Nostalgia

Capítulo 25

Alfonso fica pálido: Eu te chamei assim? Quando?

- Ontem. Quando me trancou!

Alfonso não se lembrava desse pequeno deslize: - Não, não... - não sabia como responder.

- Chamou. Achei que me conhecia... - abaixa os olhos tristes.

- Por quê? Seu nome é Anahí?

- Não... Acho que não... - completa quase num sussurro.

- Como assim? Não sabe seu nome? Por que convenhamos que Nina não é nome.

Ela dá um longo suspiro, os olhos já úmidos e levanta da cadeira: - O que você quer de mim?

- Por enquanto quero te dar umas coisas.

- Me dar coisas?

- Sim. - segura seu pulso e vai com ela para seu quarto. Ela gelava ao ver qualquer porta, fica mais calma quando ele solta seu braço e pede - Me espere aqui. - e entra sozinho, encostando a porta para que ela não visse Anabella dormindo na cama. Nina olha o cãozinho batendo o rabo em sua perna. Ele era simpático, a fazia sorrir e perder um pouco a fisionomia assustada. E Alfonso logo sai com uma mala- Isso é pra você. - Notava-se que estava bem cheia.

- Pra mim? – ela arredonda os olhos azuis - O que é isso?

- Venha que eu te mostro. – Alfonso já vai subindo as escadas, mas ela para na base. Ele estala os lábios, desce uns degraus e a puxa pela mão. Pancho também os segue. Alfonso põe a mala encima da cama e abre. A mulher parada na entrada da porta estava assustada - Vem, aproxima... – Alfonso pede. Ela curiosa, dá dois passos pra frente e Alfonso explica - São umas roupas pra você, uns calçados, tem roupas íntimas também. - ele vai tirando e espalhando sobre a cama - Absorventes, caso precise... - ainda balança na mão, fazendo a mulher corar e desviar o olhar. Alfonso se dá conta e deixa sobre a cama.

- Por que está me dando essas coisas?

- Eram de minha esposa. Agora são suas. Acho que é do seu tamanho. - ele tinha certeza só de olhar. Só que agora Anahí aparentava mais magra. Ela dá um passo para trás por causa dos olhos dele em seu corpo. Alfonso percebe que a tinha intimidado - Pode escolher uma roupa, se banhar. Estarei lá embaixo.

Passa ao lado dela saindo e assobia para Pancho que o segue.

- Só trancarei a porta por precaução. Quando acabar, virei abrir. - e sai, trancando. Nina ainda não compreendia nada.

Alfonso desce as escadas com Pancho no colo, que lambia seu rosto:

- É sua mãe, Pancho?

Com a roupa nova, um vestido solto, azul que realçava seus olhos, e os cabelos agora lavados, desembaraçados, parecia uma nova mulher. Ela havia se surpreendido da roupa lhe cair perfeitamente bem. 

-MaRiCheLo - ela lê a etiqueta em todas as lingeries novas sobre a cama - Marichelo... Marichelo... Esse nome não me é estranho. Eu já devo ter passado em frente a essa loja... - Ao mesmo tempo que andava de um lado para o outro no quarto, ignorando o fato de que a porta já estava destrancada e poderia sair a qualquer momento. O pavor era maior - O que ele quer de mim? Por que me deu roupas novas? Agora ele vai vir me procurar... Mas a mulher dele está aqui... E se não for ela? Ele mentiu?!

Ruth esperava Alfonso no apartamento e nada dele chegar. Já estava nervosa porque nem o cachorro estava na casa.

 - Alfonso só leva Pancho em viagens longas... E nenhum dos carros estão na garagem. Onde esse garoto se meteu?!

Já havia ligado sete vezes para o celular, que agora dava desligado ou fora de área.