Ressaca

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Marta
Acordo com um pouco de dor de cabeça, vem alguns flashbacks de ontem, mas eu não me lembro de absolutamente tudo, tomo um banho e desço para almoçar porque já é tarde, ainda bem que hoje é sábado já pensou ter que ir pra aula nesse estado? Não dá. Desço, vejo Maria e falo:
- Boa tarde Maria.
- Boa tarde menina, o remédio para dor de cabeça está ali na mesa.
- Você é um anjo Maria, mas como você sabia?
- Eu vi o estado que você chegou ontem, até me ofereci pra ajuda, mas Rodolfo não quis.
- Foi tão ruim assim?
- Sim, você não lembra?
- Não muito, só lembro de algumas coisas.
- Eita, o Rodolfo está um fera com você em.
- Eu imagino, vou passar o dia no meu quarto pra evitar ele.
- Evitar quem? Rodolfo disse.
Maria fala:
- Com licença.
Eu me viro e falo:
- Evitar ninguém não.
- Nós precisamos conversar.
- Tá, mas primeiro eu preciso comer.
- Ok, come quando terminar passa no escritório que estarei te esperando.
- Tá bom então.
Vou para a cozinha, almoço bem devagar para tentar adiar o inevitável, terminei, agora estou indo para o escritório. Chego, bato na porta, Rodolfo solta um:
- Entre.
Eu entro, me sento e falo:
- Estou aqui, pode falar.
Ele se levanta, tranca a porta e fala:
- Eu não acredito no que eu vi ontem, sério.
- Nem eu.
- Você totalmente bêbada parecendo aquelas adolescentes imatura, eu quero entender o porquê de tudo aquilo, porque você não é assim.
- Não justifica, mas eu só queria esquecer um pouco dos problemas, acabei pensando em umas coisas que me deixaram meio confusa e triste.
- Que coisas são essas?
- A nossa briga e a sua desconfiança, me falaram umas coisas que agora realmente tem lógica.
- O que por exemplo?
- Que você desconfia de mim porque quem esconde coisas é você, que deve viver aprontando por aí e tem medo de que eu faça o mesmo com você.
- Deixa eu adivinhar quem falou isso, aposto que foi o João.
- Não importa quem foi.
- Importa sim, ele ficou enchendo a sua  cabeça de besteiras, ele é tão confiável que sabe lá pra onde ele iria te levar bêbada, mas a sorte é que eu cheguei bem na hora.
-  Eu acho que ele não faria nada, mas nunca se sabe né.
- Ele tem o direito da dívida, eu nem isso tenho.
- Você sabe muito bem o porquê né.
- Não sei, você lembra do que aconteceu ontem?
- Mais ou menos.
- Viu o quão louca você ficou? Você ficou com o João?
- Começou, lógico que não, mas se tivesse ficado com ele ou com outro, não iria ter problema.
- Claro que iria, você é minha mulher.
- Não mais meu querido.
- Você escolheu isso, mas eu não.
- Você não me ama.
- Lógico que amo.
- Não ama não, se amasse confiaria em mim.
- Tá, eu admito que errei, mas seja simcera aquele cara não estava em cima de você.
- Estava, mas eu não dei bola.
- Viu? Eu não me aguentei, não justifica, mas eu fiquei com tanta raiva, ontem quando vi você nos braços dele naquele estado não aguentei, dei um soco na cara dele.
- Rodolfo.
- Ele mereceu vai.
- Pelo amor.
  - Tá, mas vamos apagar o passado, principalmente o episódio de ontem.
- Com toda certeza, obrigada por ter cuidado de mim, você foi um excelente amigo e agora que já encerramos a conversa eu já vou.
Ele me puxa e fala:
- Amigo? Por favor né.
- Nesse momento é apenas isso o que somos.
- Eu não quero  ser seu amiguinho, você sabe muito bem disso.
- Não quero voltar a mesma situação, brigas, desconfianças.
- Isso acabou, eu prometo.
- Cuidado com as promessas.
- Essa eu faço questão de cumprir.
- Será?
  Ele pega a aliança e fala:
- Me dá essa chance vai?
- Se isso acontecer novamente.
- Não vai.
- Tá bom então.
- Posso colocar no seu dedo?
- Pode.
Ele coloca a aliança no meu dedo, me beija e fala:
- Vamos sair para jantar hoje à noite?
- Vamos sim.
- Ok então, vou resolver umas coisas, mas já volto.
- Em pleno sábado?
- Sim.
- O que você vai fazer?
- Depositar um pagamento no banco.
- Não pode ser outro dia? Queira ficar com você.
- A proposta é tentadora, mas isso era pra ter sido feito ontem, então não tem como adiar.
- Tá bom.
Ele me dá um beijo e diz:
- Tchau meu amor, daqui a pouco tô de volta.
- Tchau, volta logo.
Ele saí, eu vou para o meu quarto, fico lendo, até que começa à anoitecer e eu vou me arrumar para o jantar...
Rodolfo
Ainda bem que eu me resolvi com a Marta, eu amo aquela mulher e não vou perder-lá por nada. Com a confusão de ontem eu acabei esquecendo de depositar um cheque muito importante, agora tenho que ir para a cidade só pra fazer isso, estava dirigindo quando alguém me liga
Ligação on
- Alô, quem é?
- É a Roberta, Rodolfo.
- Já sei, eu estou indo agora mesmo depositar o cheque.
- Atrasou né, sinceramente eu acho que basta desses cheques, que você deveria parar de fugir disso, porque isso é algo que uma hora ou outra vai vir à tona.
- Eu te falei minha opinião sobre isso, não quero e pronto.
- Com você pode ser assim?
- Não começa.
- Soube que você se casou.
- É.
- Ela sabe do nosso segredinho?
  - Não e nem vai saber.
- Você não vai conseguir esconder isso dela pra sempre.
- Vou sim.
- Como você pode ser assim? Você consegue dormir sabendo disso? Vai conseguir seguir adiante com esse casamento, ter filhos sabem disso?
- Sim, agora deixa que do meu relacionamento eu cuido, minha decisão foi tomada a muito tempo, se você está me criticando tanto é melhor eu parar com os cheques .
- Não.
- Então pare de me falar essas coisas e não fala da minha mulher.
- Tá, tá, mas não atrasa mais o cheque.
- Tá, vou depositar agora mesmo.
- Ok.
- Tchau.
  Ligação off
Faço o depósito, resolvo algumas coisas e vou para casa porque vou jantar com o meu amor...
Qual será esse segredo em? O que tanto a Marta não pode descobrir?
 

Prisioneira de um fazendeiro Onde histórias criam vida. Descubra agora