Me disseram que eu mudei,
que eu não tenho mais coração.
Não é verdade.
Eu não me tornei uma "sem coração",
só fiquei mais esperta.
Minha felicidade não vai depender de outra pessoa.
Sinto afeto por algumas pessoas
mas não vou ficar me arrastando por quem quer que seja.POV Caroline Biazin
Eu fiquei parada em frente à cela, o olhar fixo na figura que me encarava com um sorriso vitorioso e desafiador. Dayane era irritante, atrevida e cheia de si, mas eu não podia negar que havia algo ali... algo atraente e misterioso que me prendia. Ela era linda de um jeito inquietante, como um redemoinho que te puxa e, antes de perceber, você já está completamente submersa. Aqueles olhos escuros e expressivos pareciam atravessar qualquer barreira que eu colocasse, e eu sentia que ela enxergava mais do que eu queria mostrar.
Quando li a ficha dela, vi muito mais do que crimes e problemas. Vi uma pessoa que construiu muros em volta de si para sobreviver, que aprendeu a se proteger das decepções. Ela era forte, e isso transparecia em cada palavra, em cada gesto. Mas era difícil ignorar que, por trás de todo o sarcasmo e arrogância, havia uma garota que já tinha enfrentado muito mais do que a maioria suportaria. Talvez fosse por isso que, contra toda a razão, eu me pegava confiando nela.
— Decidiu ter a minha ajuda? — A voz dela me arrancou dos meus pensamentos, carregada de sarcasmo, com um sorrisinho presunçoso enquanto me observava, como se já tivesse vencido o jogo. A maneira como ela se recostava na parede, segura e desafiadora, fazia algo dentro de mim se remexer.
Suspirei, tentando disfarçar o leve nervosismo que sentia, e revirei os olhos antes de dizer:
— Eu só posso estar louca! — murmurei, destrancando a grade e abrindo o portão que nos separava.
Ela me olhou séria, seu semblante mudando por um breve segundo.
— Não, você não está — respondeu em um tom que soava quase grave. — Isso é só... um meio de conseguir o que eu quero de forma mais rápida. — Sua voz assumiu um tom prático, quase calculista, enquanto ela dava um passo para fora da cela. — É como uma troca. Permuta, sabe? — Ela deu de ombros, despreocupada. — Aprendi a fazer isso a vida inteira.
A franqueza me pegou desprevenida. Essa garota era um enigma, sempre inesperada. Vi algo diferente em seus olhos, uma espécie de determinação misturada com uma segurança que eu invejava um pouco.
— Então vai me ajudar, não é? — perguntei, tentando soar firme, mas sentindo uma ponta de incerteza. Era um impulso confiar nela, mas também parecia... arriscado.
Ela me encarou com um olhar que quase me fez perder o fôlego, um olhar firme, carregado de uma intensidade que me fazia questionar se ela podia ver através de mim.
— Eu não costumo quebrar promessas — ela disse, mantendo o contato visual. E, em seguida, abriu um sorriso que parecia genuíno, quase gentil, mas que, ainda assim, exibia aquele charme malandro que a definia.
Eu a encarei, tentando manter a compostura, mas sabia que ela percebia minha confusão, minha hesitação. Ela era irritante. Ela me tirava do sério de uma forma que eu nunca admitiria em voz alta. Mas havia algo nela... um misto de força e vulnerabilidade que era estranhamente cativante. E, por mais que eu tentasse, sabia que ela já estava me afetando, mesmo com tão pouco tempo de convivência.
Enquanto a observava, tentando manter minha postura, eu pensei comigo mesma: essa garota vai acabar me tirando do sério antes que eu possa resolver esse caso.
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Ironia do Destino
RomanceDepois de uma grande tragédia, talvez Day nunca mais seria a mesma...Ela havia mudado, todos sabiam desse fato, a garota simplesmente não podia fechar os olhos para os erros do passado, que estremeciam seu cotidiano. Depois de perder sua família, o...