I need you

724 91 18
                                    

Me abraça forte. Me segura. Não me deixe ir. Diz que eu sou suficiente, diz que está tudo bem, mesmo que não esteja, fique e faz ficar tudo bem? Você não entende, eu preciso que fique tudo bem e pra isso acontecer, eu preciso de você."

— Você voltou! — Caroline tentava esboçar alguma reação ao me ver adentrando o apartamento.

— Eu nunca disse que iria embora pra sempre! — Afirmei deixando minha mochila no chão.

— Eu fiquei preocupada, você foi e não me ligou, não deu uma notícia se quer. — A ruiva dizia ressentida. — Você sumiu do mapa!

— Não faça tanto drama ruiva. — Afirmei dando um sorriso de canto. — Você sempre soube onde eu estava. — Falei olhando para ela. — a gente precisava de tempo, e eu fui ter o meu longe de você. — Afirmei o mais calma possível.

Essa é a hora de dizer tudo o que eu sinto?
Eu passei o dia pensando: "Como dizer o que eu sinto?".

Eu sei que eu nunca falei muito sobre isso e talvez ela não saiba. Mas não gosto de rotina e nem de amores que podem ser medidos. Eu gosto do desconhecido. E observar o olhar brilhante dela, está sendo desconhecido por mim.

Então eu deixo as palavras pra lá? Porque no momento ela me olha, e o olhar é a única linguagem que não pode ser mal interpretada.

Eu acho que estar apaixonada por ela, está sendo como pegar a estrada! Eu não irei saber o que vou ver ou encontrar.

Eu nem vi a hora passar, já é madrugada. Será que vamos passar mais uma noite sem dizer nada? Talvez ela não tenha percebido ainda, mas eu a quero agora.

Esqueço tudo. Fecho os olhos por alguns minutos e imagino tudo o que estaríamos fazendo se estivéssemos no escuro. E se, por acaso, ela estiver sorrindo agora, pode ser que ela também pense o mesmo. Ela está sorrindo? Abro os olhos lentamente e a vejo me encarando, e não, ela não estava sorrindo.

Carol, eu sinto muito por te deixar preocupada. — Falei tentando chegar mais perto dela, vendo a mesma recuar no mesmo instante. — Mas creio que você precisava de um tempo, um tempo sem mim! — Afirmei vendo ela sorrir sarcástica. — É que... eu... Desculpa... — falhei em tentar achar um argumento.

— Desculpas por sumir Dayane, sério? — Carol indagou sarcástica. — Até quando você vai continuar achando o que é melhor para mim?

— Caroline, eu não podia ficar aqui, você estava confusa e eu estava com medo. — Disse a encarando.

— Eu queria entender essa confusão ao seu lado Dayane, e você como sempre, fugiu. — Suspiros são dados. — Como sempre você correu.

Eu não fiquei porque precisávamos de tempo, era o que eu pensava. O nosso sentimento é imenso, mas o meu medo era maior. Não é que eu tenha medo de ser amada, eu só tenho medo do estrago. E por medo eu fui covarde e egoista. Mas eu não sabia como ficar, porque
Eu jamais cheguei na parte de ter que ficar.
Eu sempre parti antes da hora, fugi, corri, Eu sempre abandonei as pessoas com medo do abandono. E essa é a mais crua verdade, e me culpo por isso agora, me culpo por ter feito parecer que talvez, só talvez, se eu ficasse naquele momento, as escolhas saíram do nosso controle.

— Eu estava com medo sim, mas pensei que seria melhor para nós duas. Compreende? — Perguntei vendo ela suspirar.

Eu errei em fugir.
E ela errou em não falar a verdade para mim.

POV Caroline

Não, eu não compreendo. — Afirmei brava com a morena. — Porque a verdade Dayane, é que eu sempre vi você correndo para a direção dos problemas, e você sempre estava escondendo algo sobre esse seu jogo que você chama de vida. - Disse aumentando o meu tom de voz, crescendo com uma certa raiva para cima dela. — Você veio junto com o universo, sem conforto algum e me disse para cuidar bem de você, pois você tinha aquele grande hábito de se perder. - Sorri sarcástica.

