Capítulo 6 - terapia

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Ele batia as pernas no chão enquanto aguardava na sala de espera. Sua expressão era de poucos amigos quando ouve seu nome, levanta a contragosto.

- Bom dia, Alfonso! - Alfonso retribui o aperto de mão sem firmeza, e já procura uma poltrona - Muito prazer, meu nome é Christian Chavez e estou a sua disposição para ajudá-lo. –senta-se numa poltrona confortável a frente de Alfonso - Muito bem, Alfonso. O que lhe trouxe aqui?

"Hahaha, é piada?"

Alfonso fica indignado: Bom, antes de tudo, quero que saiba logo que não tenho nada. Estou aqui porque me foi imposta esta condição de trabalho. Querem se ver livres e eu não tenho nada a dizer.

Christian apóia o tornozelo sobre o joelho e se recosta na cadeira:

- Então não está por vontade própria?

- Não!

- Mas então, já que está aqui, porque não aproveita o tempo? Há muitas coisas que podemos falar que não tem haver com saúde mental. Até porque nem todos que fazem uma terapia tem algum problema real. Eu não sou médico de loucos. – diz fazendo aspas e sorri para descontrair.

Alfonso não expressa nenhuma reação, só o olha sério, sem responder. Christian continua:

- Ou se preferir podemos ficar em silêncio por uma hora... Mas acho que dessas nossas consultas dependem outras coisas, como pude entender pela nossa breve introdução.

Alfonso em silêncio. Christian também permanece calado, por cerca de dez minutos, quando Alfonso fica impaciente, inconscientemente começa a balançar as pernas."Que atitude infantil":

- Vamos deixar de ser crianças! É só me dar um laudo dizendo que estou bem, simples.

- Mas sem antes nem ter conversado com você? Não posso, não é ético, Alfonso. Compromete meu trabalho.

Alfonso inspira fundo, rogando paciência.

- Não vamos ser infantis. Vejamos, me disse que não está aqui por vontade própria. Parece que seu trabalho que lhe encaminhou, você acha que foi injusta essa decisão?

A pergunta faz Alfonso refletir: Não sei, não sei se foi injusto. Acho que eles têm um fundo de razão.

O psicólogo muda a fisionomia, Alfonso percebe.

- E por que você acha que eles teriam um motivo? Já concordou que eles têm uma razão...

- Ando atordoado e impaciente demais. Com minha família, comigo!

- Até com as palavras...

Alfonso franze a testa e continua: Eu vejo coisas que não são, que são do passado, eu tenho receio de coisas simples, mas não estou perdendo a razão!

Christian olha para as pernas de Alfonso batendo, o que o faz parar com o tique:

- Você pode me dar um exemplo, Alfonso?

- De quê?

- Você disse que está atordoado, impaciente, com medo. Você acha que isso é um problema para você?

- Bom, não... sim.

- Sim ou não? – pergunta o psicólogo.

- Para mim não, mas incomoda os outros! Eu não quero sair de casa, não tenho vontade e as pessoas insistem que eu devo. Eu não tenho que dar explicações da minha vida, mas isso estressa!

- E por que não quer sair?

- Porque não. - dá com os ombros - Ali é meu lugar. Eu me sinto bem, protegido. - Christian escrevia - Eu não preciso sair. Aí quando eu resolvo voltar a trabalhar, me mandam parar. - estala os lábios - Por isso eu não entendo nada! O que querem de mim? - Alfonso desabafa.

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