Ironia do Destino

Triste para sempre?

Tenho medo de ser só isso na minha vida. Porra, eu não quero ser triste pra sempre.

— Sinto sua falta. — Day colocou uma das mechas do cabelo ruivo de Carol atrás da orelha antes de seus dedos começarem a acariciar a bochecha da ruiva .

Os dois olhares se encontrando como faziam antes, mal sabendo que Caroline estava ali para partir o coração da morena, ela estava presente para estragar tudo. O universo apostaria que os julgamentos seriam fartos assim que ela contasse a Day sobre o que estava pensando. Mas aqueles que julgam nunca entenderiam todo o caos que a vida de Caroline se tornou após aceitar amar Dayane.

— Me desculpe eu não posso, Dayane — Carol tirou à mão dela, apressando-se à vestir suas roupas e sair daquele quarto.

— Eu sou uma bela otaria mesmo.— A morena confessou para a ruiva a assim que à viu apressada a sua frente.

— Day, não é o que você está pensando. — A mais velha tentou sair sem se explicar mas a mais nova estava cansada de tanta enrolação.

— Você não pode por causa dele! — Dayane disse irônica. — Não me diga. — afirmou buscando por suas roupas que também estavam jogadas pro chão do quarto.

— Sim e não! — A ruiva disse suspirando. — Me dê um tempo para que eu possa resolver algumas questões, eu prometo que te conto tudo.

— Ah claro! Eu devo ser muito idiota para acreditar em você. — A morena bateu seu próprio punho na parede. — Eu estou muito cansada disto, dessas mentiras e dessas suas desculpas.

— Eu estou com Taylor! — A ruiva disse com muita dificuldade.

— Sério? — Lima sorriu cinicamente. — Me conte uma novidade.

— Estou verdadeiramente com ele, eu estou apaixonada. — A mais velha afirmou e corações foram destruídos no mesmo segundo.

Tudo bem, até entendemos que o nosso conceito de amor sempre muda constantemente, principalmente quando estamos apaixonados ou tentando superar algum antigo amor. Percebemos novos gostos, alguns jeitos incomuns em nós mesmos quando o nosso coração é partido e quando não é também. E quando saímos de um relacionamento, o medo cresce dentro da gente e nos fecha, impedindo que qualquer envolvimento amoroso aconteça.

Mas aí vem o principal questionamento: Como seria o amor verdadeiro? Como saberemos quando realmente estivermos amando alguém verdadeiramente? Bem, essas perguntas são traiçoeiras, visto que cada indivíduo tem uma criação e um coração diferente, porém...

Quando nos apaixonamos por alguém, por que só notamos as suas virtudes? O amor verdadeiro, segundo o filósofo Zizek, é o oposto, para ele, é reconhecer a imperfeição e aceitar a pessoa com todas as suas falhas. Não é necessário amá-las também, mas a aceitação já é um ato significativo e forte. Entretanto, podemos imaginar que, quantas pessoas vão ter que passar por várias vidas amorosas para finalmente aceitar isso? Aceitar que nem sempre o nosso verdadeiro amor vem de forma perfeita? As imperfeições são uma forma de aceitação e fortaleza. São virtudes necessárias para que os amores continuem ficando mais fortes.

Ou talvez para Dayane tudo isso não significasse nada, e ela só esteja a um coração partido mais perto de encontrar o seu "feliz para sempre"

— Me perdoe. — Caroline havia implorado por machucar a sua morena.

— Perdoar? — E naquele momento ressurgiu um resquício da velha Dayane. — perdoar por você ter fudido com tudo? A cantora já se encontrava em um tom arrogante. — Eu te amei, muito, amei mesmo até quando eu não deveria, quando meu coração gritava para eu ir embora, eu continuei te amando, e isso acabou comigo. — Cuspiu suas palavras. — Eu confiei quando você prometeu que ficaria até o fim e acima de tudo, mas você acabou com à gente. Quero dizer, enquanto eu fiz de tudo por nós duas, você usou e abusou de meus sentimentos pra destruir o que tínhamos. Aquele babaca valeu por tudo isso? Pare de agir como quem ainda no fundo se importou comigo todos esses meses, porque não é verdade. — Cada palavra à quebrava mais. — E não haja como se eu não tivesse lutado por você, por nós, eu lutei muito, por tanto tempo.

— Eu não posso te escolher, não agora! — A essa altura as duas já choravam, estavam jogando sentimentos para o alto em sinal de revolta.

— Eu desisto de você Caroline. — Aquelas palavras foram como uma facada no peito das duas mulheres ali presentes.

Após sair como um foguete do mesmo local que Caroline estava, Dayane adentrou o seu quarto e a porta de seu apartamento foi fechada e um vazio preencheu o local, situação familiar até demais para a cantora, aquela situação que sempre tentava afastar de si. Em algumas horas ela teria que pegar um avião para fazer o seu show que tanto esperava no Canadá. Teria que lidar com isso sozinha, já que estava mais que acostumada à seguir solitária, mesmo com milhares de pessoas a sua volta quase todo o tempo, sempre se sentiria só.

Talvez, pudessem existir pessoas que confortavam seu pequeno coração de garota perdida, aquela garota que ainda não sabia lidar totalmente com todas cobranças e situações que a fama lhe dava. Ter sido magoada por alguém tão importante a quebrou. Sentada ao chão, com suas pernas encolhidas, seus cotovelos apoiados nos joelhos e suas mãos cobrindo o rosto já avermelhado pelo choro, Dayane se lembrava das coisas ditas a alguns momentos atrás. "Eu desisto de você " fixou-se em seus pensamentos, deixando seu coração apertado, com a respiração presa na garganta ao lembrar que poderia ficar muito tempo sem vê-la.

Ainda que digam o contrario para a mulher morena sentada sozinha naquele quarto, no fundo ela ainda acreditava fielmente que o tempo poderia vencer aquele sentimento de tristeza. Poderia ser teimosia tentar provar o inverso, mas algumas vezes a gente acaba seguindo o famoso caminho do destino. E talvez elas acabassem se encontrando, quando na verdade as vontades seriam desaparecer pro resto do vida.