Coragem, querido coração.

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Porque eu tenho a sensação de que todas as vezes em que eu te ver, será como a primeira vez.

POV Caroline

E lá estava eu, deitada na cama, com apenas roupas íntimas. — Eu estou ferrada! — afirmei ao passar o braço ao me lado na cama e não sentir o corpo quente da mulher que eu estava apaixonada.

Mas ai, como em uma daquelas cenas de filme que não acontecem, eu comecei a me lembrar do momento em que ela apareceu na minha vida. E não, não foi como uma mocinha bonitinha que veio para dizer que me amava, mas como uma perfeita canalha, que não me deixava nem sequer pensar que o outras eram mais bonitas do que ela. Não, como uma filha da mãe egoísta, ela me apareceu com aquele sorriso malandro, dissipando em um segundo o que eu demorei dois minutos para a acreditar.

Eu havia acordado e ela não estava na cama comigo. Eu ate acho que foi exatamente nesse segundo que eu me lembrei porque eu gostei de tudo que envolvia ela. E não foi só pelo sotaque, ou pelo estilo de blusas e bonés que caiam como uma luva em contraste com a sua pele quase morena. Foi porque a gente se entende. E o fato de ver ela fugir disso, me fez acreditar que eu também poderia fazer o mesmo, aliás, eu estava fazendo o mesmo.

Como naquele dia que a gente assistiu filmes deitadas em um colchão no meio da nossa sala. quando eu a olhei, e ela me olhava rindo das piadas da Marvel como ninguém. Foi porque ela tem bom papo e sabia que eu a queria desde daquele tal dia que ela se mudou para o meu apartamento, é porque de todas as minhas pseudo historias, a dela é a única que eu me arrependo de não ter deixando acontecer.

A verdade, é que nesses instantes, sempre me dou conta que eu a contaria o que me pedisse, sentada em uma mesa de bar bebendo um copo de cerveja, eu riria das minhas próprias historias, já que ela é sim, de todas as coisas que não encontrei, a que eu não precisei procurar. E Dayane precisou de apenas três minutos para me provar porque eu sempre a achei mais bonita que qualquer pessoa, porque eu a quis diante de todos os outros. E eu nem sequer me dei conta de quando disse sim para a sua proposta idiota de transar e esquecer tudo no outro dia. Afinal, eu nunca fui capaz de lhe dizer o quanto queria que ela se lembrasse de nós.

— Eu realmente estou ferrada! — Afirmei suspirando de raiva.

Ok! Eu sempre soube que no primeiro olhar que eu troquei com Dayane daria em grande coisa. E sim, eu me lembro de quando eu disse que não gostava de mulheres, e que também cheguei em casa e pedi com toda as minha força para que pela primeira vez meu corpo me obedecesse e não vice-versa.

Eu pedi para que as membranas plasmáticas de todas as minhas células se unissem e não a deixassem entrar. Eu sabia que se ela entrasse ela não sairia. Elas falharam. Eu falhei.

Eu quis me proteger disso, mas não tomei nenhuma vitamina que fortalecesse meu sistema imune. Eu quis levar o tiro, mas não usei colete a prova de balas. Eu não quis me apaixonar, mas eu a beijei. Eu não quis que ela entrasse, mas deixei a porta aberta. Ainda tenho a cara de pau de culpar minhas células por tudo isso. Mas a quem eu quero enganar, no primeiro olhar eu já sabia que ela iria entrar sem pedir, mas como ela disse, eu jurei que isso não poderia acontecer.

Mas é que quando ela me beijou, meus olhos se fecharam e os dela também, e eu não conseguia distinguir o que eu estava sentindo naquele momento. Havia um pouco de medo, paixão, carinho, um turbilhão de sentimentos e pensamentos pareciam invadir minha cabeça naquele momento.

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