Talvez, eu ja ame você!

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— Eu juro que estou me sentindo muito. Devo ter deixado várias mulheres lá fora com inveja — Gizelly brincou, mudando o foco da sua atenção para o camarim. E pensar que de fato da havia recebido uns olhares tortos ao ser puxada para dentro do recinto quase lhe dava vontade de rir. Algumas pessoas davam valor demais à qualquer sinal de exclusividade e noção de posse que alguém com poder ou aquisições poderia lhes apresentar, e para ela isso era tão claro quanto cristal. Embora não se interessasse com os motivos de serem assim, era meio difícil de ignorar, já que enxergava isso em quase todas as pessoas que passaram por sua vida

— As pessoas dão valor demais a bens matérias. — Era como se Dayane pudesse ler a mente de Gizelly, que soltou um sorriso de satisfação ao escutar as palavras da morena.

A mulher mais velha deu uma voltinha, preparou um copo de gin tônica e se sentou, olhando a cantora em silêncio só por alguns segundos. — No que tanto pensa Lima? — Questionou Gizelly ao ver a carranca de Day.

— Eu sei que vocês tem um caso! — A morena mais nova afirmou e por um segundo Gizelly quase se engasgou com a bebida que estava em sua boca.

— Olha, eu... — Gizelly tentou dizer algo mas as palavras eram vagas em sua mente, não conseguiria se explicar e sentia que não deveria mentir para a mulher em sua frente.

Gizelly tinha medo de estragar os únicos sentimentos verdadeiros que conquistou em tão pouco tempo, tinha medo de perder a amizade de Dayane, tinha medo de perder Rafaella. Talvez amar as duas garotas de formas diferentes, era um mundo incrível pra ela.

— Não precisa se explicar ok? — Dayane disse com a voz leve. — Eu só fiquei um pouco brava pela Rafaella não ter me contado, achei que a gente tinha era especial sabe. — A mais nova afirmou um pouco decepcionada.

— Isso é ciúme da Kalimann? — Gizelly apertou os olhos e disse com um pouco de sarcasmo a voz.

— Gizelly! — Dayane disse brava. — Não brinca com a sorte.

— Olha, Quando criança, eu assistia filmes clichês românticos e idealizava um homem perfeito com quem me casaria, formaria uma família e teria seu final feliz de contos de fadas. Conforme eu crescia e vivia experiências românticas frustradas, comecei a acreditar que morreria solteira, pois meu padrão se elevava cada vez mais, e por consequência ficava cada vez mais difícil encontrar seu final feliz de contos de fadas. Isso foi até conhecer Rafaella! — Conforme ia dizendo, Dayane reparava na intensidade dos olhos da mais velha. — Eu nunca me apaixonei assim Day, quando eu disse para não deixar Caroline, foi porque eu não conseguia me imaginar sem Rafaella também. Então o que você sente por Caroline, eu também sinto por Rafaella.

— Eu vivi pra ver Gizelly Bicalho e Rafaella Kalimann Juntas. — Sorriu — Eu devo estar sonhando ou vivendo em um universo paralelo onde pessoas escrevem sobre nós. — Day indagou sorridente.

Gizelly levantou ambas as sobrancelhas, inclinando o corpo para a frente. Todo seu exterior de apego e divertimento na voz escondia o dia estressante que teve, os pensamentos quase cômicos em sua repetição eterna e a vontade de escapar da realidade que lhe persegue como uma sombra. Talvez a dona da Vogue estava longe de ter uma vida perfeita, e talvez alguém que estivera ali podia cuidar muito bem disso.

— Meu álbum será lançado na semana que vem! — Day afirmou animada, talvez você possa fazer uma propaganda para mim, hum? Que tal?

— Eu sou dona de uma revista, não de um outdoor, garota! — Gizelly disse divertida.

— Dentro do camarim, Dayane jogou-se sentado no sofá enquanto esticava seu braço para catar uma cerveja no cooler que tinha ao lado. Ter se tornado tão amiga de Gizelly foi maravilhoso para todos, Day amava sentir aquela energia, e começava a aperceber que até gostava de qualquer coisa que viesse dela e dos momentos que compartilhavam nos lugares que frequentavam.

— Olha, eu não quero te chatear com nada? Mas eu precisava te contar antes que alguém fizesse isso. — Gizelly disse com uma cara nada boa. — Taylor vai lançar um novo álbum com inspiração em Caroline. — Ela disse rápido demais fazendo o coração da morena coração apertar. — E ele vai apresentar seu álbum em Paris, na semana que você irá lançar o seu. — Gizelly afirmou com a pior cara do mundo, depois de ver a feição de Day mudar.

— Eu vou matar aquele Playboy. — Dayane disse brava.

— Esse pen drive, eu recebi quando ele anunciou a revista, tem as novas músicas do álbum, então escuta e aproveita a sua inspiração para o próximo. — Ela afirmou. — Se não quiser pode jogar fora, não me importo com nada desse babaca também. Só quero que voce fique bem!

— Talvez eu esteja começando a te amar Gizelly Bicalho. — A morena sorriu divertida.

— Não me fala que... — Gizelly questionou.

— Arrume suas malas Bicalho, nos iremos produzir outro álbum, dessa vez inspirado em mim. — Ela afirmou partindo para o show que começaria em alguns minutos. — Bem vindo ao clube Bicalho!

Talvez aquele retorno de férias das duas mulheres não seriam tão entediantes assim, talvez a amizade poderia deixar tudo mais divertido.

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