesmo.

•••

A primeira coisa que vejo, assim que abro os olhos, é um teto e paredes brancas. Ao meu lado havia um soro ligado na minha veia. Coloco a mão na testa e sinto um curativo sobre meu corte. Lembro-me dos acontecimentos no quarto e me sento bruscamente.

Mãe.

A máquina começa a apitar e uma enfermeira aparece no quarto, me forçando a deitar.

_ Minha mãe. Onde ela está? - a enfermeira me entrega um copo com água e eu queria xingá-la e obrigá-la a me responder logo, mas apenas tomo um gole.

_ Sua mãe está bem. O corte não foi tão profundo e conseguimos estancá-lo. Ela está em observação na sala ao lado.

_ Quero vê-la! - digo e a moça assente. É claro que antes ela chamou um médico para me examinar e ter certeza de que eu não estava com alguma concussão cerebral.

_ Senhorita Eden... - o médico me chama antes de eu conseguir sair da cama - Eu gostaria de dar uma palavrinha, com você. - Serio? Eu precisava ver minha mãe. - Sobre sua mãe e a condição dela. - ele consegue minha atenção. Sigo o doutor até seu consultório e me sento em uma mesa de vidro. - O Alzheimer da sua mãe está num estágio muito avançado, sabe disso, não sabe? - assinto - E sabe que não pode continuar cuidando dela sozinha, certo?

_ Eu sei... Mas não tenho mais ninguém a quem eu possa recorrer. Eu tenho que trabalhar e a faculdade... - ele assente me acalmando.

_ Entendo sua situação e é por isso que acho que deveria interná-la. - arregalo os olhos com sua sugestão e ele me estica um folheto. - É como uma casa de repouso, um spa. Tem enfermeiras e médicos disponíveis. Lá ela terá todo o cuidado possível. - As imagens e a ideia eram ótimas, mas eu sabia que não seria algo possível.

_ Eu não tenho como bancar isso. - falo e o doutor assente como se me entendesse. É claro que ele não entendia.

_ Bom, pode pensar e tentar encontrar uma maneira. É um conselho médico. - ele alerta - Daqui para frente a condição da sua mãe vai apenas piorar.

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