Prisioneira de um fazendeiro

Discussão

Marta
  Chego na casa do André, ele abre, me olha e diz:
- Entra, brigou com o Rodolfo né?
- Sim.
Entrei e me sentei.
- O que aconteceu dessa vez?
- Ele não acreditou nas coisas que eu disse sobre a mãe dele. Pedi pra ele tomar um posição, mas como ele não tomou nenhuma, eu mesma tomei por ele. Posso ficar aqui por um tempo?
- Claro que sim, por quanto tempo você quiser, minha casa está sempre aberta pra você.
- Muito obrigada André, não sei o que faria sem você.
- Que nada, agora vai deixar suas coisas no quarto, enquanto eu preparo alguma coisa pra você comer.
- Eu te amo demais sabia?
- Quem não me ama?
- Convencido.
Arrumo minhas coisas no meu antigo quarto, volto para a sala, comemos e eu vou dormir.
Acordo com alguém batendo na porta, me levanto para atender porque André já foi trabalhar e creio que já deve ser um pouco tarde. Abro à porta e dou de cara com Rodolfo:
- O que você quer aqui?
- Eu vim ver vocês e ver se você já esfriou a cabeça.
- Eu e o MEU filho estamos ótimos. Minha cabeça está bem fria.
- Vai voltar pra casa?
- Sua mãe ainda está lá?
- Sim, mas...
- Mas nada, você já tem a sua resposta, agora já pode ir embora.
- O nosso amor não é maior que tudo isso?
- Se nosso amor fosse maior que tudo isso sua mãe não estaria morando lá.
- Eu amo às duas. Você não tem noção do quanto, eu senti falta dela e agora que finalmente a reencontrei você quer  tira-lá de mim novamente?
- Com toda certeza, porque eu sou a bruxa da história.
- Não foi isso que eu disse.
- Foi exatamente o que você disse. Sua mãe é mais importante que a sua família, então fique com ela.
- Para, minha mãe também é minha família, assim como vocês.
- Não vou discutir mais com você, já tomei minha decisão.
Antes dele responder qualquer coisa, fechei à porta na cara dele e fui tomar meu banho. O resto do dia passou normalmente.
  Acordo bem cedo, pois hoje teria consulta médica, tomo um rápido café, peço um uber. Chego no consultório e adivinha quem estava lá? Rodolfo. Não me lembro de ter chamado ele, vou em direção à ele e falo:
- Posso saber o que você está fazendo aqui?
- Estou aqui para te acompanhar na consulta do nosso filho.
- Meu filho.
- Você  querendo ou não, eu sou pai dele.
- Pai que escolheu a mãe ao invés do filho.
Quando ele ia responder, nos chamar para entrar. O médico começa a fazer o ultrassom e diz:
- Esse aqui é o filho de vocês.
Eu falo:
- O meu filho doutor.
Rodolfo revira os olhos e não diz nada. O médico diz:
- A senhora anda muito estressada?
- Um pouco, por quê?
- Porque dá pra notar. A senhora tem que se alcamar, as primeiras semanas são muito importantes para a formação da criança.
Rodolfo diz:
- Pode deixar que eu vou cuidar disso doutor.
- O meu estresse poderia sumir junto com você.
  O médico nos dá uma bronca, me passa mais algumas vitaminas e alguns exercícios para tentar ficar mais calma. Estávamos na recepção quando Rodolfo fala:
- Vem, vou te levar para a casa do André.
- Não me lembro de ter pedido carona.
- Eu me ofereci.
- Mas eu não quero, inclusive já pedi um uber.
- Eu não vou discutir com você pelo bebê.
- Melhor assim, meu carro chegou. Tchau filhinho da mamãe.
  Nem esperei resposta e fui para casa.