Capítulo 55 - "Não!"

184 12 0
                                    

Os olhos dela brilhavam. Não esperava aquela pergunta. Mas antes de responder são interrompidos pelas primeiras palavras compreensíveis de Anabella, chamando o nome  cachorro, que encostava em sua perninha lambendo o bolo no chão.

Os pais se entreolham: Ela falou?? - Frustrando os planos e os esforços deles de que ela falasse papai ou mamãe, mas não os deixando menos felizes. Alfonso a pega, erguendo no ar. Além de já estar feliz, agora parecia emocionado.

Anabella não parava de repetir o nome do cachorro. Alfonso olha para Anahí que também tinha os olhos brilhando e beija a menina. Alfonso faz o mesmo num beijo demorado e estalado. 

- Não era bem a primeira palavra que eu queria que ela falasse não,  mas estou muito feliz. -  Alfonso diz sacodindo a menina, que gargalha.

- Eu tentei que ela falasse "papai"! - Anahí explica achando que esta era a palavra tão esperada por ele - Mas acho que o que ela mais ouviu até hoje foi "Pancho". - sorri.

E ao ouvir outra vez o nome, Anabella volta a dizer, olhando para o cachorro. O que chama atenção do casal para o cão, que lambia a mesa, quase no bolo. Os dois gritam espantando o cão, que se afasta dali mas volta, dessa vez pula no sofá. Com a menina tão atarefada em se comunicar com o animal, e passado a euforia, Alfonso novamente encara Anahí. Seu olhar tinha uma expressão até amedrontada, de expectativa, parecia que podia ouvir sua respiração, como um adolescente com sua primeira namorada. Anahí fica encabulada com aquela mirada.  Seu coração bate acelerado. Ela esperava que ele não repetisse a pergunta, mas Alfonso repete: 

- Ana...quer ser minha namorada?

Anahí, ergue as sobrancelhas, muda. Alfonso aguarda, cheio de esperança. Queria poder beijá-la outra vez, abraçá-la, amá-la...

Já Anahí pensava nas palavras da mulher, mais cedo, na praça:

- Ah, já trabalhei de babá por uns anos antes de casar. Foi horrível! .... Porque os patrões que tive deram encima de mim! Casados, eu cuidando dos filhos e queriam me apalpar, me beijar. Mas só isso! Falavam de algo sério? Claro que não queriam largar as esposas! Hunf! Não sei, acho que é algum tipo de fetiche com babás que esses marmanjos tem!

 E raciocinava : "Ai meu Deus, eu sinto algo por Alfonso. Eu gosto de estar com ele, sinto sua falta quando esta longe, seus braços, seus beijos repentinos.. mas aquele sonho, eu tive um filho, eu tenho um marido, ou tive?... E aquilo que Maíra falou... eu não tenho nada a ver com Alfonso, ele vai brincar comigo e não quero sofrer...

Alfonso a chama, perdida em pensamentos: Ana? - continha a respiração, pronto para beijá-la a ponto de derrubá-la no chão. 

Anahí abaixa a cabeça: Não...

Alfonso sente uma dor no coração: Não? Por que não? - muito surpreso.

Anahí não o olhava: Porque não, Alfonso...não... e não. - levanta do sofá já para fugir dali mas Alfonso segura sua mão e a olha com olhos úmidos:

- Não sente nada por mim de forma que pudéssemos começar alguma coisa?

Amor... - Anahí pensa, mas  responde: Uma enorme gratidão e carinho por você... e sua filha.

Alfonso solta a mão dela: Desculpa... Eu não queria te pertubar com isso. - Ela balança a cabeça que não. Anabella vendo a mãe de pé abre os braços para ela-  Eu peço que com isso, não mude sua atitude comigo.

- Não vai mudar.

 Alfonso então pede: Fica, come o bolo. Estou cansado, vou tomar um banho. - levanta e entrega Anabella para ela. - bem triste vai indo para o quarto.

NostalgiaOnde histórias criam vida. Descubra agora