Capítulo 11 - Explicações

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Ruth já contava a novidade para Maite : 

- Ainda mais que você não sabe, Dulce dormiu aqui!

- ...

- Não grita, ai! Foi.  Eu cheguei de surpresa e vi, ela de pé aqui em trajes menores. Com uma camisa sua de dormir. Aquela da loja da Marichelo que eu não gosto. Ele deve estar constrangido porque eu vi. - falava baixo ao celular, espiando se Alfonso não vinha, e ele aparece, ela muda o assunto. - Então, vem pra cá ver a menina, Maite. E nos falamos.


Numa reunião no jornal, Dulce e Christopher aguardavam outros chegarem. Christopher estava distraído. Dulce coloca um copo de café em sua mesa:

- Dormindo ainda? Exatas 11h07 da manhã. - Ele destapa o copo de café, agradecido e Dulce conta orgulhosa - Ontem jantei com Alfonso. - Ele que logo recriminava, fica quieto, toma o café quente. - Vi Anabella. Está linda. 

- Ela é. – diz o tio orgulhoso.

Dulce levanta o rosto dele puxando os cabelos na nuca: O que você tem, Chris?

Christopher com um olhar amedrontado, conta: Eu vou ser pai.

- Quê??? – depois de se recompor da surpresa, Dulce questiona - Quem é a mãe?

- Uma modelo aí. Saí com ela faz um tempão e depois não nos vimos mais. Agora ela aparece grávida de três meses e diz que é meu.

- Hunf, parabéns! – Dulce parabeniza com certa raiva.

- Não, droga! Eu não quero ser pai, eu não estou preparado pra isso... Nem conheço a garota direito. Não foi assim que eu pensei ter um filho. Mas sim casado, daqui a uns anos, com a mulher da minha vida, que eu ainda vou encontrar. - Dulce arqueia as sobrancelhas. Christopher era um namorador assumido, ela se admira que ele pensasse assim - Esse filho não é meu! – leva as mãos a cabeça.

Dulce sorri irônica: O papo sempre é esse. Parabéns, amigo! - lhe dá um tapinha no ombro e dois colegas entram na sala, para a reunião - Cadê o Rodrigo? Eu vou atrás dele!

Ela estava chateada com a história de Christopher, e não com o colega que não chegava. Mas resolve sair da sala para respirar. Ao invés de ir atrás do colega, entra no banheiro, onde se recosta na parede, fecha os olhos e quando abre, seus olhos estão rasos d'água. Sem esforço, a lágrima cai:

- Um filho... Parabéns, Christopher. - sussurra chorando - É, chegou a hora de te esquecer.


Christian esperava por Alfonso:  - Chegou um pouco tarde, Alfonso. Sinal deu que saiu a algum lugar. - Alfonso concorda e senta - Não foi a delegacia, não é?

Alfonso arregala os olhos: Quem disse?

- Vamos supor que eu adivinho... Você indo lá se prejudica, Alfonso. O delegado quer lhe prender.

- Pois que prenda! É isso que quero. Assim poderei ficar cara-a-cara com ela.

- E o que vai fazer?

- Me vingar!! - Christian balança a cabeça - Porque não foi a você que ela fez mal! Você diz não saber, mas está fingindo, porque se não soubesse não teria dito as coisas que disse agora. Mas eu sei, as pessoas querem ouvir toda a história da minha boca. Não sei o prazer mórbido que sentem nisso, mas eu vou contar!

- Sim, expresse o que tanto lhe incomoda, eu quero que você me exponha.

Alfonso bufa: Por onde começo? - pergunta a si mesmo. 

- Por onde quiser.

