Capítulo 27

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Nina não sabia muito o que fazer com a bebê nos braços. Só a olhava. Alfonso volta com uma pêra, colher e prato:

- Senta... - fala com ela que ainda estava em pé. E Nina senta no sofá com a menina em seu colo, que olhava para o pai e para a  mulher, com seus olhinhos sempre parecendo assustados. Conhecia o pai, mas aquela mulher... talvez também a conhecesse.

Ele parte a pêra ao meio e raspa bem superficial com uma colher, lhe dando na boca.

- Ela é sua filha?

- Sim... "E sua também!"

Nina fica curiosa: E a mãe dela? Não está aqui?

Alfonso, pego pelo susto, arqueia as sobrancelhas: - Sim... está. - dando mais pêra a Anabella.

Nina tinha um sorriso nos lábios: Ela é linda.

- Tem os olhos da mãe... Iguais os seus. - Nina franze a testa.

Pancho entra na casa, já que a porta da sala ficara aberta e vai direto ate a menina, se apoia na perninha dela, cobiçando sua fruta. A menina lhe toca e ele lambe sua mãozinha. Mas Alfonso o repreende:

- Pancho, já falei pra não lamber! - e o cão desce, cheira os pés de Nina, abana o rabinho e pula para o sofá, deitando junto dela - Ele está pedindo carinho. – Alfonso explica. E ela afaga seu pelo - Na gravidez de Anabella ele ficava o tempo todo assim. No meu apartamento a sala tem um carpete enorme e minha mulher e eu gostamos de ficar deitados sobre almofadões, aí vinha ele e deitava a cabeça na barriga dela. Ela fazia carinho e ele chegava a fechar os olhos. – Alfonso contava para ver se ela se recordava. Mas ela não dá nenhuma reação, além de continuar a acariciá-lo - Com o tempo a barriga ficou tão grande que ele não conseguia, então ele arrastava um travesseiro até a sala, subia nele e deitava a cabeça na barriga dela. Eu só ficava olhando a manha desse cachorro!

Nina não pode deixar de rir. E logo o silêncio se instala, enquanto Alfonso alimentava Bella e Nina ainda se questionava:

- Por que me trouxe para cá?

- ... Por causa dela. - olha para a filha - Preciso de uma babá...

Nina coloca Anabella no andador e levanta, levantando Pancho também: Você acha que me engana? Você ia querer uma pessoa como eu pra cuidar da sua filha? Você nem me conhece! Acha que sua mulher ia permitir?!

- Acalme-se , por favor. Está assustando a menina.

Nina olha a menina que a olhava, mordendo o dedo indicador, e continua mas branda:

- Você é rico, eu já percebi, e nem sabe quem eu sou, como sou. Não ia me trazer assim como me trouxe e confiar que eu cuidasse da sua filha. Fale a verdade, por Deus!

Alfonso puxa a mão dela para que se sentasse: Não se altere, está assustando a menina.

Então ela senta-se, calada. Ele calmamente dá mais uma colherada de pêra a Anabella e explica:

- Você tem razão; mas não estou mentindo. Eu agi sim sem pensar. Mas vou explicar: anteontem tive uma discussão muito séria com minha família e para me vingar, descontei fazendo essa extravagância com você. - recontextualiza.

- Você brigou com sua mulher e acha que melhoraria fazendo o fez comigo?! – ela acredita.

- Eu não briguei com minha mulher... Briguei com meus pais.

Nina faz cara de brava: Não acha que esta um pouco grandinho pra essas inconsequências? Não é a toa que sua mulher veio atrás de você. E quando acordar, vai querer me matar! E o que eu faço? Não tive culpa nisso!

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