CAPÍTULO 47

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•Madison Eden•

_ Então isso tudo é por causa dele? Está me usando como isca para atingí-lo? - cuspo indignada. André coloca seus pés sobre a mesa e suspira.

_ Sim e não! - faço uma careta. - É um pouco mais complicado do que pensa. E uma longa história...

_ Não é como se eu fosse para algum lugar, então... - me escoro na cadeira sarcástica - Acho que tenho tempo para ouvir. - André ergue o canto do seu lábio e respira fundo.

_ Você se lembra da sua infância, Madison? - ele pergunta e eu franzo o cenho, mas não reclamo quando noto seriedade em sua voz.

_ Sim, me lembro de muitas coisas. - respondo por fim, também sincera. André tira seus pés da mesa e se levanta, se servindo de mais vinho.

_ Do que se lembra? - ele insiste e eu arfo não entendendo o porque dessas perguntas. Ele começa a andar pelo salão, seus olhos ainda em mim.

_ Eu não sei... - dou de ombros - De ir à escola. Das brincadeiras. Dos natais e dos presentes. Da minha mãe e do meu pai... - paro e André sorri concordando com a cabeça.

_ Lembranças boas, devo presumir. - assinto - Sabe do que eu me lembro, Madison? - ele encara o chão, preso em suas lembranças - Me lembro de como meu pai me batia, de como gritava com a minha mãe e de como quebrava as coisas da merda da casa que tínhamos. Isso, é claro, quando ele aparecia em casa... - sua voz sai amarga - Todo fudido de cocaína e álcool. - não digo nada. Apenas o observo encarar o líquido vermelho em suas mãos. - Minha mãe também não era tão diferente. Uma prostituta de merda que trazia homens para casa sempre que o verme do meu pai não estava. O que era quase sempre, na verdade. - ele ri com humor, um humor ácido.

"Então, um dia eu me lembro de quando ela se cansou de mim. Meu pai já não estava mais em cena há muito tempo e minha mãe me pediu para arrumar minhas malas e me colocou em um carro. Eu pensei que íamos viajar ou algo assim. - André olha para mim e eu quase lamento por ele - Ela me deixou em um orfanato qualquer. Vivi la por dois anos, até que quando completei oito, um francês me adotou. Marcus Huet. - ele sorri ao mencionar o nome - Foi ele quem me criou. Quem me ensinou a ler e escrever. Quem me deu tudo isso! - ele indica o castelo. - Na verdade, ele era o maior gangster francês, não eu. Tudo isso, todo esse império. É graças a ele."

"Ele era um homem extraordinário, Madison. Acredite. Ele tinha tudo. Dinheiro, capangas, empregados, imóveis... Mas eu perdi as costas de quantas vezes o vi chorar em seu escritório. Toda madrugada, eu saia do meu quarto e o espiava pela fechadura, sentado em sua cadeira chorando ao lado de uma garrafa de uísque. - André toma mais um gole de seu vinho e caminha em volta da mesa. - Acontece que ele estava apaixonado por uma mulher a anos. Emanuelle Mosby. A mãe de Carson. - arregalo meus olhos e me endireito na cadeira."

"Marcus um dia, me contou a sua trágica história de amor. Ele e Emanuelle se conheceram no ensino médio. Eram melhores amigos e apaixonados. Eles namoraram por alguns meses até que ela conheceu outro cara na faculdade. Christian Axel."

_ O pai de Carson... - murmuro e André assente.

_ É claro que ela trocou Marcus por Christian. E eles se casaram e então veio seu amado Carson. No entanto, Marcus não se deu por vencido e anos depois, tentou contactar Emanuelle novamente. Ele a convenceu de fugir com ele. Emanuelle confessou apenas ter se casado com Christian por ter engravidado, mas que ela o detestava. Então, tudo foi arranjado. Marcus iria esperá-la em uma lanchonete e eles fugiriam juntos para a França. - André volta para sua cadeira e se senta ali novamente. - Mas ela nunca apareceu. - o garoto a minha frente me encara com seus olhos azuis. - Dias depois, Marcus descobriu que ela estava morta. - meu coração dói quando imagino um pequeno Carson perdendo sua mãe. - Acontece que Christian descobriu tudo e deu um jeito de se vingar dela por tentar traí-lo.

"Deixando assim, o pequeno Carson sem sua mamãe e Marcus de coração partido. Foi a destruição dele! - André afirma - Tudo o que ele fazia após disso era planejar como destruir Christian. Ele queria fazê-lo sofrer. Mas com o tempo, assim como Marcus, Axel também cresceu na vida e se tornou cada vez mais blindado. Porém... - André sorri - Marcus percebeu que matá-lo não seria o suficiente, então ele pensou na única coisa que Christian tinha que era preciosa para ele. Seu filho. - minha boca fica seca imediatamente enquanto André sorri para mim. - Carson Axel era o alvo."

_ Ele não tem culpa dos erros do pai. - defendo-o e André da de ombros.

_ Mas ele carrega seu legado! - ele retruca, seus olhos gelados - Mas... Como eu disse, a morte de Emanuelle foi a destruição de Marcus. Ele adoeceu. - seus olhos pousam em mim - Sabe, Madison, dizem que não dá para morrer de tristeza, porém eu discordo. Eu vi aquele homem, aquele extraordinário ser humano se definhar por um coração partido... - a voz de André falha e ele trava seu maxilar. Um pouco surpresa, eu vejo meu sequestrador demonstrar sinais de emoção. Porém, o momento dura pouco. - Então... - ele se recompõe - Eu me encarreguei de terminar sua missão. Eu me encarreguei de destruir Carson Axel. - mordo meu lábio o analisando séria.

_ Então foi por isso que me trouxe aqui? Pretende me matar para machucá-lo? - André me encara, se levantando da cadeira. Ele caminha até mim, agachando-se na minha frente.

_ Eu nunca machucaria você, Madison. - Suas palavras saem severas, como se eu precisasse compreendê-las. Ele ergue sua mão e toca a maçã do meus rosto. Meu corpo trava com seu toque.

_ Então, porquê...? - paro quando ele sorri torto.

_ O nome do meu pai era Robert Eden... - meus olhos se arregalam, enquanto o encaro horrorizada - Eu sou seu irmão.

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