Dor e saudade

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Três dias!

Três dias haviam se passado desde que ela havia saído de casa por causa do transtorno no nosso relacionamento. Eu estava isolada de toda a felicidade, a tristeza era uma das minhas melhores amigas agora. Todos os dias eu voltava para os cenários que moravam dentro dessa casa. Todos os dias eu me lembrava, me lembrava o quanto a felicidade permaneceu aqui por dez longos meses. Eu me peguei pensando em como sua chegada havia mudado minha vida para melhor, o quanto ela era diferente de tudo que eu já presenciei. Eu não tinha nome para o que eu estava sentindo, essa dúvida me corroía de dentro para fora, o que mais rodeava minha mente era pensar sobre todas as possibilidades que poderíamos ter vivido juntas.

Quando eu conheci Dayane eu não estava procurando ninguém além de mim, e talvez eu veja mais ela em mim do que o meu próprio eu. Porque ela chegou e não se importou com nada que eu possuía, não se importou com minhas cicatrizes ou com qualquer outro defeito que eu poderia ter e criar. Ela me mostrou o amor quando eu já não dava mais chances a ele.

— Oi Taylor. — Disse atendendo a porta. — Entre.

— Uou, você está acabada. — Ele afirmou olhando a minha cara de choro. — Me fale o que aconteceu com você.

— Dayane foi embora. — Disse em um sussurro. — Quer dizer, eu mandei ela embora. — Afirmei já querendo chorar novamente.

Taylor logo me deu um abraço generoso e eu me permiti chorar novamente ali. Aquele abraço nunca seria igual ao dela mas estava ajudando a me consolar. O senti meus pés afundando no chão justamente no momento em que eu precisava correr. Eu perdi a minha audição e o meu foco para todo o choro que me embalava naquele momento. — Estou aqui. — Taylor dizia tentando me consolar. Ele estava ali mas não era ele que eu queria.

E de repente a vontade que eu tive era de por pra fora todo o amor que criamos entre nós. Eu queria colocar para fora porque eu não aguentava mais lidar com o fato de não tela mais aqui, foi tudo por minha causa. Eu queria por pra fora toda a inconsistência e a metamorfose interrompida, todos os momentos que pensei que estávamos na direção certa e derrepente regredimos, não sei quantos quilômetros. Será que o nosso universo vai se acostumar com as ordens das coisas?

Foram horas tentando acalmar os nervos e todo o turbilhão que se passava aqui dentro. Foram horas para que eu pudesse ignorar a saudade e seguir com o meu trabalho. Eu precisava ajudava Taylor, eu prometi. Eu não podia falhar com ele, não como eu falhei com Dayane.

Eu estava no meio de uma investigação. Eu não podia distrair a minha cabeça com nada, eu precisava fazer o meu trabalho. – respondi irritado. Vamos logo com isso – Me desculpa, mas precisamos cumprir isso. – digo e ouço Taylor suspirar.

— Tudo bem, vamos colocar o plano em prática amanha. — Afirmei bebericando o meu café. — Iremos sair juntos para armar uma armadilha com o assassino. — Afirmei para o homem a minha frente.

— Preciso de detalhes sobre o plano. - O mesmo afirmou.

— Preste atenção! - Falei concentrada. -  Iremos sair juntos do seu show e seguiremos para a casa do meu pai em Los Angeles. — os paparazzi iram fazer o trabalho e creio que o assassino irá nos seguir até lá. Armaremos a emboscada com os policiais e prendemos ele. — Disse desanimada. - Assim que terminarmos tudo eu vou até a casa do meu pai para ficar segura e não correr nenhum risco, você ainda vai precisar dar depoimentos e etc. Nós nos encontraremos lá.

Eu esperava muito que o universo se acostumasse com a nova ordem das coisas.

No dia seguinte eu passava as informações para os policiais, eles entendiam muito bem a situação e todo o plano que tínhamos pra colocar em ação. Eu e Taylor precisávamos fazer esse flagrante e não poderia passar desse sábado. Precisávamos abrir o inquérito e colocar esse sujeito atrás das grades antes que ele pudesse matar mais alguém. Por isso eu estava pronta para encarar tudo e pegar o assassino. Era importante para a minha carreira e eu fazia questão de colocar tudo a perder só para ter uma chance de prender o assassino.

Durante o show de Taylor, eu escutava pessoal conversando, telefones tocando, e o barulho dos teclados. Nas últimas semanas a delegacia estava uma loucura, ninguém parava nem para tomar uma água, e estávamos prestes a conseguir um caso importante. Eu estava fazendo plantões atrás de plantões, mas não conseguiria descansar até alcançar meu objetivo.

O show de Taylor havia terminado e eu fui atrás dele com o meu melhor papel de atriz para nos fazermos de casal feliz. Algum tempo depois eu e Taylor estávamos saindo quando demos de cara com os paparazzi, eles não nos deixava em paz e eu sorri ao pensar e como Dayane sempre estava certa. Após meu pensamento sobre ela fixar na minha mente eu senti Taylor pegar a minha mão carinhosamente e sair andando comigo até o seu carro. Iríamos até a entrada da estrada de Los Angeles, lá seria onde todo o resto do plano aconteceria.

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa senti as mãos de Taylor me puxarem para que eu ficasse  a frente do seu corpo, e em uma fração de segundos ele me beijou apaixonadamente, tínhamos que fazer o paparazzi acreditar na nossa relação. Eu sorri falsamente para ele fazendo os outros acreditarem em nosso romance. Hoje seríamos namorados, eu rezava para que a mídia atraísse a nossa isca.

Mas no fundo eu também pedia que Dayane não soubesse disso nunca.

Que o universo me ajudasse com isso.

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