CAPÍTULO 27

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•Madison Eden•

Carson conversou com os policiais e eles me liberaram para ir embora. Eu não disse muito a eles. Nem para ninguém. Eu não sabia exatamente o motivo do meu silêncio, mas parecia mais reconfortante do que reviver tudo novamente.

O caminho até a casa de Carson foi em silêncio. Acho que ele percebeu que eu não queria conversar. Ele apenas prestou atenção na estrada, ligou o rádio e dirigiu. Foi bom apenas estar ao seu lado. Segura.

Assim que entramos em sua propriedade, ele me levou direto para seu quarto, colocou uma toalha e uma camisa sobre a cama e me deixou sozinha no cômodo. Entrei no banheiro e me analisei no espelho. Eu tinha minhas roupas sujas de terra; os cabelos desgrenhados e cheios de pedaços de folhas; vários arranhões no rosto: e quando tirei minha blusa, notei a grande marca roxa no meu ombro. Bom... Ao menos meus pontos não abriram, por incrível que pareça. Deixo minha análise de lado e entro no chuveiro. Sinto toda a sujeira deixar meu corpo e junto com ela, minha energia. Eu estava esgotada. Completamente drenada.

Saio do banheiro e visto a blusa de Carson, o cheiro do amaciante inunda meu nariz. Me arrasto para a cama e me enfio debaixo dos lençóis, sentindo meu corpo agradecer imediatamente. Fecho meus olhos e escuto batidas na porta. Axel entra no quarto e olha para mim, ele tinha um prato de sopa nas mãos.

_ Você está com fome? - ele o coloca sobre a cômoda ao lado da cama. Nego com a cabeça.

_ Mas eu gostaria de algum remédio para dor. - murmuro e ele assente, me alcançando um comprimido. Percebo seu olhar sobre mim, enquanto engulo a pílula e me aconchego na cama. - Se quer perguntar, apenas vá em frente... - digo fechando meus olhos novamente. Sinto o lado do colchão afundar com seu peso.

_ Eu apenas quero um nome, Madison. Quero o nome do desgraçado. - abro meus olhos e encaro o garoto a minha frente. Era estranho que ele fosse quase da minha idade, mas parecesse tão mais velho.

_ Charlie. - respondo-o e ele ameaça se levantar. Agarro sua mão. - Pode dar um tempo na sua caça, apenas por um momento e ficar comigo até eu dormir? - sussurro. - Por favor... - Carson não diz nada por alguns segundos, mas então se deita ao meu lado. Sinto seus dedos tocarem minha bochecha.

_ Eu vou cuidar disso, Madison. Não vai mais se machucar. - ele promete e nem por um momento eu duvido dele.

•••

_ Madison... - acordo em súbito sentindo uma mão sobre meu ombro - Sou eu. Sou eu... - Carson me tranquiliza e eu o reparo parado ao lado da cama. Ele estava vestido e tinha uma bolsa nas mãos. Me sento na cama, esfregando as têmporas, tentando me acordar melhor. - Passei na sua casa e peguei algumas roupas pra você. Se precisar de mais alguma coisa podemos comprar ou eu posso buscar para você. - ele coloca a mochila sobre a cama e eu pisco confusa. Eu ainda estava processando. Ele havia entrado na minha casa, apenas Deus sabe como, e tinha mexido nas minhas gavetas? Abro a mala e vejo algumas calcinhas ali. Oh Deus...

_ Obrigada... - murmuro sabendo que meu rosto estava corado. Eu era uma idiota. Não era como se ele nunca tivesse visto calcinhas na vida dele! E porquê eu me importava? Eu tinha problemas maiores agora do que Carson mexendo nas minhas lingeries!

_ Tem ovos mexidos na cozinha e panquecas, mas Drica pode fazer outra coisa, se preferir. - ele diz entrando em seu closet e pegando uma caixa.

_ Drica? - pergunto ficando em pé e o observando tirar uma arma de dentro da caixa. Ele a coloca dentro da calça jeans.

_ A nova empregada. Eu já disse a ela para fazer o que você pedir. Se precisar de qualquer coisa, ela resolverá. - Carson caminha até a porta rapidamente e eu o sigo, correndo descalça, escada a baixo.

_ O que? - o paro próximo a porta de saída. - Porquê está trazendo minhas coisas para cá? - Carson me olha como se minha pergunta fosse sem sentido.

_ Vai ficar aqui até eu lidar com o Charlie. - O encarei por segundos sem saber o que dizer. É claro que eu apreciva ele cuidar de mim e me ajudar, mas eu não podia morar com ele até Charlie ser preso.

_ Eu preciso ir para a minha casa, Carson. Tenho coisas para fazer. Preciso arrumar um novo emprego, ir para a faculdade...

_ Não é seguro ficar la sozinha, Madison! - ele explica.

_ Vou ficar bem. Ele não seria burro de ir atrás de mim outra vez, ainda mais sabendo que a polícia está atrás dele! - minhas palavras saem sinceras, porém eu não tinha certeza se acreditava nelas. Eu ao menos desejava que eu estivesse certa.

_ Escute, se quiser arrumar um emprego, tudo bem. Eu arrumo um para você! Se quiser ir à faculdade, tudo bem. Contrato vinte seguranças para te vigiar! Mas não vou deixar você ficar sozinha naquela casa, Madison! - pisco, o encarando indignada. Ele não iria deixar?

_ Não preciso da sua permição. - respondo-o.

_ Madison... - sua voz sai cansada - Você está em perigo...

_ E por isso vai me manter trancada aqui? Não, obrigada! - Reluto e ele suspira. - Que merda ia fazer com essa arma? - pergunto indicando o revólver em seu jeans.

_ Vou buscar respostas. - ele diz e eu continuo o encarando, esperando que ele me conte mais. Axel revira os olhos. - Vou invadir os arquivos da faculdade e descobrir mais sobre esse Charlie. Isso... - ele ergue a blusa mostrando um pouco no revolver na cintura - É para seu diretor colaborar.

_ A polícia poderia conseguir isso com um mandato de busca. - retruco e Carson sorri torto.

_ A polícia é inútil. E se eu tivesse um mandato não precisaria de uma arma.

_ Então eu vou com você! - digo e ele nega. - Escuta, se quer que eu fique aqui até achar ele. Vai ter que aceitar minhas condições. Vou ajudar na investigação! - bato o pé no chão e o garoto a minha frente cruza os braços. - Não vou ficar trancada na sua casa, Axel. Pode esquecer. - Ele morde o lábio inferior, acho que para controlar algo ruim que iria dizer.

_ Vai fazer o que eu mandar e não vai sair do meu lado. - ele cede e eu assinto animada, me virando para me trocar no quarto. Sinto meu braço ser agarrado e seu hálito ficar bem próximo ao meu rosto. - Estou falando sério, Madison. Vai ficar comigo o tempo todo, entendeu? - seu olhar estava fixado no meu. Ele parecia precisar que eu entendesse aquilo. - Prometa para mim que não vai sair do meu lado! - ele repete. Seus globos negros encaravam os meus. Estico meu dedo mindinho para ele.

_ Prometo. - digo e ele engole em seco antes de sorrir fraco e apertar meu dedo com o seu mindinho.

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