Domingo, 07:53 AM
O meu pai já estava bem, mas eu ainda tinha receio de deixá-lo. Infelizmente, o colégio que eu frequentava não me permitia tamanha mordomia, eu precisava voltar. Papai também não perguntou sobre a minha recente briga com a Angie, e eu achei melhor assim. O clima na casa estava pesado, apesar dos adultos estar se dando excelentemente bem um com o outro. Amanda e meu pai sempre foram próximos, se tornaram amigos desde que nos mudamos para cá, assim como a amizade que eu tinha com Angelina e Matthew. Eu estava cabisbaixa diante dos acontecimentos recentes, mas consegui me divertir o suficiente ao lado da minha única família.
Meu pai ligou para o seu irmão e logo o tio Carlos estaria por aqui para buscá-lo. Apesar de estar satisfeito com a hospitalidade, não abusaria da bondade de uma mulher recém divorciada. E ele também preferia estar ao lado dos familiares, enquanto se recuperava. Claro, decisão tomada após muita insistência minha, porque a ideia dele ficar sozinho em sua casa — ainda precisando de cuidados — obviamente não era uma opção, ao menos não para mim. Conversei alguns minutos com a Lea pelo telefone, não via a hora de poder reencontrar todos e ver a minha prima. Faltavam menos de dois meses para o ano terminar e eu não sabia o que aconteceria dali em diante, isso me preocupava diariamente.
- Tem certeza que não quer que eu te leve?
- Não precisa, tio. - Digo pela sexta vez - O dono do colégio deixou claro que o motorista viria me buscar. - Explico mais uma vez
- Ok, então vamos.
Nos despedimos da Amanda, após agradecermos pela gentileza, hospitalidade e paciência que ela teve conosco.
- Voltem quantas vezes quiser, sempre serão muito bem vindos à minha humilde residência. Você também, Carlos.
- Obrigado pelo convite, Amanda.
- Já se despediu da Angie, querida?
- Já. - Minto - Vamos, já são quase oito horas.
Eu, meu pai e o tio Carlos paramos em frente a nossa antiga casa, ou o que restou dela. Só haviam destroços, pedaços queimados madeira e grama seca. Lembro tristemente da imagem de uma casa grande, aconchegante e repleta de amor.
Não bastava o Ian ter me tirado quase tudo, ainda quis acabar com o único lugar que eu possuía as melhores das memórias com a minha mãe. Me agacho pegando metade de uma foto polaroid, era a única em família que havia sobrado. Aperto o objeto contra o peito.
O motorista finalmente chegou e foi a hora de me despedir.
- Nós iremos visitá-la. - Tio Carlos diz após me abraçar - Juízo, Macki!
- Filha, tentarei ir até a sua escola o mais breve possível! - Ouço uma buzina - Tome cuidado e se cuide! Oh, diga ao seu namorado que eu quero conhecê-lo, antes de aprovar qualquer coisa. - Diz me fazendo rir nasalado - Eu te amo.
- Eu amo vocês. - Os abraço forte
Aceno com um pequeno sorriso, antes de entrar no carro.
×××
Quando cheguei ao colégio, todos ainda dormiam. Optei por ficar na área externa do local, estava um pouco frio, mas nada que realmente incomodasse. Me sento nas escadas da arquibancada e observo o nada. As vezes era bom o silêncio, a calmaria, escutar os próprios pensamentos.- She in the south. He in the north. Their souls are to the northwest. - Canto baixinho - Having fun with bipolarity. Without noticing what is happening in the world. The apocalypse evident and they dance through the night.
- The shaken waves. The Alaskan Ice. The peak of the mountain. The city buildings. All falling apart while they dance at night - Pulo de susto ao escutar uma pessoa bem próxima de mim completar a canção - Desculpa, não era a minha intenção. Mas foi engraçado.
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Anything Can Happen
Teen FictionDepois da morte da mãe e a privação de acompanhar o funeral, Makayla pensou que nada mais pudesse surpreendê-la, até ser mandada sem aviso prévio para um dos internatos mais caros da região. Mas os problemas só estavam começando. *Sinopse Atualizad...