Capítulo 24

185 9 0
                                        


O galo canta cedo no sítio, mas só o choro de Anabella desperta Alfonso, poucos minutos antes das 6h da manhã. Alfonso esfrega os olhos, boceja e quer virar para o canto, mas o coral de Anabella não permite

- Não, vai acordar ela.  - E ele puxa a filha para cima de si, lhe dá um beijo  - Vamos dormir, Ana, por favor. – lhe dando palmadinhas leves e ritmadas na fralda. Anabella em posição de engatinhar no peito dele não quer saber de dormir mais. Resmunga- Eu sei, está molhada e está com fome. - levanta.

Lhe dá a mamadeira subindo as escadas, para na porta do quarto da mulher mas não ouve nada. Desce. Dá a ração de Pancho e olhando na janela avista Pedro já cuidando do serviço no sítio.  Termina a mamadeira de Anabella, olha para cima. Tudo quieto ainda às seis e pouca da manhã. Ele fala com Anabella:

- Você lembra daquelas fotos da mamãe ? Hoje você vai vê-la pessoalmente.  - E segue para a cozinha, onde abre a geladeira-Nada ?! 

Não havia ninguém na casa, portanto nada de comida. E ele já tinha fome. Na despensa, também nada. Se 'Anahí' acordasse, também teria fome e nada pra comer. E ele ouve uma voz baixa se aproximando. Era Maria entrando:

- Patrão, Pedro comprou esse pão hoje cedo, mas o bolo é de ontem que eu fiz. Os meninos gostaram. Ah, o leite é da vaca. A gente não compra com tanta vaca aí, né? E o queijo a gente aprendeu a fazer. Pedro não sabia o que fazer com tanta vaca, tanto leite aí o pessoal... - e se cala - E ela já acordou? – se referindo a Nina.

- Acho que não, senão já estaria fazendo um escândalo. - põe leite no café.

- Patrão, sem querer me meter, mas não estamos entendendo ainda. É a D. Anahí mesmo ? O senhor explicou ontem, mas...

- É ela sim, Maria. Ainda não sei explicar como, mas é. Anahí não morreu. Estou com dor de cabeça de tanto tentar explicar, mas tenho certeza que é ela. Só repito que não lhe indícios que ela é da família. Parece que perdeu a memória..."Ou estaria fingindo pra mim?" 

- Ok, patrão. Bom vou dar café aos meus meninos. Logo volto pra arrumar a casa.

Alfonso consente e a mulher se vai, com medo:- Meu Deus, ela ressuscitou. 


Alfonso vai rápido a um mercado. Precisava abastecer a despensa e a geladeira. Na sessão de fraldas avista uma mulher com um menino - Um pouco maior que Anabella - dentro do carrinho de compras. Alfonso se aproxima:

- Com licença, pode me ajudar? Qual fralda é melhor, que não dá alergia?

- Olha, meu filho teve muita assadura, a que eu acho melhor é essa. - aponta- Só tenho usado essas. 

Alfonso agradece pegando vários pacotes. A mulher fica parada o olhando ir, imaginando que o conhece de algum lugar. Só não se recorda de onde. As pessoas tem memória curta, mas muito curta...

Alfonso compra outras coisas: leite... - "Anahí nunca foi tolerante ao leite puro da vaca " - Alimentos não perecíveis e mais algumas coisas. Já Anabella nunca tinha ido a um mercado. Estava encantada. Seus olhos viravam para cada barulho, cada cor, cada voz. Ela estava atenta com o dedinho na boca. Tudo era novidade. Alfonso não se tarda muito. A suposta Anahí estava trancada no quarto ainda. Sem café da manhã, sem entender nada... era muito crueldade. 

Na volta, com o balanço do carro, Anabella dorme. O carro entra no sítio e Pancho feliz corre atrás, mas nem entra na casa, estava mais feliz correndo atrás das galinhas, dos patos e passarinhos. Alfonso entra com as bolsas primeiro e depois pega Anabella. Nina já havia acordado, estava sentada na cama, abraçando os joelhos. Ao ouvir o carro, ela levanta, abre a janela, mas com o telhado, não consegue vê-lo adentrando na casa com a menina no colo. Só consegue observar dois carros estacionados  - o dele e o de Anahí:

NostalgiaOnde histórias criam vida. Descubra agora