— Carol... — Não precisa di... — Ela tentou falar mas eu a interrompi.

— Agora é a minha vez de falar. — Disse a encarando. — Me escuta pelo menos uma vez na vida...

Ela me olhava com lágrimas nos olhos.

— Quando você falou do seu hábito de se perder, eu te ofereci um lugar para morar, te ofereci comida, te ofereci aconchego. Eu te ofereci um lugar no meu peito e te guardei como um tesouro. - Disse com a voz embargada. - Mas nada que eu te ofereci, foi o suficiente para te impedir de me magoar, e na primeira oportunidade você corre! — Falei limpando as lágrimas que insistiam em cair. — Nada nunca te impediu de ir... - Encarei o par de olhos negros em minha frente. — Quando você deixou aquela carta para mim, eu tentei ir atrás de você, e passo após passo, eu estava cedendo, percebendo todo aquele sentimento que poderia ser verdadeiro entre nós. - Falei sendo atropelada pelas falas da mulher em minha frente.

— Ah Caroline. — Dayane sorriu sarcástica. — Eu acho que você viu em mim uma parte que eu só verei quando for mais velha. - Ela afirmou tentando segurar as lágrimas. — Você falava e eu recuava, nervosa ouvindo os meus pensamentos solitarios. - Ela disse tentando firmar a voz. - Você precisa entender que há muito tempo eu me encontrei sozinha, que eu gostava de acreditar que nada iria doer enquanto eu estivesse só. — Suspirei sentindo o peso das palavras dela. — Mas ainda sim, mesmo depois de eu tentar provar o contrário, você ainda continuava andando pela minha mente, correndo pelo meu coração.

Que os sentimentos sejam recíprocos! — Pensei antes de gritar o meu amor.

— Quer saber? — Gritei com Dayane. — Eu não vou te dar mais motivos para você continuar aqui, porque eu sei que ninguém nunca te pergunta ou pelo menos já perguntou onde você vai. — Nossa discursão já podia ser ouvida por toda a cidade, estávamos alteradas de sentimentos, com a paixão a flor da pele.
— Mas ainda sim, eu tentava ajudar você, e você me dando as suas costas, eu perguntava porque eu me preocupava.

— Eu te dei as costas Caroline, porque eu tentei te mostrar que eu queria e podia ser uma pessoa melhor, e você me observava pelo canto de olho, sempre pelo canto do olho. - A morena afirmou limpando as lágrimas que insistiam em cair. — Era sempre um passo meu e um recuo seu!

Suspirei antes de tomar coragem para dizer a ela.

— É dessa forma, que permanecemos próximas, agindo como prisioneiras na vida de ambas... — Eu sorri com um certo sarcasmo. — Mas agora Dayane, eu percebi que nosso jogo nunca chegará ao fim se não colocarmos regras nisso tudo...

- Caroline... - Ela tentou falar mas eu a interrompi. — O que você sente quando me olha? — Dayane insistiu me interrompendo.

— Eu... Eu sinto... — Tentei dizer mas não consegui.

— Não ruiva, eu não quero deixar isso se transformar em uma incógnita mais uma vez...
— ela afirmou convicta. — Você vai decidir isso por nós. — Ou eu passo por aquela porta e nunca mais volto, ou você me beija e a gente fica juntas de uma vez por todas... — ela disse encarando os meus olhos.

— Eu estou apaixonada por você Dayane! - eu disse fazendo as borboletas do meu estômago revoarem. - Sabe, é que... - suspiro tentando dizer algo. - Quando eu te conheci, você me olhou com aqueles olhos de quem não sabe o que é o amor. - Afirmei chegado mais perto dela. - Eu nunca desejei tanto voce. - Eu sorri pegando a sua mão. - Meu Deus! Como eu quis tanto te ensinar a amar.

— Me beija Caroline, e nunca mais me solta!

Ironia do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora