Outono

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Caroline estava sentada em uma poltrona na área da piscina do apartamento de Day, enquanto lia um dos muitos clássicos da literatura britânica que a namorada mantinha em sua pequena biblioteca particular. Seus cabelos ruivos balançavam um pouco com a brisa calma da tarde de outono em Nova York. A ruiva estavam tão entretida com Catherine, a protagonista do romance que lia, que sequer percebeu que a namorada a observava já há alguns minutos. Dayane estava sentada no sofá que dava para cobertura enquanto assistia a um filme que não era tão bom assim – ela encarava a mulher na esperança de que, de alguma forma, ela a desse um pouquinho de sua atenção. A morena tinha acabado de voltar do estúdio e iria ingressar em outra turnê, e depois de meses sem poder estar ao lado de sua namorada, tudo o que ela mais queria era estar ao lado de quem mais importava em sua vida e por isso seus olhos percorriam cada curva do corpo de Caroline, como se ela fosse uma escultura que ela não quisesse esquecer.

Com um suspiro abafado Dayane se levantou do sofá e foi até ela. Caroline não a notou de imediato, ainda muito envolvida com a história em suas mãos. A morena aproveitou a brisa gelada que envolvia seu corpo por um breve momento antes de decidir que sua namorada já tinha atingido sua cota de leitura do dia. Day parou bem atrás dela e curvou um pouco o corpo para a envolver com seus braços.

— Hey amor, o que você está fazendo? — Disse bem perto do seu ouvido e a abraçou mais apertado.

— Ei, não me assusta assim! — Reclamou mas, para o desgosto de Dayane, a ruiva continuou com o livro aberto. Ela queria toda a atenção dela. — Eu estou lendo Morro dos ventos uivantes — Caroline levantou o livro afim de mostrar a capa. Ela enterrou o rosto em seu pescoço e cobriu a pele daquela região com beijos enquanto sentia seu peito esquentar. Não tinha como Day a amar mais. O morro dos ventos uivantes é um de seus romances favoritos e ela havia recomendado que Carol lesse.

Bem no começo do relacionamento, na época, Carol tinha acabado de ler Dom Casmurro, um clássico da literatura brasileira, e Dayane sugeriu, em forma de piada, que ela lesse um clássico britânico também. A morena amava o fato de que a ruiva sempre levava o que ela dizia em consideração, mesmo sendo uma piada. Dayane podia sentir borboletas em seu estomago ao saber que a mulher que ela amava se importava tanto com ela que se dispões a ler seu livro favorito, apenas para a agradar. Os pequenos gestos de Carol nunca falhavam em a fazer um pouquinho mais feliz. — Talvez a gente possa conversar sobre ele quando eu terminar... uh? — Ela sugeriu e o coração da morena se derreteu ainda mais. Ela se perguntou como ela conseguia ter aquele tipo de efeito sobre sua mente e corpo mesmo depois de tempos juntas.

— Claro.— a mais nova respondeu e voltou a beijar seu pescoço. — Mas agora eu preciso de você... por favor... — Pediu e Carol virou um pouco a cabeça para encarar seu rosto. Seus cabelos estavam bagunçados e suas bochechas levemente coradas pelo que ela presumiu ser o frio, as pequenas sardinhas ali – as que a maioria das pessoas nunca notaram – a deixando ainda mais adorável. Ela sentiu seu próprio corpo se derretendo nos braços da namorada, sua pele esquentando com cada beijo deixado em seu pescoço e rosto.

Dayane se afastou um pouco dela apenas para pegar o livro de sua mão e deixa-lo na mesinha de vidro ao lado da poltrona em que Carol estava sentada, a morena pediu para que ela se levantasse e logo depois tomou o seu lugar a puxando para o seu colo. Day tinha a cabeça apoiada no ombro da moça quando voltou a abraça-la, um bocejo escapou de sua boca fazendo-a rir. — Cansada, baby? — Perguntou, uma mão da ruiva estava no rosto da morena – as pontas de seus dedos percorrendo por sua pele macia. Day fez que sim com a cabeça. - Um pouquinho. — Lima levantou a cabeça e Carol pode perceber seu rosto caidinho pelo cansaço.

Apesar de ter acabado de começar os preparativos para uma próxima turnê, a tour do seu último álbum, Day já estava trabalhando em seu novo projeto e nos últimos dias a maior parte de suas horas tinham sido passadas dentro de um estúdio escrevendo algumas músicas e gravando outras. — Deita um pouquinho comigo?— a morena pediu e Carol suspirou antes de responder.

— Eu preciso ir pra casa Day. — Carol afirmou e a feição de Dayane caiu instantemente.

— Não Carol! Eu protesto. Fica, por favor.

— Baby, fazem cinco dias que eu não vou até o meu apartamento. — Carol segurou o rosto do namorada com as duas mãos e a beijou delicada. — Eu tenho certeza que você já deve estar cansada de mim e querendo um tempinho só pra você. — Day tentou dizer alguma coisa mas foi interrompida por outro beijo. — Além do mais, eu já não tenho nenhuma roupa limpa aqui... e eu tenho certeza que o meu apartamento precisa de faxina urgente. — Ela a beijou mais uma vez.

— Eu nunca vou me cansar de você Caroline, eu amo ter você perto, ter você aqui.

- Ok. — Caroline a abraçou apertado. — Mas eu ainda tenho que ir até meu apartamento, ou eu vou ser obrigada a começar a usar suas roupas.

— Como se isso já não acontecesse! — A morena dormiu deixando um beijo carinhoso no rosto da ruiva.

— Eu fico, mas você faz waffles pra mim amanhã de manhã. — Carol afirmou e Day sorriu respondendo de imediato. — O que você quiser ruiva.

Ironia do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora