Capítulo 13 - Revelações 2

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Alfonso se entrega a um choro copioso diante de Christian, se curva sobre os joelhos, na poltrona, chorando. Era sofrido: 

- Aquela mulher, a mesma falsa, ardilosa, mentirosa, que já tínhamos ido na casa dela, ela! Estava planejando fugir! - ele suspira - Os vizinhos denunciaram o choro de um bebê na casa, e ela nunca esteve grávida!! Já tinha uns 50 anos e não tinha filhos... E ela pegou minha mulher!

A família no apartamento se assusta com o telefonema. Já eram dois meses de busca em que haviam paralisado suas vidas em prol de buscar Anahí. Havia policiais na casa, visto que Alfonso havia saído junto deles, para verificar essa denúncia. E um policial quem atende. Ele é sério, curto e conciso nas palavras ao telefone. Breve, desliga e encara a família, Ruth, Maite, Marichelo e um tio, estavam lá:

- Eu gostaria que se sentassem. Recebi noticias.

- O que aconteceu? - Maite questiona.

Marichelo obedece já chorando.

- Sente-se senhorita, por favor. – O policial repete. Maite o faz - O investigador Mayer, e os policiais encontraram um bebê na casa, que há indícios que seja a filha de Anahí.

Marichelo abre um sorriso, há uma certa comoção na casa: E minha filha ?

O policial desvia o olhar, reluta mas tem que dizer :- Encontraram um corpo...

Marichelo nem precisa ouvir muito, já desmaia.


No hospital,Alfonso já se encontrava mais calmo em sua poltrona. Havia tirado sangue, mas não sabia para quê. Ele sentado no banco em frente a porta da sala onde o bebê estava, com os cotovelos apoiados nos joelhos, balançava a perna, tenso. Um dos policiais que o levara, vem vindo pelo corredor vazio. Alfonso levanta: 

- A menina está com eles, parece que está bem. E Anahí já chegou? Posso vê-la?

O policial comprime os lábios e Alfonso mexe as sobrancelhas num movimento descoordenado.

- Não. Ela não veio para cá, Alfonso...

- Não? Mas por que não? Ela foi pra outro hospital? Me diz qual é que vou até lá.

O policial resolve contar:- Alfonso, acharam um corpo.

Alfonso mais uma vez leva um choque: Corpo?? Não pode ser, não... - negava

- Ainda não há certeza, só há restos mortais, só um exame provará se é ela. Ou se o DNA provar que a menina é sua filha mesmo.

Como cascata, a lágrima escorre. O policial o abraça dando forças e Alfonso tem um choro copioso, como uma criança. 


O mesmo choro que Alfonso tinha na sala. Christian lhe dá um copo de água para que se acalmasse um pouco. Em vão: 

- Aquela dissimulada... - seu rosto vermelho de lágrimas e raiva - Prendeu Anahí quando ela foi ver a casa, nervosa começou a passar mal e a bruxa fez o parto. Imagina a dor que minha Ana sentiu. - ele chora mais - Depois ela simplesmente matou minha Ana. Disse que queria um bebê. - funga - Com a cara mais lavada do mundo contou os detalhes: minha mulher já fraca, perdeu muito sangue, ela disse que Anahí gritava pedindo pra ver a filha... E o que ela fez? A desgraçada lhe deu uma pancada na cabeça pra que calasse. E Anahí desmaiou... Ela disse que depois Anahí não tinha pulsação... Morreu. - Alfonso soluça como choro - E pra não deixar vestígios queimou minha mulher. Anahí nunca fez nada a ninguém. Ela não merecia! Ela não merece! - ele grita chorando, levanta - Aquela maldita! Ela acabou com minha vida! Eu quero minha Any! - ele andava pelo consultório, alterado, gritando - Eu não posso acreditar que isso aconteceu, ela não em deixou assim, assim, não! 

