I need you

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Me abraça forte. Me segura. Não me deixe ir. Diz que eu sou suficiente, diz que está tudo bem, mesmo que não esteja, fique e faz ficar tudo bem? Você não entende, eu preciso que fique tudo bem e pra isso acontecer, eu preciso de você."

Depois de alguns dias desde que voltei para Caroline, a vida finalmente parecia voltar aos trilhos. Era engraçado como ela conseguia transformar até os momentos mais simples em algo especial. Naquela noite, Caroline sugeriu que saíssemos para jantar. Era uma ideia simples, mas comigo e com ela, nada jamais era tão simples assim.

— Vamos a um lugar novo? — Ela perguntou enquanto pegava as chaves do carro.

— Desde que não seja aquele restaurante onde você insistiu em pedir sushi doce. — Respondi, fazendo uma careta exagerada que a fez rir alto.

— Ei! Não sabia que seria tão ruim! — Ela retrucou, abrindo a porta do carro.

— Carol, parecia sobremesa com peixe. Até hoje tenho pesadelos.

Ela revirou os olhos, mas o sorriso brincava nos lábios.

Caroline escolheu um bistrô charmoso no centro da cidade. Era aconchegante, com luzes baixas e música ao vivo. Assim que entramos, o garçom nos guiou até uma mesa no canto, e eu percebi que ela estava especialmente radiante naquela noite.

— Você está incrível. — Disse sem pensar, enquanto ela tirava o casaco.

— Obrigada. — Ela respondeu, com um sorriso que parecia iluminar todo o ambiente. — Você também não está nada mal, sabe?

Pedimos vinho — porque, aparentemente, isso virou tradição desde que voltei — e nos perdemos no cardápio por alguns minutos. Assim que fizemos os pedidos, a conversa começou a fluir, como sempre acontecia quando estávamos juntas.

— Lembra da primeira vez que saímos? — Perguntei, tentando esconder um sorriso.

— Por favor, não. — Ela balançou a cabeça, mas já estava rindo.

— Ah, vou ter que relembrar. Você apareceu com aquele vestido preto, toda confiante, e eu... bem, eu estava nervosa como nunca.

— Nervosa? Você? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Você parecia tão tranquila!

— Era tudo atuação, Carol. Por dentro, eu estava suando frio. Especialmente quando você começou a falar sobre... — Fiz uma pausa dramática. — Aquela teoria de que pinguins são os animais mais românticos.

— Ei, eu estava tentando impressionar você! — Ela se defendeu, rindo.

— E conseguiu. — Admiti, levantando minha taça. — À sua teoria absurda sobre pinguins.

— E ao seu nervosismo bem disfarçado. — Ela respondeu, batendo sua taça na minha.

Conforme a noite avançava, o vinho parecia soltar ainda mais nossas línguas. A certa altura, começamos a compartilhar histórias do passado, aquelas que só você conta quando está totalmente confortável com alguém.

— Sabe, uma vez pensei fazer uma serenata pra você. — Confessei.

— O quê? Quando?

— Antes da gente começar a.. você sabe. Eu apareci na sua janela com um violão. Mas aí percebi que não sabia tocar nada, então acabei só fingindo que tinha me perdido no caminho.

Caroline caiu na gargalhada, quase derrubando sua taça.

— Você é inacreditável, Dayane!

— Ei, pelo menos eu tentei. — Retruquei, fingindo estar ofendida. — E você? Qual foi a coisa mais louca que já fez por mim?

Ela parou por um momento, pensativa, antes de responder:

— Aquela vez que passei o dia inteiro aprendendo a fazer seu prato favorito.

— Quando você tentou fazer lasanha? — Perguntei, lembrando da confusão que foi aquele dia.

— É, eu tentei, não fiz!  — Eu estava nervosa, tá bom? Queria impressionar você!

Rimos tanto que as pessoas ao nosso redor começaram a nos olhar. Não importava. Naquele momento, éramos só eu e ela.

Depois do jantar, decidimos caminhar um pouco pela cidade. O ar noturno estava fresco, e as ruas estavam tranquilas. Enquanto andávamos, Caroline segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Era um gesto simples, mas cheio de significado.

— Sabe o que eu mais gosto em você, Day? — Ela perguntou de repente.

— Meu talento para escolher restaurantes? — Brinquei, mas ela balançou a cabeça.

— Não. É o jeito como você sempre encontra uma maneira de me fazer rir. Mesmo nos momentos mais difíceis.

— Bom, rir é importante. — Respondi, tentando esconder o quanto aquelas palavras significavam para mim.

— É. E você é a melhor pessoa para fazer isso.

Quando chegamos em casa, estávamos exaustas, mas felizes. Caroline abriu mais uma garrafa de vinho, e nos jogamos no sofá, sem pressa para que a noite acabasse.

— Acho que estamos ficando velhas. — Comentei, esticando as pernas. — Antes, uma noite como essa acabaria em alguma balada.

— Prefiro assim. — Ela respondeu, deitando a cabeça no meu ombro.

Ficamos ali, em silêncio, aproveitando a presença uma da outra. Eu sabia que, apesar de todas as nossas histórias do passado, o que realmente importava era o presente. E naquele momento, eu não poderia estar mais feliz.


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