Amizade antiga

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Nem tudo que é intenso significa que seja eterno!

A tarde de domingo parecia perfeita para qualquer pessoa naquela cidade. O sol brilhava em meio ao céu azulado e o vento ameno refrescante que entrava pela casa era incrivelmente relaxante e suave, como se fosse um presente do universo para os habitantes de daquele lugar. Apesar de gostar de como o clima estava e querer aproveitá-lo da melhor maneira, nada do que fazia era capaz de desviar meus pensamentos focados na ansiedade enorme que sentia. Eu teria dois importantes eventos em menos de um mês, primeiro estava chegando o campeonato regional de motocross e uma semana depois começaríamos a turnê nas cidades do sul do país. Hoje completava três semanas desde que eu, Victor e Rafaella nos mudamos para a fazenda até o inicio da turnê. Meu grande sonho ao me tornar uma pessoa mais velha sempre foi morar em território interior, e quando percebi que poderia tirar férias prolongadas aqui, não deixei que nada me impedisse disso. Tudo aqui estava se tornando refresco para minha mente.

— Vocês não vão mesmo? — Mesmo sem contar, eu os questionava pela quinta vez, que tentava convencer meus amigos a me acompanhar na festa do time de motocross da cidade. E perguntar incansavelmente era uma estratégia típica minha, pois ganhava a "discussão" apenas com a insistência.

Os dois já estavam enrolados em um cobertor vermelho observando o por do sol da fazenda, deitados em suas cadeiras na varanda depois de um longo dia de diversão na piscina. Era visível o cansaço que sentiam após uma semana cheia de aventuras por ali, e o que Rafa e Vitão menos queriam eram sair de casa no dia de hoje, especialmente pelo frio que fazia lá fora.

— Não estou com ânimo Lima. — Rafa falou e victor concordou logo em seguida. — Prefiro ficar aqui. - ele sorriu para mim, que fiz questão de lhe jogar uma almofada para despedir.

- Prometo voltar cedo. - disse colocando uma jaqueta em cima da roupa que vestia.

-- Mande algum sinal de vida se for demorar. -- A morena disse me encarando e eu apenas afirmei balançando a cabeça.

- Divirta-se, mas nem tanto. - o garoto riu do próprio comentário e me acompanhou até a saída da casa. -- Juízo, você acabou de concertar a moto, não vá estraga-la de novo! - gritou para que eu ouvisse, me fazendo gargalhar antes de subir e partir na moto.

A visão turva e a tontura ficaram ainda mais perceptíveis dentro de mim quando traguei meu cigarro e bebi mais gole do meu decimo copo da noite. Não eram nem meia noite e eu já me encontrava  bêbada depois de tomar meia garrafa de uísque sozinha. Porém, o estágio em que poderia estar duas horas a frente poderia ser mais critico. Mesmo depois de vários dias, eu ainda não tinha aceitado que meu relacionamento havia acabado. Meses me doando para a única mulher que eu amei de verdade, que me deu os melhores momentos da minha vida, que me ensinou a ser o melhor de mim e que hoje, não faz mais parte da minha realidade.

Ainda guardava algumas fotos nossas no meu celular, justamente para que quando a saudade batesse eu pudesse reviver os momentos bons que vivemos naquelas imagens. No entanto, hoje o sentimento foi diferente. Ver o rosto dela depois de ter ultrapassado o nível de álcool  que meu corpo podia digerir foi como me tele transportar até o dia em que ela me deixou, e ter o direito da falar tudo o que eu não disse naquele dia trágico. Ao olhar a face a qual fui apaixonada por longos meses me deixou inspirada a tentar, mesmo que fosse a última vez, trazê-la de volta para mim.

- Lima? -- Uma voz chamou minha atenção e eu olhei  moça que me chamava. -- Ai meu deus, eu não posso acreditar, o que você está fazendo aqui? Você resolveu voltar? -- Eu olhei e logo me lembrei de quem se tratava. Era Cecilia Hasting vulgo minha melhor amiga de infância, ou quase isso.

-- Oi Cecilia. -- Disse animada ao rever uma pessoa do meu passado. -- Faz quanto tempo? quatro anos? -- Questionei bebericando o meu copo.

-- Faz bastante tempo, eu nem acredito. Você está linda! -- A loira me elogiou e eu sorri e contribui o elogio. -- Como você está? Há rumores na cidade de que você abandonou o motocross pra musica.

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