A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores. A viagem acontece quando acordamos fora do corpo, longe do último lugar onde podemos ter casa.
Caroline veio andando suavemente até a mim, beijou-me os lábios, senti o gosto adocicado da sua boca avermelhada. Consegui sentir sua respiração ofegante e aquele cheiro perfumado da fragrância francesa. Quero essa mulher pra mim, como quero o dia em todas as manhãs. Quero guardar seu coração e ver esse sorriso sempre. Alguns minutos depois entrei no quarto pra ver se ela estava dormindo, caminhei até ela, ela estava dormindo tão lindamente e estava com a minha camisa de rock e com um short dela. Beijei aqueles lábios que me fazem ir a outra dimensão, me fazem ver o céu bonito, que vimos aquele dia em nossa ida ao terraço. Senti sua pele macia e suave, mergulhei em seus sonhos. Ah se ela soubesse, que ela é o meu sonho todas as noites quando estou adormecida.
— Sobre o que tanto pensa? — Caroline me tirou do transe.
— Você não estava dormindo? — Sorri aconchegando mais a ela.
— Meu sono é leve, e não poderia deixar de admirar você. — Carol afirma jogando suas pernas para cima do meu corpo. — É que eu só não quero perder nenhum segundo do seu lado.
— Você não vai, eu prometo. — Disse puxando ruiva para um beijo carinhoso.Não era óbvio? Eu estava no caminho certo, eu estava prestes a encontrar a felicidade. Eu morava em um apartamento, com ar conceitual e até um pouco industrial, mesmo assim tinha cheiro de lar. As plantas espalhadas pela casa, meu chá e o riso dela. Janelas grandes, não tão imensas quanto aqueles olhos. Era fato que eu me encontrava feliz demais, e isso me causava uma feliz sensação de lar.
— Em dois dias eu tenho um show em Nova Orleans. — Afirmei deixando um carinho na cintura desnuda da ruiva. — Vai rolar um festival cultural e nos fomos os convidados desse ano — Disse meio sem jeito.
— Você voltou por causa disso? — Caroline já tentava levar a conversa para outro sentido.
— Não, não quero que pense assim. — Disse a ela. — Eu voltei por você. — Sorri tentando acalmar o coração da mais velha. — E por isso vou levar você comigo.
— Você quer que eu vá com você para Nova Orleans? — Carol questionou sorridente. — Você quer que eu viaje com você?
— Carol, a gente pode recomeçar sabe, eu posso recomeçar. — Sorri. — Eu estou vivendo minha vida de uma forma justa, e tudo que eu mais quero e retribuir tudo que fez por mim.— Você sabe que eu jamais vou cobrar de você de algo que fiz por sentimento. — Ela disse acariciando minha bochecha. — Só não ache que desejo que você tente retribuir as minhas escolhas. — Ela sela nossos lábios rapidamente. — Eu fiz porque eu gosto de você, e você faz porque gosta de mim também.
Ficamos em silêncio por algum tempo enquanto a minha mão estava nos cabelos ruivos o acariciando devagar e causando um leve sossego a ela. Eu sabia que ela gostava desse tipo de contato e adorava qualquer tipo de demonstração de afeto, diferente de mim.
Foi então que eu encontrei Caroline Biazin, o ser mais brilhante e cheio de vida que eu conheci em toda a minha existência, se me perguntassem a definição para a pessoa que ela é, eu diria facilmente amor. Não que eu saiba muito sobre isso, mas ela se parece com todo o clichê de filmes românticos e as melosidades que falam por aí.Eu tenho certeza que se ela não fosse uma princesa encantada, estaria constantemente tentando roubar o papel principal.
Ela tem um estilo diferente do que eu estava acostumada, eu definitivamente aprendi muitas coisas com Caroline, me senti confortável com demonstração de carinho.
Não me levem a mal por gostar de beijos e sexo, e achar que carinho excessivo sufoca. Mas até agora eu não entendo por que me apaixonei pelo amor de pessoa que é Caroline Biazin.— Baby, você vai comigo, não é?! — eu questionei baixo - não precisávamos falar alto por conta da nossa proximidade, enquanto enrolava meus dedos no seu cabelo.
— Eu já disse para não me chamar assim, mas estou quase tendo a certeza que você não tem uma parte do seu cérebro. — Eu sorri e revirei os olhos como faço regularmente nem me importando mais com o tanto de vezes que Carol disse que eles vão rolar para dentro da minha cabeça.
— Eu gosto de te chamar assim e sempre esqueço que você não gosta. — Eu me expliquei e continuei a falar quando percebi que eu ela abriria a boca — Eu quero te levar para conhecer a cidade do sussurro.
— Cidade do sussurro? — Carol sorriu sem entender. — Qual o sentido desse paradigma?
— Chamam Nova Orleans de cidade do sussurro porque é uma cidade cheia de fantasmas e casas antigas, ruas que cheiram antiguidade e árvores que sussurram segredos a cada esquina. — Disse como se fosse óbvio. — a cidade tem um som natural do Jazz, e dizem que é o que é preciso para todos se movimentarem, incluindo os mortos.
— Que medonho. — A ruiva afirma.
— Dizem que quando os mortos se levantam, eles sussurram no meio das pessoas coisas ruins que elas já fizeram no passado, e isso causa arrependimento repentino dentro delas.
— Se arrependimento matasse... — Caroline soltou na conversa, me fazendo gargalhar.
-- Me diga ruiva, qual a resposta da minha proposta? -- Perguntei sorridente mas ao mesmo tempo receosa por ela não querer aceitar.
-- Eu irei com você Dayane, mas se prepare porque eu vou dar bastante trabalho. -- Carol afirmou sorridente. -- além do mais eu não quero mulheres dando encima de você.
-- Como se eu fosse a mulher mais bonita do mundo? porque desse jeito que você falou, até eu achei isso. -- Falei divertida fazendo a ruiva soltar um risinho bobo.
-- Acredite Dayane, esse seu jeito seduz qualquer pessoa, e não quero dividir o que é meu.
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Ironia do Destino
RomanceDepois de uma grande tragédia, talvez Day nunca mais seria a mesma...Ela havia mudado, todos sabiam desse fato, a garota simplesmente não podia fechar os olhos para os erros do passado, que estremeciam seu cotidiano. Depois de perder sua família, o...