Medo

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Eu queria te pedir pra tentar outra vez, mas pensando bem, eu não posso te pedir isso só porque eu sinto sua falta e ainda te amo. Você escolheu ir embora e tem todo o direito de fazer essa escolha. Então eu vou caminhando pra longe só pra ver se consigo te esquecer e ir embora de vez.

POV CAROLINE

-- Não posso Victor, eu não posso simplesmente largar a delegacia, o meu trabalho, para ir ver uma pessoa que me odeia. -- Afirmei para o moreno do outro lado da linha. Ele insistia que eu fosse ver Dayane hoje, era seu aniversario e ele ainda tinha esperanças que iriamos voltar a ser o que éramos antes.

-- Não desista só por causa de uma carta que ela lhe enviou! -- O moreno tentava justificar.

-- Ela me pediu para seguir minha vida sem ela, deixou bem claro que não me queria mais. -- sorri sarcástica. -- E você ainda quer que eu insista em algo que não vai dar certo? você só pode estar de brincadeira com minha cara. -- Disse cabisbaixa. -- Mas talvez eu possa mandar uma mensagem! -

-- E por que você não faz isso pessoalmente?! É importante pra ela que você vá! – Ele dizia claramente chateado, mas ainda insistindo

- Eu estou no meio de uma investigação. -- Afirmei para ele. -- Eu não posso sair daqui hoje, sem contar que é o meu plantão. – respondi irritada. -- Eu não podia ir, eu não queria ir e ele teria que entender isso. – Me desculpa, mas eu não vou. – o ouço suspirar.

-- Só não desista disso Caroline! -- Victor foi claro. -- Day é bastante orgulhosa mas jamais deixaria de ser feliz por isso, então não desista de vocês... Por favor. -- Ele suplica.

-- Tudo bem, outra hora conversamos.Finalizei a ligação e voltei para minha sala. Eu tinha muitas coisas para fazer, e não tinha tempo para pensar sobre esse problema.

Durante o dia todo eu escutava policiais trabalhando, celulares tocando, e o barulho infernal dos teclados e das sirenes. Nas últimas semanas a delegacia de Nova York estava uma loucura, era raro ver alguém descansando, ninguém parava nem para tomar uma água, e estávamos prestes a conseguir mais um caso importante. E eu como uma boa detetive estava mais do que determinada a prender e abrir o inquérito sobre o novo assassino que estava a solta. Era plantões atrás de plantões, eu não conseguiria descansar até alcançar meu objetivo.

POV DAY

Desliguei o celular mais do que chateada ao ver que não era Caroline me telefonando. Não era a primeira vez que eu me decepcionava com isso, eu teria que ir a a um compromisso que deveria ser meu e dela. Depois do ocorrido, depois que eu me despedi eu não a vi mais, não falei com ela, não fazíamos mais nada juntas. Eu de fato senti na pele nos últimos tempos como era ser solteira novamente. Tudo que eu fazia ou escolhia era sem ela. E era impossível evitar uma chateação enorme. Terminei de me vestir, peguei minha carteira e minha jaqueta que tinha comprado recentemente e me dirigi para onde estava acontecendo a minha festa. 

- Feliz aniversário! – disse Rafaella assim que ela abriu a porta. -- Fico feliz que possa comemorar seu aniversario com os amigos. -- Ela afirmou e me deixou um abraço carinhoso.

A festa acontecia em seu apartamento, alguns amigos e algumas bebidas para animar a minha noite que estava sendo idênticas a todas as outras. Eu ainda tinha uma pontada de felicidade dentro do peito porque eu sabia que os que estavam ali se importavam de verdade comigo, e isso me deixava mais alegre, pois com eles que eu iria passar todos os dias durante alguns bons anos. Eu e Rafaella? Não, claro que não! éramos boas amigas e eu gostava disso, ela entendia todo o meu sentimento e me apoiava em qualquer decisão. Era especial para mim, e para ela estava sendo a amizade que sempre sonhamos em ter.

- Day, você chegou! – Luiza, namorada de Patrick e guitarrista da banda, veio me cumprimentar. – Que saudades de você! – ela me abraçou apertado e eu retribui sorridente.

- Você está sozinha? Caroline não veio? – Victor perguntou olhando para fora. - O importante é que você veio, e que a noite vai ser ótima! – Rafaella disse tentando amenizar assim que notou o quão chateada eu estava. – Vem, vamos curtir!

A noite com os meus amigos estava ótima; mas a minha cabeça estava a mil. Eu estava chateada, triste, e desapontada. Eu olhava todos a minha volta estavam felizes, e acompanhados. Já eu, mais uma vez, estava sozinha. Olhei o anel dourado largo e brilhante no dedo anelar de esquerdo de Rafaella e suspirei. Realmente, não era isso que eu planejei. Era para ela estar aqui comigo!

- Você tem certeza que não quer que leve você, Dayane? Já está tarde. –Patrick insistiu mais uma vez. -- O Victor foi embora mais cedo mas eu levo você até o apartamento de vocês.

- Não precisa! – sorri para ele. – Eu estou de carro; estacionei aqui na rua do lado. – ele assentiu e sorriu.

- Avisa quando chegar em casa. – assenti e o abracei.

Eu vesti minha jaqueta e sai dali em passos rápidos me dirigi até o carro, estremeci um pouco ao andar lá fora até o veiculo, o frio essa noite estava congelante. Antes que eu pudesse colocar a mão na maçaneta do carro, senti meu corpo ser puxado para trás com brutalidade, e um braço prender meu pescoço com força. No susto, eu tentei soltar um grito; mas logo minha boca foi abafada quando ele segurou minha boca com uma de suas mãos .- É melhor você ficar quietinha, se quiser continuar viva. – o homem falou perto do meu ouvido, e foi nesse momento que eu senti um cano fino encostar na minha lombar. A minha adrenalina subiu e eu senti uma vontade imensa de revidar e fazer alguma coisa, mas eu estava imobilizada e o meu medo ainda estava presente por ali. O outro comparsa dele puxou minha jaqueta com força e começou a vasculhar o que tinha dentro dela e do meu carro, enquanto o outro ainda me segurava com força. Pavor era pouco para o que eu estava sentindo. Eu pedia baixinho para que nada acontecesse comigo, até que o barulho de uma sirene baixinha chegou aos nossos ouvidos e os dois se desesperaram.

-Sujou! Sujou! – um deles disse apavorado. – Vamos sair daqui! - Ele afirmou pegando tudo que podia dentro do carro. - Mas e a garota? Ou fazemos alguma coisa, ou ela vai entregar a gente.

- Deixa ela aí, já pegamos o que nos interessava, vamos dar o fora logo, ou vamos no encrencar.

Eu sentia um nó preso na minha garganta, meus olhos encaravam os dois ladroes e eu sentia meu coração bater descompassado, o desespero tomava conta de mim, e eu pedia que aquilo fosse apenas um pesadelo. - Vamos logo! – O primeiro puxou a arma que estava me segurando de um jeito desajeitado. Eu escutei o gatilho da arma ser acionado aquele barulho estrondoso próximo aos meus ouvidos. Um baque forte me empurrou pra trás, e senti meu ombro e meu peito doer e arder absurdamente.

Tudo que consegui escutar foi um xingando o outro, e passos rápidos se afastar de mim. Tudo a minha volta começou a rodar com mais intensidade e eu enxergava tudo embaçado. A última coisa que consegui escutar foi um carro parando ao meu lado, antes de um teto preto tomar conta da minha visão e eu perder a consciência.

Ironia do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora