Capítulo 5 - Equívoco

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Alfonso passa suas férias fazendo aquilo que mais fazia nos últimos cinco meses: nada.

A casa escura e silenciosa. Se não fossem algumas irritações comuns, o latido de Pancho e o maldito telefone... E Dulce, que quatro vezes havia ido lhe visitar, mas Alfonso fingia não estar. Agora já não podia fazer o mesmo. A recebe a contra gosto.

Dulce arqueia as sobrancelhas:

- Posso entrar?

"Que falta de educação, Alfonso!" - ele mesmo se recrimina. E trata de se corrigir:

- Perdão, Dulce. - e abre mais a porta.

- Vim quatro vezes e você não estava. - ela para no meio da sala. A única luz acesa de todo o apartamento era ali. Pancho vem cheirar seus pés e Dulce o acaricia - Oi rapaz!

- É, estive dando uma volta. – "grandes voltas pelo apartamento..." Ele completa em pensamento.

- Que ótimo. E como está? – ela se aproxima, lhe toca o ombro se apoiando e o beija o rosto.

- Estou bem, quer dizer, levando. Senta... Quer tomar algo?

Ela senta mas recusa tomar: Não, obrigada. Eu trouxe um presente.

- Pra mim?

- Também, quer dizer, é mais para ela. - e tira da bolsa um pequeno embrulho.

Alfonso abre a caixinha de jóia, meio sem vontade e encontra um par de brincos pequenos:

- Oh, obrigado, Dulce. Ela gosta.

- Está sozinho? Eu queria vê-la.

- Ela está chegando. Está com Marichelo. Christopher a levou.

- Ah sim, é bom para ela sair, ver outras pessoas.

Alfonso discordava, e ainda estava de pé, sinal de má-educação. Esperava que ela fosse embora logo? Por isso o silêncio constrangedor que se segue. Dulce o olhava, então ele se dá conta e senta-se no outro sofá.

- Er, eu também vim pedir sua ajuda, Poncho.

- Se eu puder...

- Pode sim. Estou querendo entrar numa academia e você sempre foi bem ligado nisso... Eu preciso perder uns quilos. Sinto que estou virando uma obesa.

"Todas as mulheres são iguais".– Ele não pode contar o sorriso.

Anahí solta um grito histérico. Alfonso, no escritório do apartamento, corre até ela:

- Any que aconteceu??

- Poncho, não é possível! Lembra dessa minha calça, ela era larga, o botão fazia descer, agora olha isso! Não tá mais folgada! - Anahí num tom desesperado

Alfonso alisa o cós da calça e seus dedos entram sem esforço: Any, está igual!

- Não está, Poncho! Foi aquele algodão doce que comemos! Você promete que nunca mais me deixa comer doces?? Nem que tenha me amarrar no pé da cama!

Alfonso não consegue conter o riso: mas Anahí...

Ela o cala com um dedo nos lábios: Jura!

Alfonso balança a cabeça e ela tira o dedo: Obrigado, meu amor! - lhe beija os lábios - Agora vamos jantar que estou com fome.

Alfonso franze a testa.

- Poncho... Poncho? - Alfonso sacode a cabeça - Está me ouvindo? Estava viajando...

- Claro, ouvi. – "Na verdade não ouvi nada mesmo."

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