Meu sonho

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Eu podia sentir o suor escorrer, o mesmo sonho acontecendo depois de meses, a mesma sensação incrível. Respiração ofegante, minutos antes de adentrar ao placo em um único momento de mais um show. Por que quando nossos sonhos se tornam realidade? O que acontece depois de realizá-los?

Ouvia milhares de gritos dos fãs, as primeiras batidas da música que havia escrito há um anos atrás, parei de pensar e comecei a sentir. Adentrei o placo e vi toda a multidão ir a loucura com as melodias das músicas. Quando terminei a primeira e ouvi os gritos e aplausos, parecia tudo no seu lugar no meu mundo. E talvez no mundo daquelas pessoas ali me assistindo tudo estaria incrível também. Olhei para o lado e vi os integrantes da banda, sorri como nunca e eles sorriam de volta para mim.

De tudo que existia no meu universo, aquela sensação era minha favorita. Eu amava compartilhar aqueles momentos com meus amigos, criar memórias, sentir que estávamos conectados. A música me proporcionava muitas coisas e a únicos entre a minha equipe era incrível. No palco, eu estava em harmonia com o mundo, em um só ritmo e era totalmente mágico. Cada nota se encaixava, minha voz completava o coração dos meus fãs e vivenciar esses momentos me deixavam em paz com a sorte.

A nossa banda, formada no ano passado foi reconhecida muito rápido, em um ano estávamos fazendo muito sucesso em uma turnê mundial. Eu crescia e evoluía cada vez mais, aos olhos do mundo, com câmeras e memórias registrando cada passo. Isso de fato trouxe quase tudo pra mim e viver o dia de hoje sabendo que amanhã serei uma pessoa melhor era a melhor sensação que poderia presenciar.

Assim que terminamos o show eu parei para falar e dar autógrafo a alguns fãs, abraçá-los e sentir a admiração deles por mim era o que mantinha minha felicidade no topo da minha lista de melhores momentos. Eu realmente estava vivendo um sonho.

— Day, como você está se sentindo após sua ex namorada reatar com Taylor? Eu fiquei sabendo através de uma matéria no Hugogloss. — Uma fã me questiona após receber o meu autógrafo. — Você já superou esse término? Ou pretende ir atrás dela?

Eu senti uma pontada em meu coração, era como se me cortassem e depois quisessem cuidado do meu ferimento. Mas eu não iria discutir por isso, a garota que me perguntou era a minha fã e eu entendia a sua preocupação sobre essa questão.

— Eu não sei o que dizer sobre isso! Caroline é muito importante para mim e jamais ficaria magoada por sua felicidade. — Afirmei ressentida. — Os finais podem mentir e talvez o final feliz que ela pretende passar com Taylor seja comigo! — Disse sarcástica.

Após a conversa com os fas, eu e meus amigos decidimos ir comemorar o sucesso do show! O som do estalo dos copinhos de vidro ao se chocarem uns contra os outros no pub mais agitado nos arredores de Amsterdã era ouvido com frequência no ambiente pouco iluminado mas convidativo, principalmente pelos funcionários, em especial à barwoman, a pessoa responsável por dar início a animação dos clientes quando chegavam no local à procura de diversão. Pam, a barwoman serviu cinco shots ao nosso grupo de amigos, que todo final de show se reunia em bares para beber e se divertir quando trabalhavam juntos.

— A nós. — Victor disse animado levantando a dose de tequila ao alto esperando ser acompanhado pelos demais que bebiam naquela mesa. — Que possamos ter mais memórias em Tóquio!

— Que lá tenha muitos bares para comemoração. — a tiração de sarro veio de Rafaella, que assim como os outros riram da atitude inesperada da mesma, para só depois levarem a bebida a boca e sentir o líquido descer queimando pela garganta.

— Eu já até me acostumei sabiam? — falei sorridente. — Estamos a quase um ano longe de casa e eu não poderia passar os melhores dias da minha vida se não fosse vocês, obrigado amigos. — Afirmei emocionada vendo eles sorrirem junto comigo.

— Nos somos os melhores, minha amiga. Porque se fossem outros em nossos lugares, teriam lhe matado em alguns dias.. - Victor fez uma careta fechando um dos olhos, levantando um pouco o nariz e consequentemente fazendo um biquinho engraçado, além de balançar a cabeça de forma negativa, indicando claramente que desistiria de mim. — Você é muito implicante as vezes... — Ele afirmou sorridente fazendo o resto do grupo concordar com a cabeça. — Mas é muito inteligente e está nos deixando ricos, então está tudo bem.

— Vocês não valem nada! - Disse jogando de leve um papel no rosto do Vitão, o homem esboçou um riso divertido, levando os outros também às risadas.

Todos nós tínhamos a atenção voltada a mesa em uma conversa muito interessante. Éramos fãs de carteirinha de pubs, ja havíamos passado por vários, frequentemente estávamos bebendo por aí. Até colocamos um apelido ao grupo, "grupo fantasma". Pois toda as vezes iríamos em um mesmo lugar, nos sumíamos e nunca mais voltávamos a frequentar um mesmo lugar. Sempre estávamos entre um país e outro e nunca dávamos satisfações as pessoas que ali encontrávamos. Simplesmente desaparecíamos.

Jogando conversa fora eu pude perceber que uma morena dos olhos azuis olhava demais para o meu amigo ao lado. Victor também estava flertando a distância e isso estava me divertindo, porque sempre que jogavam charme para ele sempre retribuía, além das danças provocantes destinadas especialmente para moreno deixava claro o que e quem as moças queriam. Todas as chances em que via oportunidade de usar seu charme a distância, ele usava. Seja com um sorriso, uma passada de língua entre os lábios, ou então um olhar mais intenso, repleto de segundas intenções, o qual por muitas vezes foi o encarregado de arrancar um riso sexy de moças enigmáticas, deixando moreno animado, mesmo sem ter trocado uma única palavra com a garota durante todo esse período.

- Vai falar com ela! Está esperando o quê? — Com um empurrão bem dado nas costas de Victor, eu o trouxe para a realidade, assustando-o com a atitude imprevisível quando eu percebi que meu amigo estava em seu próprio mundinho obsceno, encarrando sem dó nem piedade a mulher pela qual estava vidrado desde que botava os pés no bar.

— Falar com quem? — Ele questionou, perdido.

— Para de ser frouxo, Victor! — Disse após prestar atenção nos detalhes.

— Primeiro: Eu não sou frouxo! Fez aspas com os dedos. — Segundo: frouxo? Quantos anos você tem? Quatro?

— Prefere covarde? Bunda mole? Amarelão? - Eu rebati à ironia, tirando bons risos do grupo, até mesmo de Victor, que revirou os olhos ao escutar os outros adjetivos que, querendo ou não, descreviam-no.

— Tá, tá, que seja. Eu sou um bunda mole. - o moreno admitiu entre risadas de decepção ao sentar-se de volta no banco que ele estava, tirando os olhos da menina na pista por um momento.

— Do que estão falando? — Rafaella perguntou desentendida. — O Victor não foi atrás da mulher até agora? Eles estão se olhando tem mais de uma hora.

— Até a Kalimann percebeu! — Afirmei irônica! — Deixa de coragem e vá conversar com a mulher. — disse empurrando ele novamente da mesa. — So não se apega porque amanhã iremos para o Japão! — Afirmei sorridente e ele sorriu de volta divertido. De fato estávamos vivendo a melhor época de nossas vida.

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