Um De Nove

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- Ávila, eu estou extremamente decepcionado.. Não, muito furioso! Como pode desobedecer a única regra que impus? Como pode ser tão irresponsável? Você tem quase dezoito anos e deve agir de acordo com a sua idade!

- Papai, eu não entendo porquê você..

- Você, não! Use o termo adequado! Eu não sou nenhum pariceiro seu e ordeno que me trate como se deve!

- Perdão. O senhor - Enfatiza - Não está sendo um pouco precipitado demais? Eu sei que errei, tenho consciência disso. Mas é só música! Eu participei de algumas.. Tá bom, de todas as aulas, sim, mas o que tem de tão grave?

- O que tem de tão grave? - Christian responde rindo com sarcasmo - Você. O problema, filhinho.. É que você mudou assim que começou de amizade com aquele grupinho.

- O que há de errado com os meus amigos?

- Eles vem de famílias tão nobres e tão importantes diante a sociedade, mas infelizmente não honram os sobrenomes que carregam. Muito menos você. Ávila, agindo dessa força você me obriga a tomar atitudes que eu não queria. Eu juro que pensei muito nisso, mas não dá mais!

- Tudo isso por que eu fiz a porcaria da aula? Que merda! Eu não entendo o porquê de ser proibido de algo que faz parte da droga do seu trabalho!?

- Eu gostaria de compreender por que de repente você começou a usar essa linguagem chula?! Eu não pago o internato mais caro da cidade para você aprender esse tipo de coisa! - Ávila discretamente revira os olhos - Eu quanto ao meu trabalho, o faço por obrigação, não porque gosto.

- Mas quando íamos as festas de estreia e comemorações no salão de festas de casa, com direito a música ao vivo dos The Tolkien?

- É com isso que eu sempre trabalhei, é com o dinheiro e reconhecimento de tanto esforço que pago todos os luxos da sua mãe, da nossa família e esse colégio para você! Nós nem sempre fazemos o que gostamos!

- Eu ainda não entendo!

- A porcaria da sua amada música matou o meu pai!

- O vovô? Como? E-eu.. Nunca soube.

- Eu trabalho como produtor porque a empresa é da família. Uma herança, que eu não pretendo passar para você. - O ignora - Vou criar um novo império e a música jamais voltará a fazer parte das nossas vidas novamente!

- Pai, tenha calma.. - Pede ao notar a alteração do mais velho ao proferir cada palavra

- Você deve aprender de uma vez por todas a cumprir as ordens que lhe são impostas. Não é a primeira vez que faz isso, lembro-me bem da confusão que arrumou em seu antigo colégio. Antes que volte a nos dar dor de cabeça e tente manchar a imagem e nome da nossa família, tomarei medidas drásticas!

- Eu irei me comportar, prometo! - Temendo o pior, ele implora - Não faça nada que possa se arrepender futuramente, papai. Eu jamais voltarei a frequentar as aulas de música, eu te garanto!

- Esse é o meu último recurso. Espero que aprenda a lição de uma vez por todas. O novo contrato foi ativado, e somente quando eu puder ter a absoluta certeza de que você não é esse garoto com quem agora eu converso, poderei mudar daqui há alguns meses.

- Não, pai! O ano já está terminando, o contrato não adiantará muita coisa! - Seu pavor era nítido

- Se preciso, eu te mudo de última hora para um colégio militar na Escócia, e lá sim, eu verei uma grande mudança. Ou posso até mesmo conversar com os meus contatos e um quarto ano existir, tudo depende de você, filho.

- Mas.. Por favor! - Súplica

- Eu espero que você fique bem. Agora eu preciso que voltar para o trabalho. Bons estudos, Ávila. - Sem esperar uma resposta, Christian sai do quarto e se dirige à saída do colégio.

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