Paris

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O relógio já se aproximava de onze da noite quando eu finalmente sai de minha caverna no meio de Nova York e voltei para o mundo real, estávamos em processo de finalização da versão de BAC, meu segundo álbum de estúdio, e por isso passava a maior parte de meu dia enfurnada em uma sala acústica junto com os outros colaboradores do projeto, que iriam marcar o início de minha nova turnê.

— Como assim você vem me buscar e não traz nem uma cerveja pra mim, Gizelly? — questionei a minha amiga apenas para provocá-la.

Eu e Gizelly estávamos trabalhando juntas desde que nos tornamos sócias em uma empresa de audiovisual.

— Achei que depois de mais de doze horas de estúdio você quisesse... sei lá, ir pra casa descansar! — A mulher mais velha comentou com um tom de voz um tanto quanto trêmulo, como se estivesse querendo me falar alguma coisa mas resguardando-se e escolhendo todas as suas palavras com certa cautela.

Por fim, acabei me despedindo dos outros rapazes e fui embora com Gizelly. Antes de entrar no automóvel, fiquei cega por alguns segundos com a quantidade de flashes que tinham em cima de mim, coisa que era muito comum de se acontecer, mas não daquela forma. A última vez que eu tinha visto tantos paparazzis em cima de mim foi quando deixei o meu último show da turnê em L.A. Eles berravam em meus ouvidos, e nesse meio tempo pude ouvir que alguns deles comentavam de Taylor e sobre um certo videoclipe. Mentalmente, eu até cogitei que todos estivessem falando de minhas músicas inspiradas em Caroline, ou então falando de Absurdo ou Tanto Faz, músicas que lancei a uma semana atrás. Mas não fazia sentido falarem daquela música quase uma semana depois.

Ao entrar no carro e ir recuperando a visão aos poucos, eu comentei com minha amiga sobre o que tinha ouvido e partir daí senti que tinha algo de errado rolando. — Então Lima... — A mais velha começou a falar. — Taylor lançou um segundo EP hoje e uma das músicas é explicitamente sobre você e Caroline.

Por mais que com o tempo Gizelly tenha passado a ser um pouco mais humana para dar notícias, não tinha muito o que fazer naquela hora, já que a qualquer momento que eu entrasse nas redes sociais iria ver a centena de marcações no instagram e twitter sobre o assunto.

Ainda dentro do carro, Gizelly mostrou a música para mim, que comecei a dar indícios de raiva ao perceber todas as referências feitas pelo homem que amava Caroline. Conhecendo pouco Taylor da forma como conhecia, sabia que cada verso foi muito bem pensado para que só eu e Caroline entendêssemos, ela teria participado dessa composição? o que ele queria dizer ao falar sobre a Garota mentirosa da música?

— Eu preciso ver ela! foi tudo que eu conseguiu dizer ao terminar de escutar e ficar encarando feito uma bocó a tela do celular. — Ligue para Victor e peça para descobrirem qual hotel eles estão em Paris, eu preciso ver ela, eu... eu... — a forma como eu falava me impedia de concluir qualquer uma de meus pensamentos, prontamente, Vitão atendeu a ligação de Gizelly ao pedido 

— Hey Garoto...perdoa a pressa pela ligação.
— Ah não, Day tá bem!! Quase chorando feito uma criança, mas bem. — Preciso saber onde é que Caroline está? Qual hotel que está hospedada? 

— Sim, Dayane esta querendo ir ver o Caroline,  sabe com é. -- Gizelly afirmou olhando pra mim de canto de olho. -- Ela é meio teimosa e quer ir ver a ruiva. Você sabe né, não podemos contrariar gente doida. -- Gi afirmou em um tom brincalhão me fazendo lançar um olhar matador pra ela. 

- Está bem, me manda por mensagem! — ao desligar a ligação, a mulher olhou um tanto preocupado para mim, que ao saber que Taylor estava em paris, tratou logo de dar um jeito de chegarmos até o outro lado do oceano.

— Acho que vou precisar do meu jatinho. — Gizelly disse acelerando o carro em direção ao aeroporto.

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