Capítulo 30 - Consulta

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Marichelo estaciona à entrada do edifício de Alfonso. Era a primeira vez que ia até lá desde a morte da filha. Necessitava muita coragem para isso. Não podia acreditar que sua filha, tão jovem, não estava mais ali. 

Com a saída de um morador pelo estacionamento, ela entra sem passar pelo porteiro. Pega o elevador e toca no apartamento. Silêncio. Toca novamente e nada de alguém aparecer ou Pancho latir. Ela tenta mais uma vez e sem resposta vai ao porteiro que informa:

- 'Dr' Alfonso não está já faz alguns dias.

- Ele não tem aparecido em casa? Está com a família?

 - Não sei não, senhora...

Marichelo agradece e volta a seu carro. Do celular, liga para o de Alfonso. Desligado. Ela parte com o carro pensando:

- Onde Alfonso se escondeu? Hoje é sexta, pensei em ficar Anabella. Só falta ele esquecer o que combinamos.

E para na casa dos pais de Alfonso. A empregada à conduz para dentro e chama Ruth sem avisar quem era a visita.

- Marichelo? - Ruth dá um sorriso sem graça ao ver a sogra do filho. Aproxima e cumprimenta com um beijo - Que surpresa sua visita.

- Desculpe vir sem avisar, mas, na verdade vim atrás de Alfonso. Passei no apartamento, mas ele não estava. Queria saber dele, pois amanhã é sábado, pensei em ficar um pouco com Anabella, como já haviamos combinado.

Ruth fica nervosa , solta um suspiro assustado sem querer.

- O que houve ? - Marichelo pergunta ingênua.

- Ele foi viajar, sinto muito. 

Marichelo se entristece com a notícia: ...com Anabella?

- Sim. E não sei quando volta!

- Tudo bem. É bom pra eles. Para onde foram?

- Foram... foram... para Monterrey.

- Longe... mas é bom ficar longe dessa cidade que só traz más lembranças.

- É, é sim. 

- Dê lembranças a ele por mim e mande um beijo enorme pra minha neta. Estou morrendo de saudade.

- Claro, com certeza mandarei sim. – Ruth abre um sorriso largo, desejando que Marichelo se retirasse logo e é isso que ela logo faz.


Alfonso tarda no escritório. Quando por fim sai do cômodo, procura pela família. A encontra no seu quarto; Giovana já tinha banhado e vestido Anabella, penteava a menina enquanto  cantava e brincava com ela. Ele encosta no batente da porta, segurando o riso, com a cantoria: 

- Bebê, nem parece aquela menina descabelada que eu chamo de filha! - A menina acaba rindo das palmas que Alfonso bate. 

Giovana toma um susto, não havia notado sua presença. Coloca de pé na cama mostrando o conjunto que havia escolhido a dedo, não como Alfonso que vestia a primeira roupa que pegava sem nenhuma combinação.

- Obrigado por cuidar dela. -  Ele agradece Giovana apenas esboça um sorriso amistoso e lhe entrega a menina - Por que não aproveita agora e ajeita suas roupas no armário, ou descansa, assiste TV? Sinta-se à vontade. Eu fico com essa mocinha.

Giovana sentia-se um pouco fora de órbita, não estava habituada com atenção e sem palavras aperta a bochecha de Anabella e vai para seu quarto. Quando ela se afasta, Alfonso segura a filha no ar: 

- É a mamãe, Bella! O que achou dela? Viu como ela te tratou com carinho? Vamos ver seu irmão? Digo, Pancho... Já estou relembrando as manias dela. – ele sorri - Onde esse canino se meteu? - e sai com a filha para fora da casa. 

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