Um pedido

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Dayane era uma das poucas pessoas que me fazia sorrir abertamente, mesmo que esse meu gesto fosse discreto demais para que ela percebesse. O modo como ela cantarolava as palavras alegremente e como se comportava, sempre entusiasmada. Ela chegava até a se contagiar com o próprio espírito. Peguei minhas coisas no quarto de Taylor e caminhava tranquilamente atrás da morena, porém a mesma se apressava para chegar ao quarto.

— Calma Lima, o mundo não vai acabar em minutos! — Afirmei sorridente ao ver sua pressa, em seguida ela relaxou as feições e aumentou o ritmo da caminhada, fiz o mesmo para acompanhá-la, achando divertido toda aquela empolgação. Eu tinha ciência de que depois de hoje as coisas poderiam voltar a ser como antes, essa era uma das melhores sensações que já experimente.

— Você também está com pressa. — Day disse entrando ao elevador. — E se eu não te conhecesse tão bem, até poderia dizer que é cisma minha! Mas sei que ter pressa é a sua forma de dizer que estava com saudades. — Brincou, alargando levemente o sorriso. Aquilo era algo fora do habitual e deveria servir como resposta para o questionamento alheio, pois eu não era de expressar os meus sentimentos daquela forma.

— Talvez! — Dei de ombros, pois estava acostumada com aquela realidade sarcástica de sempre. Engoli em seco ao sentir a presença da morena naquele elevador tão pequeno, logo me forcei a relaxar novamente e esta não foi uma tarefa fácil. Logo que para Day que estava em minha frente, tudo parecia incrível. Ela estava sorrindo mais do que o normal para mim, isso me deixava o meu coração mole.

— Por favor, fale qualquer coisa, eu estou com saudades do som da tua voz. — Assim que admitiu aquilo em voz alta, desviou o olhar se dando conta do quão melosa deveria ter soado aquela frase. apesar de ser a mais pura verdade.

Dayane sabia que, naquela situação, era a única pessoa que poderia me entender. Mesmo com todas as minhas razões para resistir a essa conversa, e aprendendo como jamais antes, de forma tão real e não ilusória, eu encarei o meu medo, saí da nossa escuridão. E meses depois a surpresa era eu de vê-la voltar, ter ido me buscar, pensei comigo... Analiso ao mesmo tempo em minha memória ela indo contra o nosso caos, em duas linhas, confesso... era impossível não ser.

Dayane colocou minhas coisas no quarto e separou algumas roupas limpas em sua pequena mochila, decidiu entrar para o banho, trombando no pequeno mezanino a caminho do banheiro, eu só pude sorrir com o quão desastrada ela ainda poderia ser. Após alguns longos minutos escuto a porta do banheiro sendo aberta, vejo Dayane de saindo de cabelo molhado e uma toalha enrolada em sua cintura com um conjunto branco de roupas íntimas da Calvin Klein.

Eu com toda certeza estava observando a mulher mais linda do mundo em minha frente. O tempo passou e o efeito dele parecia ter feito muito bem a ela, estava mais despojada e seu corpo estava mais definido com várias tatuagens espalhadas por ele. Definitivamente ela conseguiu ficar ainda mais linda

— Como eu amo o seu cheiro. - A minha voz ressona um pouco rouca, acompanhada por um tom mais baixo, ela me deu um sorriso e logo mordeu os lábios me fazendo arrepiar no mesmo instante.

— Amo o jeito que você se entrega a mim com um simples gesto... — Disse me encarando, me fazendo sorrir novamente. Ela me conhecia muito bem!

Ela estava prestes a puxar a toalha então eu decidi ir para a varanda do quarto, eu não estava preparada para ver o corpo de Dayane tão perto novamente sem fazer nenhuma besteira, aliás, precisávamos conversar e eu não queria apressar as coisas.

O sol, começava a se deslumbrar, por no máximo mais alguns minutos. Ele estava quase desaparecendo entre a linha do horizonte, e eu precisava pensar em como começar uma conversa com a morena, sem a magoar novamente. Encarei meu celular por alguns minutos, antes de guardá-lo no bolso de minha calça Jeans escura. Escutei Dayane se aproximar e virei meu rosto na direção do seus de passos rápidos. — Desculpa por te desvencilhar dos seus pensamentos, mas eu pensei em pedir um jantar e uma garrafa de vinho, assim poderemos conversar com mais calma e resolver toda essa questão. — Ela suspirou duvidosa.

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