Fugitivas

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POV CAROL BIAZIN

Haviam exatas uma semana desde que Dayane havia anunciado para o mundo sobre seu projeto musical. Dez músicas de sua autoria, narrando numa trilogia visual das suas primeiras experiências românticas na cidade de Nova York. Naquela noite, havia sido programada a estreia das músicas que o Taylor havia prometido. Ele havia trabalhado naquilo a quase um quatro meses atrás, agora havia lançado ao mundo e mal podia respirar direito após isso.

Estavamos em Paris, para um evento ocorrido no fim de semana, ele precisou acompanhar o lançamento, pois estava concorrendo a uma premiação. Primeiro havia feito uma live, com perguntas e respostas aos fãs e detalhes sobre a produção das músicas. Depois algumas entrevistas via internet e um pequeno Coquetel de celebração, fomos a premiação.

Agora era madrugada do dia pós lançamento e ele ainda não conseguia dormir. Já era tarde em Paris e toda a cidade parecia adormecida, inclusive o homem ao meu lado na cama. Após todo o meu problema e a perda do meu distintivo, poderia considerar Taylor um amigo de trabalho, já que recentemente comecei a trabalhar com ele para não ser uma desempregada. Na maioria das vezes fomos flagrados sendo mais que amigos em alguns lugares públicos, mas isso não significava nada, era apenas um marketing que fazíamos.

Não era fácil pra mim dormir perto dele ou de qualquer outra pessoa; eu não me sentia confortável. Havia algo de muito invasivo na forma como o homem respirava fundo pelo nariz enquanto dormia ou sempre que dormia esparramado pela cama em um sono inquieto; e ele tinha um cheiro insistente de madeira e loção pós-barba, até na cama.

Não pude deixar de me perder em pensamentos sobre como Dayane poderia ter reagido à música que eu escrevi para ela.  Já fazia meses que eu e ela estávamos sem contato algum.  Ao lembrar dela, o seu sorriso e a saudade que sentia era ainda muito fresco em minha memória; iluminou meus pensamentos como um farol e afastou ainda mais qualquer vestígio de sono pouco existente em mim. Me levantei da cama contrariada, indo beber uma água. Era um hábito que havia aprendido do meu pai — sempre na insônia, ele me dava um copo de água natural e um pouco de cafuné. Eu cresci acreditando que havia algo de muito efetivo naquilo, mesmo não tendo quaisquer comprovação científica.

No caminho de volta à cama, ouvi a porta bater e quase gritei com o susto. Havia sido inesperado demais para eu registrar. Meu primeiro pensamento foi o de que um fã havia encontrado alguma maneira de ir até ali no meio da madrugada; o segundo foi que alguma desgraça estava acontecendo e eles precisariam evacuar da Suíte Presidencial por alguma saída de emergência. Quando abri uma fresta da porta para espiar quem era, levei outro baque e escancarei a porta de madeira.

— Dayane? — os meus olhos se arregalaram e me segurei firme na porta, tentando achar um ponto de concentração concreta naquilo que parecia um devaneio perigoso. Eu já havia adormecido e agora aquilo era um tipo de sonho que parecia muito real, não era? Olhei a nos olhos. Respirei fundo. Sentiu um cheiro esquisito vindo da morena e aquilo me deu vazão a entender que estava muito acordada. Eu não estaria tão consciente sobre o cheiro de suor de Dayane se não estivesse desperta. Eu conhecia aquele cheiro, era o mesmo de quando a morena passava muito tempo sem tomar banho ou sem poder recorrer aos perfumes caros e óleos de hidratação e apenas corria acelerada em alguma direção, como fazia toda a vida. Sempre acelerada.

— Você está fedendo... e muito, o que está fazendo aqui? — Cochichei para não acordar Taylor.

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