Capítulo 10

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Alfonso dentro da banheira com Anabella, tentava ensiná-la a nadar. A segurava delicadamente, fazendo-a boiar. A menina não chorava, a água a deixava tranquila. Mas ele ouve alguém lhe chamar da sala e responde: 

- Já vou!

Era Ruth, sua mãe. Levanta com a menina, a enrola numa toalha e tenta vestir o roupão segurando a filha. A cueca molhada lhe escorria água pela perna. 

Ruth do outro lado da porta do banheiro pergunta: Poncho, cadê a menina?

Alfonso enfim abre a porta: Aqui.

Ruth faz uma expressão meio escandalizada mexendo as sobrancelhas.

 Alfonso percebe e explica: - Estava dando banho nela. Anabella mordia a mãozinha molhada, soltando uns sons sem nexo.

- Mas você também está todo molhado. 

- É que eu estava na água, oras.

Ruth comprime mais a testa: Vem com a vovó, meu amor. – e tira a menina dos braços de Alfonso. – Vá se vestir, Alfonso. – diz séria e leva a menina para seu quarto enquanto Alfonso se dirige ao seu - Onde já se viu? O pai tomando banho com a filha, isso não está certo! - o imaginava desnudo por baixo do roupão, como a menina.

Ele sai do quarto já vestido, Ruth estava com Anabella na sala, liga a TV:

- Poncho, você precisa de uma babá pra te ajudar.

- Não. Eu sei cuidar muito bem dela. Ninguém vai cuidar melhor do que eu. Foi isso que eu disse a família Puente e isso que estou cumprindo.

- Essa menina precisa de uma figura feminina, você é homem, não leva jeito. Olha sua cara, essa aparência rude, desleixada...

- Ela não reclama, gosta de mim como eu sou. - Ruth inspira fundo, brava - Não entendo, mãe. O que quer? Prefere que eu a entregue ? 

- Não foi isso que disse. Mas isso... Só vocês dois; precisam de alguém. - Anabella mexia no cordão de bolas da avó- É o cordão da vovó, gostou? Seu pai não usa cordão, né? Quem vai te ensinar a se maquiar, Bella?... Ah Poncho, sua tia disse que Ricardo no final de semana vai pra aquele festival em Tabasco, que vocês sempre iam. Oportunidade de você se divertir.

- Não posso. E Ana?

Ruth se prontifica: Eu fico com ela. Será um prazer.

- Não. Não vou deixá-la...


Saindo dali, Ruth se dirige para o consultório do psicólogo de Alfonso. A recepcionista a informa: - Ele está atendendo, senhora. Se quiser aguardar, no final dos horários eu posso tentar encaixar.

- Obrigada. Mas eu aguardo. – pega uma revista e começa a folhear.


Alfonso se 'virava' preparando uma janta com a filha presa ao seu colo por um "canguru". Ele mexe o arroz e afasta o pezinho dela de perto da panela. O microondas apita sinalizando que já cumpriu seu tempo. Ultimamente era só com isso que ele se alimentava, comida pré-pronta. Põe a luva e tira a bandeja:

 - Cheiroso, não é? – Anabella olhava curiosa e balbucia algo - Papai vai te dar o suco. – e lhe beija o cabelo. Mas o arroz começa a transbordar. Ele corre destampa e junta umas cenouras já picadas para cozinhar. Um pouco de sal... Anabella começa a se incomodar. Presa no peito dele, de costas para tudo e com fome.- Eu sei que está com fome. Deixa ver a laranja lima. – vai à fruteira; a maioria das frutas estragando:

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