CAPÍTULO 25

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•Madison Eden•

_ Bem, é livre para pensar o que quiser, não significa que seja verdade. - o respondo. - Como vou saber que não está me stalkeando outra vez? - questiono.

_ Minha avó está internada aqui há dois anos. Pode perguntar para qualquer enfermeira, se quiser. - ele responde e eu me calo, me sentindo uma idiota. Charlie continua me olhando e parece notar meu desconforto. - Eu apenas vim assinar uns papéis para renovar o contrato dela e estarei indo embora. Se me esperar, posso lhe dar uma carona para casa. - ele oferece, mas o olho duvidosa. Penso por um momento se devia aceitar sua oferta. É claro que eu o achava um pouco estranho, mas ele teve o ano todo para me fazer algum mal, por que agora seria diferente?

_ Tudo bem. - respondo por fim e ele se anima, me indicando um minuto com o dedo e entrando na instituição. Aguardo sua volta sentada na calçada e encaro meu celular esperando que Carson, de algum modo, me mande notícias. Ele estaria bem? Sua missão de resgate foi perigosa?

Sinto uma mão no meu ombro e dou um pulo.

_ Desculpe. - olho para Charlie parado atrás de mim - Eu te chamei, mas você estava distraída. - assinto, como se disesse que estava tudo bem, e me levanto, o seguindo até seu carro.

_ Então, sua avó está internada a dois anos... - começo a puxar assunto quando iniciamos nossa viagem - Ela não se sente presa naquele lugar? Solitária? - questiono e o garoto da de ombros.

_ Ela nunca reclamou. Eles tem muitas atividades e as enfermeiras e os outros pacientes a fazem companhia. - ele responde e isso me deixa menos nervosa em relação a minha mãe.

_ Espero que eu tenha feito a coisa certa em internar minha mãe... - murmuro, mais para mim do que para ele. Sinto Charlie pegar minha mão sobre a minha coxa. Olho para ele e luto contra o impulso de resistir ao seu toque.

_ Não se preocupe, é uma ótima instituição. Sua mãe ficará bem. Ela terá profissionais à disposição, jogos e esportes... - concordo com a cabeça me forçando a acreditar nele - Além disso, se foram ordens médicas você não tem que questionar, Madison. Vai dar tudo certo. - sorrio para ele. Talvez ele estivesse certo. Talvez eu não precisasse me preocupar tanto agora. Tudo seria mais simples. Eu poderia focar completamente no meu trabalho e na faculdade. Talvez até pudesse vender minha casa, que agora iria ser grande demais para uma só pessoa, e me mudar para um apartamento mais perto do campus...

Assim que paro com meus devaneios percebo que Charlie passou a rua da minha casa.

_ Eu acho que você errou minha casa... - digo sem jeito e Charlie assente.

_ Oh, me desculpe. - ele pede ainda encarando a estrada a sua frente, com ambas as mãos no volante. No entanto, ele continua seguindo reto. Meu corpo todo se arrepia como se estivesse atento ao perigo. Olho para Charlie e pego meu celular no bolso, discretamente.

_ Charlie, minha casa é lá atrás... - ele sorri torto e me olha de relance.

_ Eu sei, meu amor. - é só o que ele diz. Nada de retornar, nada de se explicar. Começamos a chegar no limite da cidade, proximo às florestas.

_ Não está me levando para casa, está? - pergunto com a voz temerosa. Eu podia sentir todos os pelos do meu corpo arrepiados e era como se eu tivesse algo preso na garganta. Noto seu lábio direito se curvar em um pequeno sorriso. Teclo 911. - Espera... - me lembro de algo - Como sabia que a internação da minha mãe eram por ordens médicas? E-eu nunca te disse isso... - Charlie permanece atento ao volante, sem dizer nada - Você não tem uma avó internada la, não é?

_ Garota esperta. - ele solta um sorriso na minha direção. Um sorriso assustador e por um momento posso ver pura maldade em seus olhos. Charlie começa a diminuir a velocidade em um acostamento na avenida.

Deus, ele iria me matar ali?

De relance, olho para a tela do meu celular, a chamada ainda estava continuando e eu esperava que já estivessem nos rastreando.

_ O que você quer? - minha voz sai trêmula e eu tento segurar meu desespero. Eu precisava de apenas algum tempo até a polícia chegar. Eu precisava ficar calma.

_ Eu quero tantas coisas, Madison... Não seria capaz de imaginar. - Lá se vai minha calma. Eu estava presa em um carro com um louco. Eu iria morrer! - Já ligou para o seu namoradinho ou realmente acha que a polícia chegará à tempo? - o ar deixa meus pulmões instantaneamente. Charlie olha para mim e estaciona o carro. Meu coração quase salta dentro do meu peito. Eu não poderia ligar para Carson, porque ele não tinha um celular. Eu precisava acreditar que a polícia seria o suficiente. - Vamos lá, já pode começar a gritar... - eu não sei se foi a adrenalina correndo nas minhas veias ou o desespero sedento pela sobrevivência, mas eu o soquei no nariz. Então, quando ele se debruçou de dor e de surpresa, abri a porta do carro, correndo em direção à floresta. Pulo a mureta de metal que dividia a margem da pista e acelero pelo arvoredo. - Quer brincar, hum? Vamos brincar! - ouço Charlie gritar enquanto me segue. Estava escuro e enquanto mais eu me afastava da pista, menos eu sabia para onde estava indo. Eu sentia meu rosto ser arranhado por galhos e meus pés tropeçarem nas pequenas pedrinhas no chão. - Correr faz tudo mais divertido, meu amor! - Charlie ri. Eu mal conseguia ouvir seus passos atrás de mim, pois meu coração pulsava alto nos meus ouvidos. Minha garganta estava seca quando tropecei em algo e rolei uma pequena ladeira, batendo meu ombro contra uma pedra.

_ Cacete! - resmungo me contorcendo na terra.

_ Madison... - Charlie cantarola atrás de mim. Olho para os lados e vejo um tronco grosso caido contra a grama. Me escondo atrás dele, tentando diminuir o ritmo da minha respiração. Pego meu celular e vejo que a ligação que eu havia feito para polícia tinha encerrado sozinha. Eles teriam conseguido me rastrear? Eles chegariam aqui a ponto de impedir qur Charlie me matasse? Fecho os olhos com força e algumas lágrimas escorrem contra minha bochecha ao perceber que as chances de alguém me salvar eram mínimas. - Qual é amor, não vai se esconder de mim... - ele continua e eu me encolho mais contra a madeira. - Vou achar você! - ele grita me assustando. Sua voz estava à apenas poucos passos de mim. Prendi minha respiração. Seus pés esmagam as folhas secas e se aproximam cada vez mais. Conto os segundos, que mais parecem horas, enquanto ele caminha a centímetros de mim. Estava quase sem fôlego quando o ouço se afastar. Solto minha respiração aliviada.

É claro que o momento dura pouco, já que meu telefone toca ecoando pela floresta. Tenho apenas tempo de desligar a chamada do antigo número de Carson, antes de sentir mãos me puxarem.

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