Capítulo 2

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Pela manhã, Alfonso toca uma campainha.  Christopher que descia as escadas do segundo piso da casa, grita:

- Eu já estou saindo, deixa que eu abro. – E se surpreende ao abrir a porta - Você??
- Sua mãe está? – pergunta Alfonso.
- Sim. Entra... – abre mais a porta dando passagem a Alfonso.

"Só espero que não pensem que estou voltando atrás..."

Ruth chega no apartamento de Alfonso apesar das ordens contrárias e se decepciona:
- Esse não é meu filho. Anahí o enfeitiçou e mudou sua cabeça. – ela suspira. – Vem, Pancho, vou trocar sua ração. – e obediente a segue.

Alfonso trabalhava, ao menos parecia o fazer.  Já Christopher conversava com uma morena, também colega de trabalho:

- Ele está insuportável.
- Mas também com tudo que passou com ele.
- Não é justificativa. Ele tem que aceitar o fato que está só, todo mundo está superando. Tenho pena da Ana.
Dulce disfarçadamente observava os dois, tomando um café detrás de um grande vaso de planta.
Alfonso passa por ela: conversando com a planta, Dulce?  - Dulce estava tão compenetrada observando Christopher que se engasga com o café - Quer um copo d'água? – ele pergunta e seu celular no bolso, vibra. Ele identifica e atende - Oi pai!
Uma funcionária passa e avisa: reunião às 14h.


Na saída, Alfonso se lembra que precisa de coisas elementares em casa, como pó-de-café. E vai ao mercado. Empurra o carrinho entre as seções em passos lentos.

-Você gosta dessa marca?
Alfonso vira-se antes de pegar o café e sorri com a companhia:

-Na verdade não sei nada de cozinha. Preciso de alguém que me ajude.
- Sua mãe!
Alfonso sorri: Não, ela não.
Anahí fica encabulada: Leva esse, pelo menos é o que costumo tomar. E eu nem sou apaixonada por café.
Alfonso pega o pó indicado: Olha, acho que é esse mesmo que minha mãe compra. O melhor.
- Você é bem engraçado, Alfonso.
- Me chame de Poncho, é mais amigável. – lhe pisca
- Ok, Poncho.
- Isso. – lhe sorri - Mas porque não gosta de café? Só porque ia te convidar a tomar comigo
.

- Cafeína não faz muito bem. Tudo que vicia não é bom, cigarro... 

- Eu tomo justo para não fumar, estou tentando parar. 

- Te dou os parabéns. E um conselho: tome bastante água quando sentir o desejo.

- Hum, é médica? Christopher não disse que tinha uma pessoa tão inteligente na família. 

- Só se for médica dos animais. Eu sou veterinária. Médico é meu pai. 

- Hum... 

- Sei, não é uma profissão glamourosa, mas amo o que faço. 

- Não, eu acho uma bonita profissão. 

- E perigosa também. – amostra sua mão, uma cicatriz. – Uma mordida. – sorri. 

- Meu Deus! – exclama Alfonso e segura a mão dela, acariciando a cicatriz, o que faz os olhares se encontrarem, sem terem nada o que dizer.


Alfonso pega aquela mesma marca de café recomendada. Empurra seu carrinho dali e avista um bebedouro para onde segue. Já havia parado de fumar há cinco anos, mas o hábito de tomar café não havia perdido e o de beber bastante água, adquirido, por causa de Anahí.

Desce do elevador atrapalhado com as sacolas e encontra quem lhe esperava no corredor, já vai se explicando:
- Desculpa, pai. Me atrasei um pouco no mercado.
- Não faz mal, cheguei agora também.
Alfonso abre, levando as bolsas direto à cozinha. Seu pai, vai atrás e Pancho, o cachorro, também.
- Não voltou mesmo na Marichelo? – pergunta Armando, seu pai.
- Não. Eu já havia combinado com ela.
- Não tem problema.
- Janta comigo? – Alfonso convida tirando umas embalagens de congelados da sacola.
- Não. Quero só falar com você.
Afonso franze a testa, o olha rapidamente e volta a suas compras.
"Isso não é normal, sei que lá vem..."
Ele coloca uma embalagem de comida pronta no microondas. Apenas uma, seu pai não queria.
- Que modos são esses de tratar sua mãe e sua irmã, Alfonso?
"Eu sabia! " - Sabe o que ela fez ? Eu já disse que não quero isso! – e não gostando da repreensão, Alfonso começa a andar pela cozinha guardando as compras: geladeira-armário-dispensa.

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