Farsas

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Observo o estado decadente em que ele se encontrava e sinto o pavor ao lembrar o que descobri ao seu respeito. Arqueio a sobrancelha confusa.

- Que ideia foi essa de fugir de casa? Ficou maluca? Não deu explicações para a Ava e me deixou extremamente preocupado!

- Eu.. Não dou satisfação para mentirosos! - Me atrevo a falar

- O quê? Quem mentiu aqui, filha?

- Filha? - Os meus amigos questionam em uníssono

- Vamos embora, Makayla! - Tenta me puxar - Você está de castigo!

- Não! Me solta! - Vou para o lado dos gêmeos, que esboçavam a mesma expressão que eu

- Pai, o que está fazendo aqui? Que história é essa? De onde e como você conheceu a Makayla?

- O quê? - Franzo o cenho - Vocês estão enganados. Esse é o meu padrasto, Ian Scott.

- Não. Esse é o nosso pai, Jasper Guarnieri! - Filipe responde

- Eles estão mentindo, filha! Venha, precisamos ir embora e ter uma conversa muito séria. - Percebo o desespero em seu tom de voz

- Todos o conhecem, senhor Guarnieri. - Apollo responde se aproximando

- E-e.. Eu.. Makayla, venha!

- Você mentiu.. De novo?! - O encaro com desprezo - Todo esse tempo, você se passou por uma pessoa que nunca existiu? Quem é o Ian Scott que se casou com a minha mãe e conviveu com nós duas durante todos esses meses? Outra vez eu fui burra e acreditei em mais e mais mentiras! - Passo as mãos nervosamente pelo cabelo

- Eu não menti, apenas omiti alguns detalhes irrelevantes da minha vida.

- Irrelevantes? Bom saber o quanto significamos para você, papai. - Enzo fala com nojo, cruzando os braços

- Agora eu entendo porque a mamãe nunca confiou em você e porque não o queria por perto, especialmente de nós.

- Eu não posso explicar agora, mas prometo que depois conversamos com calma. Makayla..

- Eu não vou com você para lugar nenhum! Estou cansada de ter todos a minha volta mentindo e me enganando! - Sinto os olhos arder - Eu confiei em você, a minha mãe confiou em você! E é assim que retribui? Você só vem me decepcionado.. Eu nem sei mais como chamá-lo! Com que propósito você fez tudo isso?

- Eu continuo sendo Ian, o seu papai. - Tenta argumentar - Macki, esse não é o lugar para termos essa conversa, filha.. - Tenta tocar no meu rosto

-Nunca mais volte a me chamar assim! - Me esquivo - Eu te odeio!

- Pode me odiar o quanto quiser, mas eu não pago essa droga de colégio para você me desobedecer!

- Quer que eu saia daqui? Eu saio, e vou morar com os meus tios..

- Eu sou o seu o seu guardião, seu único responsável perante a lei. - Dá uma pausa para falar - Os seus pais estão mortos! - Sinto essas palavras como pedras jogadas em meu corpo

- A sua "responsabilidade" sobre mim não existe mais, eu tenho parentes vivos e não acreditei quando disse que o meu pai estava morto. Eu não acredito em mais nada que sai da sua boca! O meu pai está vivo!

- Eu mesmo fiz questão de supervisionar e ter certeza de que o Enrico não voltaria a respirar mais.

O encaro estática. Ele..

- Não! Não! Não.. Vo-você.. Não! - Grito em desespero para os corredores semi vazios

Já deveríamos estar nas salas, mas eu simplesmente não conseguia sair dali.

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