Christian tenta contê-lo: se acalme, Alfonso.

Alfonso agitado continua: Ela não morreu, ela não morreu ! Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh não!!

A recepcionista fica com medo ouvindo os gritos, resolve entrar:

- Doutor... - faz cara de assustada com Alfonso chorando no chão. Com um gesto mínimo de Christian entende e avisa ao próximo paciente que não poderá ser atendido. 

Dentro de um tempo, Alfonso se recompõe e continua a contar, já em sua poltrona, sem chorar:

- Eu fiquei um mês na casa da minha sogra. Ela também sofria muito. Foi terrível sair da minha casa. O quarto de Bella pronto, os ursinhos que Anahí tinha decorado com tanta dedicação. Quando falei em voltar pra minha casa, minha sogra quis ficar com o neném. Aí começou nossa briga em família. Eu jamais permitiria isso. Até mudei o nome do meu bebê. Anahí e eu escolhemos um nome bem simples: Bella. Mas eu preciso lembrar de Anahí, minha Ana, por isso mudei o nome para Anabella. Ela é tudo que eu tenho de Anahí, o presente que ela deixou pra que eu protegesse e amasse. E eu não vou deixar ninguém separá-la de mim. Somos só nós dois... - seus olhos voltam a ficar rasos d'água - Eu queria ter morrido no lugar dela. Porque eu não tenho mais gosto de viver, só minha filha me prende aqui. - de choro ele passa a seriedade - Por isso, se você pensa que vai conseguir mudar alguma coisa em mim, nem tente! Nunca deixarei de amar e pensar em Anahí. Se não quiser que eu volte ao trabalho eu não volto, só depende de você! E sim, eu vou a delegacia todos os dias ver aquela bandida, assassina, covarde, até o dia que eu consiga estar cara-a-cara com ela pra poder dizer o que eu tenho entalado aqui! De como ela acabou com a minha vida! - e se levanta.

Christian ainda o chama, mas sem mais, ele sai batendo a porta, os olhos e nariz vermelho. A recepcionista se assusta e corre para ver o terapeuta.

Alfonso sai cantando pneu. Chega em casa, sem dar um olá. Apenas beija a filha, que estava com Ruth na sala e vai direto para seu quarto, se trancando lá.

- E eu?? Que eu fiz dessa vez? – Ruth se perguntava. 

Anabella fica toda elétrica quando vê o pai, começa a conversar com seus sons indecifráveis. Pancho atento, pega um brinquedo da menina que havia caído do carrinho e começa a estraçalhar.

- Ah Pancho, vou te prender! Que droga! - Ruth tira dele, todo babado. O cão não era amigo das bonecas coloridas da menina - Vai direto pra lixeira. A menina vendo a avó levando seu brinquedo pra longe dela, começa o choro. Ruth, estressada, reclama: - Viu, Pancho! - e a tira do carrinho, enxugando o rosto com uma fralda - A gente pega outra boneca, não é pra tanto... - Mas vai à cozinha com ela, saindo ouve uma batida rápida na porta. Olha no olho mágico e abre. Era Armando. Se cumprimentam com um beijo.

- Cadê a boneca do vovô? – Armando brinca com a neta.

- Ah, não me fale em boneca!

Armando pega a menina no colo: Por que? - beija a neta. Ela coloca a bolacha que segurava, na boca dele - Está comendo, princesa? Dá pro vovô? Mas que séria, Anabella.

 - Só riu quando Poncho chegou.

- E cadê ele?- Chegou a pouco e se trancou no quarto. - Ruth conta e dá com os ombros.

- Tenho novidades no caso da maldita. Parece que Anahí não foi a única pessoa que ela matou.

- Não?? Sacripanta!!

- Ela vai a júri popular logo, certeza que vai ser condenada. Eu vim contar a Poncho o que conversei com o juiz do caso.

- Melhor não, Armando. Não hoje. Ele não está num bom humor.

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