Meu passado

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Revolta-se quando julgar necessário.

POV CAROL BIAZIN

— Entre! — Eu disse a Taylor enquanto dava espaço para ele adentrar o meu apartamento. — Não repare na bagunça, eu não tinha tempo disponível para arrumar o lugar.

— Taylor riu sem jeito. — Você mudou mesmo! — Caroline Biazin deixando de organizar as coisas dela.

— O trabalho consome a gente! — Afirmei negativa para o homem.

— Não seja tão boba Caroline, todos sabemos que você ama o seu trabalho — Taylor diz risonho.

O tempo de conversa foi passando e junto dos minutos surgiu o assunto de toda a bagunça que Taylor estava envolvido. Já faziam alguns dias desde que nos encontramos na cafeteria, e encontros como esses em minha casa e na casa de Taylor se tornaram frequentes demais, pois eu queria resolver o caso e limpar a barra do Cantor o mais rápido possível. Eu acabei me aproximando de Taylor graças ao caso, o afastamento de seu trabalho dava mais oportunidades para ficarmos mais próximos.

Tomávamos cafés quase todos os dias juntos e na maioria das vezes virávamos noites de sextas e sábados estudando o caso juntos também. Dayane estava pegando muito pesado com a música, com isso o tempo que ela tinha disponível estava se acabando casa vez mais. Nós duas trabalhávamos muito e a falta de diálogo reinava dentro do nosso relacionamento. Dayane não fazia a mínima ideia de que eu estava trabalhando com o meu ex namorado, e eu também não fazia questão nenhuma de contar porque talvez poderia gerar um grande tumulto.

Desde que eu reencontrei Taylor eu pude perceber que ele estava muito diferente de anos atrás. Ele sorria mais e brincava o tempo todo comigo, colocava animação no trabalho, e isso particularmente estava sendo bom. Taylor de fato tinha se tornado alguém melhor e eu estava feliz ao ver que ele tinha amadurecido e se tornado o homem que o pai dele sempre sonhou.

— Como está o seu pai Biazin? — Taylor quebrava um pouco da tensão entre nós. — Não me diga que ele ainda continua aquele velho rabugento.

— Ei, não fala do meu pai assim. — Afirmei com uma falsa feição de brava. — Mas ele ainda continua sendo aquele velho rabugento.

— Bom, você já contou a ele sobre você e a Dayane? Não adianta esconder isso dele por muito tempo, você sabe que ele vai acabar descobrindo.

— Eu ainda não contei... — Falei preocupada. — A questão não é sobre eu namorar uma mulher, mas é sobre eu namorar a Dayane! — Indaguei. — Ela era traficante, e meu pai um ex chefe da polícia. , consegue imaginar uma boa relação entre os dois? Porque eu não!

— As coisas não funcionam assim Caroline. — Você sabe que ela mudou e te faz feliz, e encarar seu pai não é um bicho de sete cabeças. — Taylor disse sorrindo. Você é independente e sabe das suas escolhas.

— Eu sei... Eu sei... — Disse baixinho. — A questão é que eu tenho medo do meu pai rejeitar essa relação, mesmo eu sendo independente financeiramente eu não desejo que o meu relacionamento seja rejeitado por quem eu mais amo.

— O seu pai é um bom homem, ele vai aceitar o relacionamento de vocês!

— Espero que a Dayane nunca saiba dessa conversa— Afirmei para taylor que se encontrava em minha frente.

Por acaso vocês conhecem aquele famigerado ditado "em falar no diabo", "quem é vivo sempre aparece", "omitir é  mentir duas vezes"?

— Que Dayane nunca saiba do que? — Escutei a voz da minha namorada adentrando o apartamento.

Como diabos ela escutou a nossa conversa? Eu gelei no segundo instante e encarei Taylor com o olhar mais sínico possível, eu sabia que o tumulto poderia estar entrando na porta junto com a mulher que eu amava.

— Estou lhe fazendo uma pergunta Carol, por favor me responda! — Dayane questionou ainda mais ríspida.

— Que você nunca saiba do risco que eu estou correndo com o meu trabalho. — Improvisei o máximo que eu pude. — Não é Taylor? — Perguntei e o mesmo confirmou no mesmo segundo. — Estou trabalhando com o Taylor em um caso e fiquei receosa de você descobrir o perigo que estamos correndo. — Afirmei acreditando na minha própria mentira. — Sabe como é, você sempre fica preocupada demais quando me envolvo em casos assim.

— Tudo bem! — Dayane disse respirando fundo. — É o seu trabalho não é? — A morena fala olhando diretamente para Taylor. — Fiquem a vontade, eu vou tomar um banho porque estou muito cansada.
— Foi um prazer Taylor. — Ela diz indo até o homem dando um aperto de mão logo em seguida.

Eu agradeci mentalmente pela compreensão, já era difícil conseguir me explicar a ela e era como se essa situação criasse um bloqueio maior entre a gente. Na vez de resolver o problema eu acabei criando outro.

— Carol, eu já vou indo. — Taylor disse se levantando da mesa e quebrando o silêncio. — Você precisa se resolver com ela e eu não quero ficar no meio disso.

você está no meio disso desde que chegou. — pensei mentalmente. — Claro! Amanhã eu te ligo.

Ao ver Taylor sair pela porta me bateu um alívio e a tensão no local diminuiu um pouco, Dayane provavelmente estava no banho e eu precisava terminar de comer o meu prato. A ausência de sons  e palavras no meu apartamento era um fato um tanto quanto torturante porque eu sabia a que a culpa do clima que estava entre a gente era minha. E eu estava com muito medo dessa falta de diálogo se tornar algo mais sério porque de fato era um assunto muito sentimental e delicado para que os dois lados se entendessem. Eu estava tão aérea que nem mesmo percebi quanto tempo tinha se passado e nem mesmo que eu já havia terminado o pedaço de pizza no meu prato. Eu estava preocupada demais e demorei alguns minutos para perceber que Dayane me encarava encostada no batente da porta.

De fato eu tinha um problema para resolver e estava com medo do que tudo isso poderia causar em nós.

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