- Anahí estava com quase nove meses. Linda. A barriga bem redonda e avantajada, nem via mais os pés. Mas se sentia bem, fazia tudo, ia pra tudo que é lado.  Ainda ia para a veterinária; eu a levava e buscava. A mala do bebê ficava no carro dela, porque caso eu não tivesse em casa e ela passasse mal, iria com o carro dela para a maternidade. - ele faz uma pausa para organizar os pensamentos - Desde que descobrimos a gravidez decidimos comprar uma casa. Meu apartamento é aconchegante, mas comprei quando solteiro, já tinha um cão, vinha uma criança, menos espaço... Era uma vida nova, casa nova. Então Ana e eu resolvemos comprar uma casa. Então comecei a buscar e vimos várias, mas nenhuma nos agradou realmente. Ou eram casas antigas ou eram distantes, de qualquer forma nenhuma foi do nosso agrado. Estava muito difícil de conseguir essa casa, uma que não fosse só no meu gosto, mas pensando em minha família. - ele bate no peito, dando ênfase - Porque nosso plano era nos mudarmos antes de nossa filha nascer, mas conforme passava o tempo, acabamos deixando a pressa de lado...

- Não se sente mais confortável deitando no divã, Alfonso? – Christian o interrompe.

- Não. - e já continua, não queria perder o pensamento - Mesmo já deixando o assunto casa de lado, Anahí nos dias que ficava em casa, buscava nos jornais, sites e anotava... - Alfonso esfrega asperamente a mão no rosto - Tanto não tinha mais pressa que minha mãe que estava ajudando a encontrar uma casa foi viajar com meu pai para Monterrey. Era aniversário de casamento do meu tio e nós sempre íamos pra lá, comemorar. Dessa vez não fomos porque em breve Anahí ia dar a luz. - Alfonso não encarava Christian, olhava para um dos livros na grande estante ao fundo da sala - Dois dias antes, a médica havia dito que Bella tinha perdido peso, Anahí estava com muita azia no final da gravidez por isso não comia suficiente. Então ficamos... Naquele dia deixei Anahí num salão. Ela queria esticar o cabelo - sacode a cabeça perdendo o livro fixo que encarava - Esticar não, escovar, fazer chapinha, não sei o nome... E as unhas. Ela ia toda semana. Eu a deixei e ela ia embora de táxi, era num shopping perto de casa. Eu tinha que estar no jornal, fui.

Christian nota as mãos trêmulas de Alfonso.

Anahí dobrava umas roupinhas de bebê e colocava na cômoda da filha quando o telefone toca. Ela se esforça para correr, rebolando até o quarto do casal, onde havia uma extensão mais próxima.

- Amor, só liguei pra saber se já chegou do salão. – Era Alfonso.

Anahí senta na beirada da cama: Já, amor. Não se preocupe. - acariciando a barriga.

- E está tudo bem? Bella não deu sinal?

- Está tudo ótimo. Ela acordou agora, está tentando se mexer apertadinha. As vezes minha barriga fica muito dura. - dando leves batidinhas num lado da barriga.

- Quer que eu vá pra aí?

- Não, é igual todos os dias. Se precisar eu te ligo.

- Ana, qualquer coisa, me avisa na hora, hein!

- ok, papai.

Alfonso sorri: E você já almoçou?

- Sim, senhor! Ah, e sua mãe ligou perguntando por Bella e por você. Disse que lá está tudo bem, seu tio mandou lembranças e voltam segunda.

- Depois ligo pra eles, estou na reunião ainda. Só deu uma pausa para almoço e te liguei. Mas agora descansa. Deita pra não inchar os pés.

- Eu sei, Poncho. 

- Assim que der, vou pra casa. Te amo.

- Beijo do papai, bebê. - diz com voz manhosa encostando rapidamente o telefone na barriga - Te amo. - e logo desligam.

Anahí estica as pernas e olha os pés: - Não estão muito inchados, acho que dá. Filha, segura aí. - e se ergue da cama, pega a bolsa com que havia saído cedo, e tira um papelzinho - Espero que tenha anotado certo. - e disca. Não demoram muito a atender – Boa tarde! Passando hoje de tarde em frente, vi uma placa de venda na casa. Eu estou interessada. - fazia carinho na barriga.


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