Aprendiz

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- Lucy?

Ela me encara e sorri constrangida.

- Quem é esse.. - Estreito os olhos - Filipe? - Balanço a cabeça desacreditada - Por essa eu não esperava.

- Oi, cunhadinha. - Sorri se levantando e coçando a nuca

-  O que vocês.. Esquece. - Ajudo Lucy a levantar

- Desculpa, Macki. - Pede evitando contato visual, envergonhada - Eu achei que demoraria a aparecer alguém no quarto.

- Você não devia estar com o meu irmão?

- Sim, mas eu tive um problema para resolver e ele sumiu.

- Estranho. Já procurou no nosso quarto?

- Não, mas eu acabei de me lembrar de um lugar que ele pode estar. Por favor, só fiquem longe da minha cama. - Peço vendo Filipe gargalhar

- Não prometo nada. - O encaro incrédula

Deixo a ala dos dormitórios e sigo até o seu, agora nosso, lugar secreto. Definitivamente, lá estava ele.

- Você continuou aquela história? - Ele pula de susto ao ouvir a minha voz - Desculpa.

Me sento ao seu lado

- Pensei que fosse sair.

- A Hannah disse que apesar da Giuliana não estar, continuamos presos aqui. - Respiro fundo cansada

- Eu comecei algumas palavras, mas perdi totalmente o foco depois que aconteceu toda aquela história e você não estava do meu lado. - Responde à minha pergunta anterior - Você me traz inspiração. - Sorrio - E me ajuda, claro.

- Eu me sinto honrada. - Faço reverência

- Me socorre? - Asssinto

- Posso? - Ele me entrega o bloco de anotações que segurava

"Dyer do outro lado do gramado, observava a casa ao anoitecer, com atenção. Sabia o quão superprotetores os pais da amada eram, mas não pensava que chegariam ao ponto de prendê-la dentro de casa, para que a mesma não voltasse a vê-lo, eram medidas exageradamente drásticas. Seu pai até contratou um policial, amigo, para a vigiar. Romeu e Julieta estavam perdendo para o romance proibido deles."

- Eu gosto. - Comenta com o rosto próximo ao meu - Você sempre foi tão criativa assim?

Balanço a cabeça, dando de ombros.

- A minha mãe sempre me dizia que eu vivia em um mundo alternativo, tão criativo que não havia espaço para agrupar uma população, se preciso.

- Por quê?

- Tudo que eu precisasse era só criar, imaginar. - Sorrio - Quando eu tinha oito anos, escrevi um livro com vinte e duas páginas.

- Sério? E onde ele está?

- Infelizmente, em um final de semana na minha casa, o afilhado da minha tia, com brincadeiras, acabou jogando-o dentro da piscina inflável. Ele se desmanchou. - Entorto o rosto

- Que pena, eu teria gostado de ler.

- Não teria não, acredite em mim.

Ele riu.

- Por quê não? Poxa.

- Eu tinha oito anos, a minha escrita e o meu vocabulário eram horríveis!

- Mas era uma história de criança, escrita por uma criança! - Diz me fazendo rir - Deveria ser o máximo!

- Enzo, você não existe.

- Claro que existo, olha eu aqui! - Abre os braços sorrindo

- Eu gosto tanto de ter a sua companhia. - Comento retribuindo o sorriso radiante que ele possuía

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