Amizade

416 64 17
                                    

Depois de passar tres dias diretos no hospital eu voltei para a casa para que descansasse. Quando eu acordei, senti uma dor de cabeça e ignorei o fato por pensar ser só cansaço junto ao frio, mesmo com o aquecedor ligado, me fazia tremer. Me  obriguei a levantar fui até o banheiro e me olhei no espelho, estava um trapo. Os meus cabelos desgrenhados, rosto pálido e olhos cansados me deixavam com uma aparência abatida. Entrei no chuveiro e a água quente aliviou a dor que sentia, meus músculos relaxaram e por alguns instantes me senti disposta. A dor voltou assim que a água deixou de correr por meu corpo. Caminhei até o meu armário e coloquei um pijama quentinho para tentar voltar a dormir, porque se eu tinha uma forma de evitar os meus problemas era dormindo, e eu dormiria até o meu coração aliviar a dor de não tê-la aqui. Falhei miseravelmente ao perceber que eu não conseguiria dormir e muito menos relaxar, minha cabeça estava se passando muitas coisas e eu não conseguia ficar quieta, a imperatividade tomava conta de mim.

-- Se você quer que eu descanse, precisa parar de me ligar. -- Atendi a ligação ansiosa e pensativa, nada poderia me ajudar? Eu só precisava de espaço.

-- Desculpa, eu te acordei?-- Carol perguntou do outro lado da ligação. -- Eu Só queria saber se tudo vai ficar bem, talvez seja melhor você se recuperar aqui no apartamento, eu peço folga e posso ficar de olho em você.

-- Caroline, são só dez dias! -- Dialoguei. -- Eu tomei um tiro no ombro, e eu juro que a cicatrização está doendo bem menos do estrago que você fez no meu coração. — Suspirei tentando achar coragem para dizer. — Não pense que está tudo bem entre nós, porque não está. -- Falei receosa. -- Você me mandou embora e me magoou por um pequeno erro, as coisas não vão voltar a ser o que eram antes. Eu tenho trabalho a fazer e preciso descansar, fique bem! 

Puta merda! Essa foi a ligação mais difícil que já fiz na vida.

Uma pequena reunião com membros da banda acabava de se finalizar em minha casa, agora só restava eu, Victor e Rafaella. Eu refletia sobre muitas coisas, e minhas pernas estavam cruzadas uma sobre a outra, meu pé, enfeitado em um chinelo branco, apoiava-se no chão em movimentos sequenciados fazendo com que minhas coxas cobertas pela calça de moletom fizessem raspassem uma na outra, enquanto que minha mente faziam recepção a ligação que eu fazia mais cedo. Era sexta e mais uma vez estávamos no nosso clube de costume para tentar nos distrair... bom, pelo menos eu tentava.

— Dayane, eu estou sentindo essa sua energia daqui garota! — Rafa resmunga pouco depois de virar um shot de Whisky de uma vez só. Meus olhos se reviram, mas não pela fala em si, e sim por ela ser verdadeira de alguma forma.

— Que energia? — Rebato um tanto quanto irritada.

Ela ri, umedece a boca e se aproxima sorrateiramente deslizando pelo estofado de couro que nos acomoda, deixando óbvio que em seguida dirá algo que provavelmente eu não irei gostar.

— Vejamos, pernas inquietas, olhar perdido buscando por certo pensamento...  — Sussurra a última parte como se fosse um segredo enorme — Só até agora, eu contei vinte vezes que você bufou como um touro de rodeio. -- Ela afirma e solta uma gargalhada.

— Não estou fazendo isso! — Digo na defensiva, deixando com que meus olhos finalmente se encontrem com os seus traiçoeiros.

— Sim, você está! — Confirma — E isso é engraçado.

— Não há nada de engraçado nisso. — Faço um sinal para que ela me sirva uma dose de whisky.

-- Seja sincera e fale a verdade, e não vou te dar bebida porque você acabou de sair do hospital.

— Como assim? — A olho sem entender. Ok, talvez eu tenha entendido, mas isso não significa que queira dizer. -- OK! eu falo. -- disse convencida. - Caroline me ligou hoje e eu rejeitei ela grossamente, acho que ela ficou chateada.

-- Mais do que ela já está é impossível! -- Vitão retrucou sarcástico e eu o encarei com um olhar matador. -- Qual é Dayane? Ela acha que você e a bonitona ai tem um caso, e nem questão de negar você fez.

-- Como? A sua ex namorada acha que você tem um caso comigo? Você nem fez questão de negar? -- Rafaella suspirou. -- Eu tenho certeza que estamos vivendo em um universo de fanfics!

Eu gargalhei antes de soltar a frase. -- Eu estou ferrada e vocês só estão piorando, mas torna minha vida mais divertida, então vamos continuar com esse apoio.

-- Caroline vai enlouquecer de ciúmes da Rafa e você vai ser culpada pela loucura dela. -- Victor afirmou me encarando. -- Acho melhor você se dar um tempo sabe? Vai realizar o seu sonho, viagens pelo mundo, diversão com os amigos, e musicas e shows em lugares incríveis. -- Victor disse sincero. -- Vai viver a sua vida e depois você volta se ainda estiver apaixonada, o tempo vai ditar o caminho de vocês.

-- Eu vou viver minha vida com vocês, depois eu volto e vejo se realmente é pra ser.

— Olha, ela pensa! — A morena disse sorrateiramente. — Qual é Lima, curte essa vidinha de solteiro primeiro.

— Você é casada, não dê opiniões onde não é chamada. — Disse jogando uma almofada nela.

— Eu era casada Dayane, não seja grossa. — Rafaella afirmou no maior cinismo possível. — Eu sei que você vai ficar feliz com essa informação, porque finalmente você vai poder ficar com a sua secretária gostosa.

— Rafaella, não brinca com fogo. — Disse recebendo uma almofadada no rosto. — E vocês dois deixam de fofoca e vamos combinar a nossa ida para a fazenda de Billy. Vocês estão comigo? — Questionei ansiosa.

— Tem como fugir? — Victor perguntou sorridente e eu lancei mais um olhar matador para ele.

— Ansiosa para conhecer a sua família, já que a ruiva não deu conta, eu dou. — A morena disse gargalhando me fazendo mostrar um dedo Pra ela. — Qual é Dayane, eu sei que você quer a minha companhia. — Ela afirmou levantando e me abraçando, enquanto eu deixava minha feição de falsa braveza aparecer.

Eu estava ansiosa para essa aventura de rodar o mundo com eles, ou melhor, com ela.

Ironia do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora